Balão-espião chinês "servia claramente para recolha de informações", alegam os Estados Unidos

9 fev 2023, 19:00
Marinha norte-americana recupera o balão-espião, abatido pelos Estados Unidos, ao largo da costa de Myrtle Beach, Carolina do Sul, a 5 de fevereiro. Créditos: US Navy via AP

Washington D.C. afirma ainda que o equipamento deste balão “é inconsistente com aquele que é colocado nos balões meteorológicos”

Os Estados Unidos alegam que o balão-espião chinês que sobrevoou o continente norte-americano estava equipado para intercetar comunicações e faz parte de uma frota que já entrou no espaço aéreo de 40 países em cinco continentes. A informação foi divulgada pelo Departamento de Estado esta quinta-feira.

O governo americano, citado pelo The New York Times, afirma que o balão tinha várias antenas e deveria ser capaz de “recolher e geolocalizar comunicações”. Os painéis solares no aparelho eram grandes o suficiente para alimentar “múltiplos sensores de recolha de informações”, pelo que Washington D.C. conclui que o equipamento do balão “servia claramente para recolha de informações e é inconsistente com o equipamento colocado nos balões meteorológicos”.

Sobre a empresa que terá fabricado o balão, os Estados Unidos alegam que terá ligações diretas ao Exército de Libertação do Povo. "A empresa também publicita balões no seu site e disponibiliza vídeos de voos passados, que parecem ter sobrevoado pelo menos o espaço aéreo dos Estados Unidos e o espaço aéreo de outros países. Estes balões anunciados parecem ter padrões de voo semelhantes aos dos balões de que temos vindo a falar esta semana", pode ler-se na nota, citada pelo The Washington Post.

Washington D.C. afirma no comunicado que vai tomar ações “contra entidades da República Popular da China ligadas ao Exército de Libertação Popular, que apoiaram a incursão do balão no espaço aéreo dos Estados Unidos”.

"Encetaremos também esforços mais amplos para expor e abordar as atividades de espionagem da República Popular da China que constituem uma ameaça à nossa segurança nacional, e aos nossos aliados e parceiros."

Estas novas informações foram reveladas pela administração Biden apesar dos repetidos avisos da China sobre um potencial arrefecimento das relações entre os dois países. "Exagerar ou abusar da narrativa da 'ameaça da China' não é conducente à construção de confiança ou à melhoria dos laços entre os nossos dois países, nem pode tornar os Estados Unidos mais seguros", afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, esta quarta-feira.

No dia anterior, Ning tinha deixado um recado ao governo americano para que devolvesse os destroços do balão. “O balão não pertence aos Estados Unidos. Pertence à China”, afirmou Mao Ning, citada pela Bloomberg.

Mais direto foi o embaixador de Pequim em França, Lu Shaye. "Se apanharmos algo na rua, devemos devolvê-lo ao proprietário, se soubermos de quem é”, disse, em entrevista ao canal francês LCI. "Se os americanos não o quiserem devolver, a decisão é deles. Isso demonstra a sua desonestidade", completou.

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