"Não se pode amar o país apenas quando se ganha". Biden promete transição "pacífica e ordeira" para Trump

7 nov, 17:21

O presidente dos EUA reagiu esta quinta-feira à vitória de Donald Trump

Os norte-americanos escolheram e Joe Biden aceita. Num discurso de menos de 10 minutos, o presidente dos EUA prometeu aos cidadãos uma transição de poder para Donald Trump “pacífica e ordeira”.

“Durante mais de 200 anos, a América levou a cabo a maior experiência de auto-governo na história do mundo. Isso não é uma hipérbole. É um facto. Onde as pessoas votam e escolhem os seus próprios líderes e fazem-no pacificamente. E nós estamos numa democracia. A vontade do povo prevalece sempre”, disse, depois de admitir já ter falado e felicitado Trump. “Ontem, falei com o presidente eleito Trump para o felicitar pela sua vitória e assegurei-lhe que daria instruções a toda a minha administração para trabalhar com a sua equipa a fim de assegurar uma transição pacífica e ordeira. É isso que o povo americano merece”, revelou.

Num discurso à nação de reação às eleições, que teve lugar como habitual no Jardim das Rosas, na Casa Branca, Biden reconheceu compreender que existem sentimentos contraditórios em relação aos resultados, que deram a vitória ao adversário Donald Trump, mas admitiu que é importante “aceitar a escolha que o país fez”. “Sei que para algumas pessoas este é um momento de vitória, para dizer o óbvio. Para outros, é um momento de perda. As campanhas são concursos de visões concorrentes. O país escolhe uma ou outra, nós aceitamos a escolha que o país fez”, sublinhou.

E continuou: “Não se pode amar o país apenas quando se ganha. Não se pode amar o próximo apenas quando se está de acordo. Uma coisa que penso que podemos fazer, independentemente da pessoa em quem votámos, é vermo-nos uns aos outros não como adversários, mas como compatriotas americanos”.

Tentando reconfortar uma base de eleitores derrotada, Biden tentou atenuar esse sentimento, garantindo que "o espírito americano perdura", independentemente dos resultados. “Os contratempos são inevitáveis, mas a desistência é inesquecível. Todos nós somos derrubados, mas a medida do nosso carácter, como diria o meu pai, é a rapidez com que nos levantamos”, interpelou.

Perante o sentimento de derrota, o presidente norte-americano fez questão de não deixar dúvidas quanto à fiabilidade dos resultados. Sublinhou por isso a “integridade do sistema eleitoral" do país: “É honesto, é justo e é transparente - e pode ser confiável, ganhe ou perca”, garantiu.

“Lembrem-se: uma derrota não significa que estamos derrotados. Perdemos esta batalha. A América dos vossos sonhos está a pedir-vos que se levantem”, apelou.

O discurso à nação foi também um momento de agradecer e deixar elogios a Kamala Harris, com quem já teve oportunidade de falar. “Ela fez uma campanha inspiradora e todos puderam ver algo que eu aprendi desde cedo a respeitar muito, o seu carácter. Ela tem espinha dorsal e tem um grande carácter, um verdadeiro carácter”.

Joe Biden aproveitou ainda para agradecer a quem esteve envolvido na corrida eleitoral. Estes trabalhadores, disse, “correram riscos” e “quebraram a cabeça” para cumprir “o seu dever de cidadãos”. “Devíamos agradecer-lhes, agradecer-lhes por terem organizado os locais de votação, contado os votos, protegido a própria integridade das eleições. Muitos deles são voluntários que o fazem simplesmente por amor ao seu país e, tal como eles fizeram, tal como cumpriram o seu dever como cidadãos, eu cumprirei o meu dever como presidente”, apontou.

"Muito do trabalho que fizemos já está a ser sentido pelo povo americano"

Por fim, o presidente dos EUA fez um balanço positivo da sua administração, que teve Kamala Harris como vice-presidente, garantindo que os efeitos das medidas tomadas já está a ser sentido.

“Muito do trabalho que fizemos já está a ser sentido pelo povo americano”, afirmou. Mas não é tudo: “A grande maioria não será sentida - será sentida nos próximos 10 anos", garantiu. 

Exemplo disso, disse Joe Biden, é o investimento de mais de um bilião de dólares usado para proceder a obras nas infraestruturas e que só no futuro vai fazer-se sentir e mudar a vida dos cidadãos em comunidades rurais e outras que estão em “dificuldades reais”.

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