Cientistas conseguiram rejuvenescer 30 anos as células da pele de uma mulher

8 abr 2022, 21:00
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Descoberta vai além da capacidade de retardar o processo de envelhecimento da pele, pode mesmo abrir horizontes ao bloqueio de doenças associadas ao avançar da idade, como a diabetes, doenças cardiovasculares ou neurológicas

Um grupo de cientistas do instituto Babraham, do Reino Unido, deu mais um passo em frente na luta contra o envelhecimento e, futuramente, contra as doenças por ele provocadas, usando técnicas que deram vida à ovelha Dolly, clonada nos anos 90. 

Segundo a investigação, o processo de envelhecimento pode ser retardado em três décadas, apesar de inevitável. E a prova foi conseguida em laboratório, quando os cientistas conseguiram fazer com que as células da pele de uma mulher de 53 anos passassem a comportar-se como se tivessem 23 anos, ou seja, menos 30 anos.

A descoberta mostrou ainda que as células rejuvenescidas são melhores nos processos de cicatrização de feridas, uma vez que produzem mais colagénio - um prótido complexo que o organismo produz em menos quantidade à medida que envelhece, mas que desempenha um papel importante na firmeza e elasticidade da pele, nas cartilagens e nas articulações. 

No teste realizado, os cientistas simularam uma ferida na pele, tendo exposto as células mais velhas a uma mistura de produtos químicos que foram capazes de as reprogramar para que voltassem a ser mais jovens, comportando-se como tal, mas sem que a célula original fosse eliminada. E precisaram de apenas 13 dias para o conseguir, explicam. Até agora, e através da técnica IPS (células-tronco pluripotentes induzidas), que surgiu da otimização dos métodos usados que deram origem à ovelha Dolly, este processo levava 50 dias a acontecer.

No geral, destacam os investigadores ao site eLife, a descoberta mostrou “que é possível separar o rejuvenescimento da reprogramação completa da pluripotência”, isto é, a capacidade que uma célula tem de se dividir e produzir vários tipos de célula, excepto a placentária. O que, frisam, “deve facilitar a descoberta de novos genes e terapias antienvelhecimento”. 

“Os nossos resultados representam um grande passo à frente na nossa compreensão da reprogramação celular”, afirmou Diljeet Gill, do Instituto Babraham e um dos envolvidos neste estudo.

Para os cientistas, esta descoberta vai além da capacidade de retardar o processo de envelhecimento da pele, pode mesmo abrir horizontes ao bloqueio de doenças associadas ao avançar da idade (como a diabetes, doenças cardiovasculares ou neurológicas) e à regeneração de outros tecidos do corpo, melhorando a qualidade de vida e saúde das pessoas à medida que os anos vão passando. Apesar de promissora, esta descoberta não pode, para já, saltar para a prática clínica, uma vez que o risco de desenvolvimento de cancro é ainda elevado.

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