É fã de café simples e chocolate negro? Está-lhe nos genes e faz bem à saúde

CNN , Sandee LaMotte
15 jan 2022, 15:00
Café. Adobe Stock

Prefere beber o café simples? Então, provavelmente, gosta de café negro e amargo, segundo uma nova investigação, que identifica uma base genética para essas preferências.

Se lhe soa familiar, então, parabéns! É o sortudo genético de um traço que lhe pode fornecer um estímulo para uma boa saúde, de acordo com a investigadora de cafeína, Marilyn Cornelis, uma professora associada de medicina preventiva, na Northwestern University Feinberg School of Medicine.

“Digo às pessoas que a minha chávena de chá faz parte da investigação”, diz Cornelis. “É um assunto escaldante”.

Porque não? Estudos mostram que quantidades moderadas de café simples, três a cinco chávenas por dia, diminuem o risco de determinadas doenças, incluindo Parkinson, doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e vários tipos de cancro.

Mas é provável que esses benefícios sejam mais evidentes se o café for bebido sem qualquer tipo de leite, açúcar ou outros sabores que gostamos de acrescentar.

“Sabemos que há cada vez mais provas que sugerem que há um impacto positivo na saúde ligado ao consumo de café. Mas, lendo nas entrelinhas, alguém que aconselhe outro a consumir café, deveria recomendar o café simples, devido à diferença entre beber este e o café com leite e açúcar”, diz Cornelis.

“Um deles, naturalmente, não tem calorias. O segundo pode adicionar centenas de calorias ao café e os benefícios de saúde podem ser bastante diferentes”, acrescenta.

Gene para o café

Em investigações anteriores, Cornelis e a sua equipa descobriram que uma variante genética pode contribuir para o motivo pelo qual alguém gosta de várias chávenas de café por dia, enquanto outros não o apreciam.

“As pessoas com o gene metabolizam a cafeína mais depressa, por isso, os efeitos estimulantes desaparecem mais rapidamente e têm de beber mais café”, diz ela.

“Isto pode explicar porque alguns indivíduos parecem bem depois de consumir muito mais café, relativamente a outros que podem ficar com tremores ou muito ansiosos”, acrescentou.

Num novo estudo publicado pelo Nature Scientific Reports, Cornelis analisou tipos mais exatos de pessoas que bebem café, separando os amantes de café simples dos amantes de natas, açúcar e outros.

“Descobrimos que os consumidores com a variante genética que reflete um metabolismo mais rápido da cafeína preferem café simples e amargo”, diz Cornelis. “Também descobrimos a mesma variante genética em pessoas que preferem chá simples, em vez do adocicado, e chocolate negro, em vez do chocolate de leite mais suave”.

Comidas amargas e o estímulo de saúde

Mas há uma reviravolta. Cornelis e a sua equipa não acreditam que a preferência tenha algo a ver com o sabor do café simples ou do chá. Pelo contrário, disse ela, as pessoas com este gene preferem café simples e chá porque associam o sabor mais amargo a um estímulo mental pelo qual anseiam e que obtêm através da cafeína.

“A nossa interpretação é que estas pessoas equiparam a amargura natural da cafeína a um efeito psicologicamente estimulante”, diz Cornelis. “Aprendem a associar a amargura da cafeína e o estímulo que sentem. Estamos a testemunhar um efeito de aprendizagem”.

O mesmo se aplica à preferência de chocolate negro em vez de chocolate de leite, adianta.

“Quando pensam em cafeína, pensam num sabor amargo, portanto, também gostam de chocolate negro”, afirma Cornelis. “É possível que estas pessoas sejam apenas mais sensíveis aos efeitos da cafeína e que também tenham esse comportamento com outras comidas amargas”.

O chocolate negro contém alguma cafeína, mas também uma grande quantidade de um composto chamado teobromina, um estimulante associado à cafeína que estimula o sistema nervoso. Mas estudos descobriram que mais nem sempre é melhor, no que toca a teobromina. Grandes doses podem aumentar o ritmo cardíaco e arruinar o humor.

O chocolate negro também tem imensas calorias, portanto, diminuir o consumo é bom para a cintura. Ainda assim, estudos mostram que até uma pequena quantidade de chocolate negro por dia pode contribuir para a saúde cardíaca e para reduzir o risco de diabetes.

Isto, provavelmente, porque o cacau tem imensos flavonoides, epicatequina e catequina, compostos antioxidantes conhecidos por aumentarem a circulação sanguínea. Outras comidas que contêm flavonoides incluem chá verde, preto e oolong, vinho tinto, couve, cebolas, uvas, fruta cítrica e soja.

Estudos futuros irão tentar testar a preferência genética por outras comidas amargas, diz Cornelis, “que, normalmente, estão ligadas a benefícios de saúde”.

“Pode mostrar que os indivíduos geneticamente predispostos a consumir mais café também são propensos a ter outros comportamentos mais saudáveis”, diz ela.

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