EUA avisam: invasão total da Ucrânia causaria mais de 50 mil mortes e quase cinco milhões de refugiados

Agência Lusa , AG
6 fev 2022, 20:05

Cenário já foi explicado em reuniões da Defesa norte-americana, que acusa a Rússia de continuar a tentar inventar um pretexto para uma invasão

Uma potencial invasão total da Ucrânia por tropas russas causaria mais de 50 mil baixas e quase cinco milhões de refugiados, segundo uma avaliação do Pentágono e dos serviços secretos norte-americanos divulgada este domingo.

De acordo com este cenário, revelado pelo jornal The Washington Post, uma invasão russa tomaria a capital ucraniana, Kiev, em dois dias, e resultaria em 50 mil baixas, incluindo mortos e feridos.

Além disso, gerava uma crise de cinco milhões de refugiados a procurarem abrigo sobretudo nos países vizinhos, a maioria dos quais na Polónia.

O jornal disse que este cenário foi explicado em reuniões, que ocorreram na semana passada em Washington, com legisladores, altos responsáveis militares e dos serviços secretos.

A divulgação destes relatórios coincide com um momento em que aumenta a concentração das tropas russas na fronteira ucraniana e na vizinha Bielorrússia.

O documento especifica que existem 83 batalhões russos, com aproximadamente 750 militares cada, preparados para um possível ataque, mais pessoal de apoio logístico, médico e aéreo.

Na semana passada o Pentágono advertiu publicamente que Moscovo poderia inventar um pretexto para atacar a Ucrânia.

O porta-voz do Departamento de Defesa, John Kirby, disse numa conferência de imprensa, que a Rússia "poderia produzir um vídeo de propaganda gráfica, com cadáveres e atores, fingindo ser vítimas, com imagens de áreas destruídas, assim como equipamento militar em mãos ucranianas ou ocidentais".

As armas, acrescentou, poderão ser retratadas de tal forma que parecem ter sido fornecidas pelo Ocidente à Ucrânia.

As tensões aumentaram no último mês com a mobilização de mais de 100 mil tropas russas na fronteira ucraniana, o que levou os EUA e a Rússia a envolverem-se numa batalha de propaganda.

Moscovo repetiu em várias ocasiões que não quer uma guerra com Kiev e que não ameaça a Ucrânia, enquanto Washington tem vindo a alertar há dias para um ataque iminente.

Os Estados Unidos, que enviaram três soldados para a Europa, não mandaram essas tropas "para iniciar uma guerra" contra a Rússia na Ucrânia, disse hoje o assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

"O Presidente [Joe Biden] vem dizendo há vários meses que os Estados Unidos não estão a enviar tropas para iniciar uma guerra ou travar uma guerra contra a Rússia na Ucrânia", disse Sullivan à Fox TV, sublinhando que as tropas estão a ser enviadas “para defender o território da NATO”.

Jake Sullivan também estimou na NBC que "uma escalada militar e uma invasão da Ucrânia poderá vir a acontecer".

"Acreditamos que os russos desenvolveram capacidades para lançar uma grande operação militar na Ucrânia e estamos a trabalhar duro para preparar uma resposta", disse.

“O Presidente Biden reuniu os nossos aliados, reforçou e tranquilizou os nossos parceiros no flanco leste, forneceu apoio material aos ucranianos, ofereceu aos russos um caminho diplomático” para sair da crise, frisou o responsável.

Por seu turno, a presidência ucraniana considerou que a possibilidade de encontrar uma "solução diplomática" para a crise com a Rússia é "consideravelmente maior" do que a de uma "escalada" militar.

Os serviços de informação dos Estados Unidos estimam que Moscovo já tem 70% dos recursos necessários para uma invasão em larga escala da Ucrânia e pode ter capacidade suficiente, ou 150 mil homens, para lançar uma ofensiva em duas semanas.

Os serviços de informação, no entanto, não estabeleceram se o Presidente russo, Vladimir Putin, tomou a decisão de partir para a ofensiva ou não, mas avançaram que este quer ter todas as opções possíveis, desde a invasão parcial do enclave separatista de Donbass à invasão total.

A Rússia tem em curso diversos exercícios militares em várias regiões, incluindo a cerca de 240 quilómetros a sudoeste da Irlanda, um país com um acordo de parceria com a NATO.

O Ocidente acusa a Rússia de pretender invadir de novo a Ucrânia, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia, em 2014, mas Moscovo nega qualquer intenção bélica, dizendo que só quer garantir sua segurança.

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