Pessoas otimistas vivem mais tempo e de forma mais saudável

12 mar 2022, 22:00
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Estudo revela que os níveis de otimismo ou pessimismo tendem a ser estáveis ​​na vida das pessoas e que os otimistas podem ter uma vida mais livre de problemas do que os pessimistas

Ter uma visão otimista do mundo pode ajudar a ter uma vida mais longa e mais saudável, sugere um novo estudo citado pelo jornal The Guardian. De acordo com a pesquisa, o motivo é simples: há menos eventos stressantes para enfrentar. 

O estudo, publicado na Revista de Gerontologia, avança que os cientistas descobriram que enquanto os otimistas reagem e recuperam de situações de tensão da mesma maneira do que os pessimistas, como os otimistas tiveram menos eventos desses no seu dia a dia, reagem melhor. No entanto, não é claro como é feita a gestão do stress no dia a dia, mas os investigadores acreditam que estas pessoas evitam situações como conflitos e irritações corriqueiras, como discussões no trânsito ou frustração por objetos perdidos.

Estudos anteriores já tinham encontrado provas de que os otimistas vivem mais tempo e de forma mais saudável, mas os investigadores ainda não conseguiram perceber como é que ver "o copo meio cheio" pode ajudar no envelhecimento saudável.

"Dado os trabalhos anteriores que ligam o otimismo à longevidade, envelhecimento saudável e menores riscos de doenças graves, o próximo passo lógico a estudar seria se o otimismo pode proteger contra os efeitos do stress nas pessoas mais velhas”, afirmou Lewina Lee, psicóloga clínica do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos e professora assistente de psiquiatria na Universidade de Boston.

Uma investigação com mais de 30 anos

Os investigadores analisaram informações recolhidas durante o  Estudo Normativo de Envelhecimento dos Veteranos dos EUA entre 1961 e 1970 e que foram fornecidas por 233 homens, com pelo menos 21 anos de idade.

Nos anos 80 e 90, as investigações avaliaram o nível de otimismo dos homens. Entre 2002 e 2010, os mesmos homens preencheram três entradas num diário semanal, no qual registavam o humor e as situações de stress que enfrentavam.

"Descobrimos que os homens mais otimistas relatavam ter menos stresses diários, o que explicava parcialmente os seus níveis mais baixos de mau humor", afirmou Lee, acrescentando que a investigação sugeriu que "talvez os homens mais otimistas limitassem a exposição a situações de tensão ou eram menos propensos a perceber ou rotular situações como stressantes”.

Embora o estudo agora publicado se concentre em homens mais velhos, a professora afirma que espera que as descobertas também se apliquem a mulheres mais velhas.

Os investigadores revelaram ainda que os níveis de otimismo ou pessimismo tendem a ser bastante estáveis ​​na vida das pessoas. No entanto, Lewina Lee acredita que existem maneiras de promover uma perspetiva mais otimista.

“Uma maneira de ser mais otimista é desenvolver uma consciência de como reagimos internamente ou julgamos as situações. Muitas vezes, a nossa reação automática é uma avaliação negativa ou o pior cenário. Ajudava termos consciência disso e tentarmos encontrar maneira de vermos a situação", afirma.

Existência mais livre

Para além do estudo, também o professor Andrew Steptoe, da área de ciência comportamental e saúde da Universidade de Londres, diz que os otimistas podem ter uma vida mais livre de problemas (de que os pessimistas) porque entram em conflito menos vezes e não veem os incidentes diários como stress.

"Se temos uma disposição otimista, parece bastante plausível que não consideremos acontecimentos triviais como stressantes", explicou.

No entanto, o docente acrescenta que as descobertas científicas sobre este tema são difíceis de descodificar no que diz respeito ao bem-estar.

“Há provas de que mais otimismo e menos pessimismo estão ligados à redução do risco de problemas de saúde futuros. Isso pode estar relacionado ao estilo de vida – maior atividade física, melhor dieta, menos tabagismo – embora o otimismo também tenha relações biológicas, como menor inflamação sistémica, que podem proteger a saúde”.

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