Saiu da zona de conforto, caiu no meio da revolução WhatsApp

14 nov 2019, 09:06
Carlos Lomba

Carlos Lomba cansou-se da falta de perspetivas no Campeonato de Portugal, partiu rumo ao Líbano à procura de uma oportunidade, mas foi surpreendido pela «revolução moderna» que tomou conta das ruas de Beirute

Estórias Made In é uma rubrica do Maisfutebol que aborda o percurso de jogadores e treinadores portugueses no estrangeiro. Há um português a jogar em cada canto do mundo. Este é o espaço em que relatamos as suas vivências. Sugestões e/ou opiniões: djmarques@mediacapital.pt ou rgouveia@mediacapital.pt

Esta é a história de Carlos Lomba, um jogador que quis sair da zona de conforto para dar um salto na carreira, mas que deu por si no meio da revolução WhatsApp em Beirute. Um jogador que nasceu quase com uma bola nos pés, a primeira palavra que disse foi «golo», vingou na formação do Sp. Braga, chegou a capitão dos juniores, mas viu a carreira suspensa devido a uma lesão grave.

Tentou voltar à tona no Campeonato de Portugal, mas os anos passaram a voar e o defesa, determinado a singrar, decidiu sair da zona de conforto e arriscar tudo. Foi jogar para o Líbano, mas os pinos no relvado deram lugar a pneus a arder nas ruas. O central não desiste e continua em Beirute à espera que o futebol lhe dê uma nova oportunidade para mostrar o que vale.

Quando rumou à capital do Líbano, no dia 1 de julho deste ano, Carlos Lomba estava longe de imaginar o que iria acontecer no país. Partiu com o coração carregado de esperança e deixou uma mensagem dirigida a amigos e familiares no Facebook, mas pouco mais de dois meses depois, apenas com três jogos realizados, o povo saiu à rua e o campeonato foi suspenso.

Mas vamos recuar 27 anos, para perceber melhor o contexto desta aventura de Carlos Lomba, nascido a 22 de maio de 1992, em Braga. Assim que começou a andar, o pequeno Carlos já tinha uma bola nos pés. «As primeiras memórias que tenho são mesmo de muito pequenino, de começar a dar toques com o meu pai, mal comecei a andar. Segundo a minha mãe, a primeira palavra que disse foi golo. Cresci a jogar na rua, era o que mais me dava prazer. As novas gerações já não são tanto assim, mas as nossas brincadeiras passavam por pedir à mãe para ir lá para fora jogar futebol, não era ficar em casa na PlayStation».

A obsessão pela bola era tal que a mãe resolveu fazer-lhe uma surpresa no dia do sétimo aniversário. «Disse-me, olha vamos ali. E levou-me à Escola Profissional Fernando Pires. Tenho isso bem presente na memória. Era o dia de apresentação dos novos miúdos. Estava o Fernando Pires a distribuir camisolas quando mostrou uma com o meu nome, era o número 22, nunca mais me esqueço. Fiquei super-feliz, não percebi logo o que aquilo significava, mas depois a minha mãe explicou-me que estava inscrito na escola, ia começar a ter treinos».

A equipa da Escola Fernando Pires, de futebol de sete, acaba por ter grande sucesso e, na transição de infantis para iniciados, vence o Campeonato Distrital da categoria à frente do Sp. Braga, V. Guimarães e Gil Vicente. No final da época, os sete titulares tinham todos propostas dos dois maiores clubes do Minho: um foi para o V. Guimarães, os restantes seis rumaram ao Sp. Braga.

Aos 12 anos, Lomba estava nos iniciados do Sp. Braga. A aposta da mãe de Carlos tinha sido certeira, mas a passagem para o futebol de onze não foi fácil. «Eu nessa altura nem sequer era muito bom. Nos primeiros anos senti algumas dificuldades. Era defesa central, mas tive um atraso no crescimento, entre aspas. Não cresci muito, era meio rechonchudo, a atirar para o gordinho. Praticamente não jogava. Era aquele miúdo que não era convocado, ou ia para o banco, mas não jogava. Era o patinho feio da equipa. Na transição para juvenis cheguei a ser dispensado, mas no ano seguinte fui repescado».

A verdade é que Carlos estava a meio de um sonho, no clube do coração, e não permitiu que este se desvanecesse. A partir dos juvenis começou a jogar mais e nos juniores já era capitão numa equipa que contava com Afonso Figueiredo [agora no D. Aves], Erivaldo [Marítimo] e outros. «O Aníbal Capela [Cosenza/Itália], o Guilherme, que neste momento está a fazer uma temporada fantástica na Turquia [Yeni Malatyaspor], o Nuno Valente [V. Setúbal], que é um grande amigo meu».

Nesta altura, Lomba começava a acreditar numa carreira como profissional, até porque começava a treinar com a equipa principal, na altura sob o comando de Domingos Paciência. «Foi um percurso que me deixa orgulhoso, foi reflexo da minha postura, do facto de nunca ter desistido. Nos iniciados era um jogador completamente banal e terminei a formação como capitão dos sub-19 e fiz parte da geração do Braga que esteve na final da Liga Europa [2011]. Estive inscrito na Liga Europa e na Liga. Treinava todos os dias com essa geração fantástica que tinha Hugo Viana, Mossoró, Vandinho, Alan, Lima, Sílvio, todos esses nomes».

Carlos Lomba estava nas sete quintas. Num dia estava a jogar pelos juniores contra o Feirense num relvado «esburacado», no outro estava numa palestra de Domingos na preparação para um jogo com o Liverpool. Um sonho que se esfumou sem aviso prévio. «Ainda não havia equipa B, não havia sub-23, assinei um contrato semi-profissional com Sp. Braga e fui jogar para o Vilaverdense, na II Divisão B, mas em maio, mesmo no final da época, tive uma lesão grave no joelho».

O jovem defesa esteve um ano a recuperar e, quando voltou a estar pronto para jogar, o vínculo com o Braga estava a chegar ao fim. Foi neste período, em que esteve parado, que Carlos Lomba descobriu uma segunda vocação: modelo. Começou com uma brincadeira, mas a verdade é que o nosso interlocutor chegou a ser capa na revista Men’s Health.

«Não foi nada que tivesse planeado. Foi uma oportunidade que tive, na altura estava a cumprir o plano de recuperação, sem qualquer tipo de vencimento e precisava de dinheiro. Também era uma coisa que não requeria muito esforço, era engraçado tirar umas fotografias e aceitei. As coisas foram surgindo durante esse ano em que estive afastado do futebol e fui aproveitando, mas o futebol sempre foi a minha prioridade».

De volta ao futebol, Carlos Lomba procurou recuperar o tempo perdido. Recomeçou no Vianense, passou pelo Oliveira do Hospital, Pinhalnovense e Caçadores das Taipas. Os anos passavam e não havia forma de sair do Campeonato de Portugal. Os salários eram baixos e mesmo a perspetiva de chegar à II Liga não parecia muito aliciante. Foi nessa altura que Lomba, com 26 anos, decidiu «sair da zona de conforto», «mudar o chip» e emigrar. Andou a bater de porta em porta, fez um vídeo, falou com antigos companheiros e treinadores, até que surgiu a oportunidade do Líbano, no Akha-Ahly, clube sediado na cidade de Aley, a quinze quilómetros de Beirute. Abria-se um novo horizonte.

«Se aos 19 anos me dissessem que aos 26 estava a jogar no Líbano, perguntava: mas o Líbano tem futebol? Sabia onde era o Líbano no mapa, mas não sabia quase nada. Sabia que estava numa zona de conflito, estava próximo da Síria e de Israel. Quando falei com os meus amigos, todos tinham uma imagem do Líbano relacionada com guerra, mas quando procurei saber mais, percebi que não era bem assim e, quando cá cheguei, confirmei isso. O Líbano é um país que está em paz. Culturalmente é muito rico, com uma grande diversidade de religiões. Nesse capítulo são muito extremistas, cada um leva muito a peito a sua religião e os conflitos que têm havido têm a ver com isso».

De facto, o Líbano, e particularmente Beirute, é uma miscelânea com dezoito grupos religiosos, albergando quatro seitas muçulmanas [sunitas, xiitas, alauítas e drusos], doze seitas cristãs [assírios, siríacos, católicos, siríacos ortodoxos, caldeus, maronitas, católicos romanos, católicos gregos, ortodoxos gregos, ortodoxos arménios, católicos arménios, evangélicos e outras seitas cristãs menores consideradas como um grupo único], além de coptas e judeus. O país passou por uma destruidora guerra civil entre 1975 e 1990, com o choque de várias falanges religiosas e a intervenção da Síria, bem como de Israel que ocupou parte do sul do país. Beirute, conhecida como a Paris do Médio Oriente, ficou feita em cacos.

Depois dos acordos de paz, em 1990, o país voltou a prosperar, com um governo multi-religioso e Beirute foi reconstruída. Uma paz que foi interrompida com nova guerra, em 2006, entre o Hezbollah e Israel, que provocou milhares de mortos, mas desde então, nos últimos treze anos, o país tem vivido em relativa paz. «As informações que tenho recebido das pessoas de cá é que não vai haver uma guerra tão cedo».

Carlos Lomba deixou Lisboa no primeiro dia de julho. Aterrou num mundo diferente. «Quando aterrei em Beirute, estava com medo que não me deixassem entrar. As entradas nestes países são supercontroladas, estava com um bocadinho de receio que me pedissem um visto de última hora que eu não tinha, mas não houve qualquer tipo de problema. O que me chamou logo a atenção, foi o vestuário que as mulheres usam aqui, todas tapadas, vestidas de preto, só com os olhos à mostra. Era a coisa mais diferente em relação à Europa. Tive logo esse impacto no aeroporto».

Mas Beirute até é uma cidade cosmopolita e bem ocidentalizada. «Depois quando passei pelo centro da cidade, percebi que não era bem assim. Havia muitas mulheres vestidas com roupa normal na rua. A pessoa que me foi buscar ao aeroporto explicou-me que o Líbano é um país muito liberal, as mulheres têm opção de usar a burka ou não. A parte nova da cidade até me fez lembrar as imagens que temos do Dubai, uma cidade moderna, hotéis grandes, uma baía grande, com uma marina cheia de barcos. As pessoas são normais, como vimos em Portugal e na Europa».

Carlos ia com uma certa apreensão, mas mais determinado do que nunca em agarrar a oportunidade. «Sabia que ia ser difícil, ia sozinho para um país diferente, sabia que não ia encontrar portugueses. Desde que cá estou ainda não encontrei nenhum, nem sei se existe aqui algum. Não sabia bem o que ia esperar em relação ao futebol. Mas também era isso que pretendia, queria algo diferente que me fizesse sair da minha zona de conforto. Queria tentar algo maior. Sempre dei tudo de mim e sentia que em Portugal estava a ser pouco valorizado. Olhei para isto como uma nova oportunidade, um renascimento, até porque estou a jogar numa primeira divisão e os jogos são televisionados».

O Akha Ahly é um clube em crescimento que resultou da fusão de dois emblemas. «Na realidade do Líbano tem uma estrutura relativamente boa, mas em relação aos portugueses, são estruturas muito mais fracas, mas as pessoas tentam fazer as coisas da melhor forma. Num passado recente é um clube que tem tido boas prestações na liga, nos últimos três anos ficaram duas vezes em quarto lugar e foram uma vez à final da Taça. O objetivo este ano é tentar chegar aos três primeiros. Existem três equipas muito poderosas financeiramente, o nosso objetivo é tentar intrometermo-nos».

As primeiras semanas até correram bem. «Os treinos costumam ser às 13h00, o que é um pouco estranho, fez-me confusão na minha rotina, mas agora já estou habituado. Depois aqui anoitece muito cedo, às 16, 17 horas já está de noite. Depois almoço, vou até casa, ao final do dia faço ginásio e, quando posso, vou a Beirute dar uma volta». Um dos primeiros obstáculos foi a língua. «Do árabe não apanho nada, já sei algumas palavras, mas quando os meus colegas estão a conversar, passa-me tudo ao lado, porque é mesmo difícil. Falamos inglês, o treinador tem um pouco de dificuldades com o inglês, mas há jogadores que falam bem e ajudam a traduzir. Tenho aqui um brasileiro [Carlos Alberto] que não fala nada de inglês, sou eu que sirvo de ponte. O treinador fala em árabe, os jogadores traduzem-me para inglês e eu traduzo para português para ele».

Nesta altura, Carlos já estava bem instalado e já tinha experimentado a variada gastronomia libanesa. «Inicialmente estava num hotel, mas depois mudei-me para um apartamento, uma casa antiga, mas boa, estou bem instalado. Depois tenho o carro e posso ir a Beirute quando quero. Tive uma agradável surpresa porque aqui a comida é muito boa. É muito semelhante à comida portuguesa, mas aqui não comem porco. Também era uma carne que eu já não comia há bastante tempo. Comem muito pouca carne vermelha, a ementa deles é muito à base de frango. Existem todas as formas de cozinhar frango. Também comem muitas saladas, têm uma infinidade de diferentes saladas», conta.

É costume dizer-se que o futebol é igual em todo o planeta, mas no Líbano Carlos encontrou algumas singularidades. «É tudo muito diferente. Quando cheguei o que mais me chocou foi o facto dos jogadores libaneses não usarem o balneário. Em Portugal temos uma cultura forte de balneário. O jogador português gosta de chegar cedo ao balneário, estar com os companheiros, equipar, ouvir música, contar umas piadas. Aqui, quando cheguei, eles chegavam já equipados e iam diretamente do carro para o campo de treino sem passar pelo balneário. Isso fez-me uma confusão tremenda. No final do treino, a mesma coisa, iam para o carro e tomavam banho em casa».

Houve mais um detalhe que surpreendeu Lomba que fez questão de o registar, em vídeo, com o telemóvel. «À vinda de um jogo fora, o autocarro do clube parou no meio da autoestrada, os jogadores saíram e foram todos rezar para o meio da autoestrada. Eu achei estranho e filmei os carros a passar e eles deitados no chão. Uma imagem que também me ficou marcada [confira no vídeo abaixo]».

No último mês a vida de Carlos Lomba mudou radicalmente.

No último mês, a vida de Carlos mudou radicalmente.

Apesar de mais de uma década de paz, o país passa por uma crise económica sem precedentes, com uma dívida de mais de 77 mil milhões de euros, 150 por cento do Produto Interno Bruto. O descontentamento na sociedade libanesa já era generalizado, com o constante aumento de impostos e novas taxas, ao mesmo tempo que surgiam notícias de corrupção no governo e desvio de milhões para paraísos fiscais. Um barril de pólvora controlado pelas milícias do Hezbollah, sempre bem visíveis nas ruas de Beirute, com metralhadoras a tiracolo.

«Aqui isso é normal, já não me cria qualquer tipo de confusão. A maior parte são do exército, mas depois também há os do Hezbollah. Esses é que são mais complicados de perceber. Supostamente são um grupo político, mas por outro são muito extremistas e estão ligados a uma fação religiosa [xiitas]. O governo chegou a pedir ao Hezbollah para intervir nas manifestações, para obrigar as pessoas a ir para casa. Nessa altura tive um bocadinho de receio. Pensei: se calhar isto ainda vai dar para o torto. Mas isso acabou por não acontecer, não chegou a ser usada força e ainda bem».

Uma paz podre que acabou por unir todos os grupos religiosos com o mesmo objetivo: contestar o governo. Quando, no início de outubro, o primeiro-ministro anunciou um novo pacote de austeridade onde estava incluído uma taxa sobre a utilização da aplicação WhatsApp, Beirute saiu à rua. Primeiro os jovens, logo a seguir o povo inteiro. As imagens correram o mundo. «No primeiro fim de semana da confusão, o diretor desportivo do clube ligou a dizer-me para não sair de casa e a contar-me que os jogos tinham sido cancelados. Não percebia o que estava a acontecer, mas os meus colegas de equipa depois explicaram-me».

Subitamente, Lomba via o futebol a afastar-se. «Fizemos três jornadas e depois o campeonato foi cancelado. Esta semana disseram-me que ia haver jogo, mas depois recebemos a informação que o jogo tinha sido novamente adiado. Agora vem aí a pausa das seleções, mais duas semanas, mas em princípio, depois desta paragem internacional, o campeonato deve regressar».

É um pouco reflexo dos tempos modernos. Os impostos e o preço da gasolina as pessoas ainda toleraram, agora quando o governo anunciou que ia taxar o WhatsApp, as pessoas ficaram doidas.

Carlos Lomba está longe do epicentro das manifestações, em Aley, a quinze quilómetros de Beirute, mas o seu apartamento dá para a rua principal que dá acesso direto à capital. «Na primeira semana em que fiquei retido em casa, fui à janela e a rua estava cortada, com pneus a arder, pessoas na rua a cantar e com bandeiras do Líbano. As pessoas juntam-se aqui na praça central, mas depois vão todas para Beirute onde se juntam aos protestos».

Muito fumo, muita gente na rua, palavras de ordem em árabe, mas Lomba garante que não se sente em risco e continua a treinar. «Não sinto insegurança nenhuma, porque as pessoas não estão umas contra as outras, as religiões estão todas unidas a lutar pela destituição do governo. A minha família e os meus amigos ficaram preocupados, como é óbvio, mas sinceramente nunca me senti em perigo, mesmo naquele período em que as coisas estavam mais complicadas e as pessoas mais agressivas. Os meus companheiros explicaram-me que as pessoas não iam entrar em guerra umas com as outras, não ia haver bombas, nem nada disso. Os protestos são pacíficos. Até há DJ’s na rua a pôr música para as pessoas. É uma festa. É uma revolução moderna».

Uma revolução moderna, despoletada pelo WhatsApp, curiosamente a aplicação que permitiu esta entrevista. Sem taxas. «É um pouco reflexo dos tempos modernos. Os impostos e o preço da gasolina as pessoas ainda toleraram, agora quando o governo anunciou que ia taxar o WhatsApp as pessoas ficaram doidas. Foi a gota de água. Foi isso que levou as gerações mais novas para a rua. É um pouco estranho dizer isto, que foi o WhatsApp que despoletou a revolução, mas foi mesmo a gota de água. As pessoas já estavam saturadas porque descobriram antigos políticos com contas em paraísos ficais, contas multimilionárias na Suíça. Depois queriam taxar o WhatsApp que é um serviço gratuito em todo o mundo. Foi o fim do mundo».

Entretanto, o governo recuou em relação à taxa WhatsApp e, no final de outubro, o primeiro-ministro Saad Hariri demitiu-se. As coisas pareciam estar a voltar ao normal, mas a verdade é que, nesta altura, as pessoas continuam na rua a exigir demissão de todo o governo. «Não é só o governo, é mesmo todo o parlamento. As pessoas exigem uma reformulação total do sistema político. Não querem apenas mudar as pessoas que lá estão, querem mudar a forma como as pessoas são eleitas. Eles têm um sistema complexo [que resultou dos acordos de paz]. Se o presidente é cristão, o primeiro-ministro tem de ser muçulmano, depois tem de haver um determinado número de ministros de cada religião. A política está muito ligada à religião e eles querem mudar isso».

Carlos Lomba espera agora poder voltar a jogar. Afinal de contas foi para isso que foi para o Líbano. «Vim para cá para me tentar mostrar, para ter jogos, para ter estatística, tentar que oportunidades melhores surjam, mas assim está complicado. Mas acredito que as coisas vão voltar à normalidade muito brevemente».

Já em jeito de despedida, um lamento, mas com esperança. «Foi muito bom voltar a falar português. Agora vou ter três dias de folga. Se fosse em Portugal era fantástico, mas aqui não tenho nada para fazer. Preferia ter treinos. Não posso ir até ao centro de Beirute porque está lá a revolução. Mas acredito que as coisas vão melhorar», atirou ainda.

Carlos Lomba saiu de facto da zona de conforto, agora só precisa de começar a jogar. 

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