Insetos estão a desaparecer em várias regiões do mundo e há alimentos que podem acabar

21 abr 2022, 00:03
Agricultura intensiva e temperaturas elevadas ameaçam insetos

Um novo estudo identificou pela primeira vez uma clara ligação entre a crise climática e o desaparecimento de insetos. As conclusões preocupam os investigadores, dado o importante papel dos insetos nos ecossistemas e na produção de alimentos

Os insetos desempenham papéis cruciais nos ecossistemas, mas estão a desaparecer a um ritmo alarmante em várias regiões do mundo. E há dois fatores que contribuem decisivamente para este cenário: a agricultura intensiva e as temperaturas elevadas. A conclusão consta num novo estudo publicado esta quarta-feira na revista Nature.

Esta nova investigação identificou pela primeira vez uma clara ligação entre a crise climática e o desaparecimento de insetos, destacando que, em várias regiões, o número de insetos já foi reduzido para metade e a variedade de espécie diminuiu em 27%. São efeitos que preocupam os investigadores, dado o papel fundamental dos insetos nos ecossistemas e na produção de alimentos.  

"Três quartos das nossas plantações dependem de insetos polinizadores. As plantações vão começar a diminuir e não teremos alimentos como morangos”, afirmou o professor de Biologia Dave Goulson, da Universidade de Sussex, à CNN Internacional.

Os investigadores analisaram dados de cerca de 6.000 lugares, recolhidos ao longo de 20 anos, e envolvendo espécies tão diferentes como borboletas, mariposas, libélulas, gafanhotos e abelhas.

Não é possível saber quando se chegará a um ponto de “não retorno”, mas os cientistas não têm dúvidas de que as perdas que já estão a acontecer dificilmente poderão ser compensadas e que o resultado será uma “catástrofe”.

"Há muitas consequências que desconhecemos porque há muitos tipos de insetos diferentes, que fazem coisas muito importantes. E não temos consciência do quanto dependemos deles para certas situações”, frisou Charlotte Outhwaite, uma das autoras do estudo, à CNN Internacional.

O estudo revela ainda que número de insetos só diminuiu 7% nas regiões onde a agricultura intensiva não é uma prática tão comum e onde o impacto do aquecimento global é menor.

Para Charlotte Outhwaite, os governos têm o dever de reconhecer os efeitos do comércio e da produção de alimentos, não importando produtos de países onde há uma grande desflorestação.

Por outro lado, cada cidadão, individualmente, pode também adotar comportamentos que combatam esta crise, plantando mais espécies nativas e flores selvagens e reduzindo os pesticidas usados em jardins. 

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