A nova estrutura a erguer na zona terá capacidade para 999 pessoas e uma área 8.361 metros quadrados, quase o dobro do tamanho do edifício da Casa Branca
A Ala Leste da Casa Branca, onde célebres primeiras-damas fizeram história planeando jantares de Estado e promovendo causas públicas, passou ela própria à História, encontrando-se completamente demolida por iniciativa do Presidente Donald Trump, noticiou a agência AP.
Trump permitiu que a demolição começasse esta semana, apesar de ainda não ter a aprovação das agências governamentais com jurisdição sobre construções em propriedades federais, como é o caso da emblemática sede da presidência norte-americana, na capital Washington, DC.
Organizações de defesa do património também instaram o governo Trump a suspender a demolição até que possam passar pelo necessário processo de consulta pública os planos para a zona do edifício histórico, onde será construído um salão de baile avaliado em 300 milhões de dólares (258 milhões de euros).
O governo insistiu que não precisa da aprovação da Comissão Nacional de Planeamento da Capital, o organismo responsável por permitir a construção de obras e grandes renovações em edifícios governamentais na área de Washington, defendendo que tal apenas é necessário para novas construções.
Os escritórios da comissão estão encerrados devido à paralisação do governo, que começou no dia 01 de outubro devido às divergências entre os republicanos e os democratas sobre o financiamento das agências governamentais.
Fotos divulgadas pela agência AP mostram que está agora reduzida a escombros a histórica estrutura de dois andares com salas de estar e escritórios, incluindo o espaço de trabalho para as primeiras-damas e as suas equipas.
A nova estrutura a erguer na zona terá capacidade para 999 pessoas e uma área 8.361 metros quadrados, quase o dobro do tamanho do edifício da Casa Branca, não tendo sido clarificado se a equipa de Trump entregou aos organismos responsáveis os planos do salão de baile, segundo a AP.
O próprio Trump chegou a dizer que a Ala Leste não seria totalmente demolida, apenas em parte, mas a maquinaria pesada a trabalhar no local desde início da semana arrasou completamente a estrutura.
Na quarta-feira, Trump justificou que a preservação da Ala Leste teria "prejudicado um edifício muito, muito caro e bonito" que, segundo ele, há anos é desejado pelos presidentes norte-americanos.
"Eu e alguns amigos meus" pagaremos o salão de baile, sem qualquer custo para os contribuintes, disse ainda o empresário reeleito em 2024 para um segundo mandato presidencial.
Doadores incluem Amazon e Apple
Os doadores do salão de baile que o Presidente norte-americano, Donald Trump, mandou construir na Casa Branca incluem tecnológicas como a Amazon e a Apple, além de mais de uma dezena de magnatas, segundo lista divulgada pelo governo.
Entre as dezenas de empresas que financiam o salão de baile de 300 milhões de dólares (258 milhões de euros), a erguer nos terrenos da demolida Ala Leste da Casa Branca, as maiores são a Amazon, do bilionário Jeff Bezos; a Meta, de Mark Zuckerberg; a Microsoft, de Bill Gates, e a Google.
A lista menciona ainda o investidor Konstantin Sokolov, o financiador republicano Harold Hamm, além da ex-senadora republicana Kelly Loeffler e o marido Jeff Sprecher, diretor da Intercontinental Exchange, detentora da Bolsa de Nova Iorque.
A lista inclui ainda Benjamín León, o magnata nascido em Cuba que foi confirmado na quinta-feira como o novo embaixador dos Estados Unidos em Espanha, depois de ter sido nomeado por Trump no início de 2025.
Os magnatas participaram num jantar oferecido por Trump na semana passada na Casa Branca, em que o Presidente republicano gracejou que o patrocínio "é o preço para ter acesso ao Presidente" e assegurou que a renovação do salão de baile não custaria um tostão ao erário público.
A Casa Branca informou que o projeto estará concluído antes do final do seu mandato, em janeiro de 2029.
A Ala Leste da Casa Branca foi construída em 1902, na presidência de Theodore Roosevelt, para equilibrar visualmente a Ala Oeste, que alberga a Sala Oval.
Inicialmente uma estrutura simples de dois andares, foi ampliada em 1942, sob Franklin D. Roosevelt, com a adição de um bunker subterrâneo.