Pentágono admite que não detetou os outros balões chineses que sobrevoaram os Estados Unidos

7 fev 2023, 20:50
Glen VanHerck (AP)

Três voos ocorreram durante a administração Trump. Altas figuras do anterior executivo revelaram não ter sido informadas na altura

O balão chinês que cruzou os Estados Unidos antes de ser abatido na costa atlântica não foi o primeiro a sobrevoar o espaço aéreo controlado por Washington D.C.. Quem o diz é o Pentágono, que adianta que não detetou os aparelhos no momento em que entraram no país.

"Todos os dias, como comandante da NORAD (Comando Norte-americano de Defesa Aeroespacial), é minha responsabilidade detetar ameaças à América do Norte. Vou dizer-vos que não detetámos essas ameaças. E essa é uma falha de reconhecimento que temos de colmatar. Mas eu não quero entrar em mais detalhes", afirmou o general Glen VanHerck, esta segunda-feira.

Tal como tinha sido avançado no sábado pelas autoridades norte-americanas, o comandante disse que três dos voos ocorreram durante a administração Trump e um já durante a presidência de Joe Biden. A admissão fez estalar a polémica entre os membros do Partido Republicano, dado que várias figuras de topo da anterior administração revelaram não ter sido notificadas desses incidentes. "Nunca fomos informados, nunca ouvimos nada sobre isso", revelou ao Politico o conselheiro de Donald Trump para a Segurança Nacional, Robert O’Brien.

O próprio desmentiu, no fim de semana, que esses episódios tenham acontecido. "A China tinha demasiado respeito pelo 'Trump' para que isto tivesse acontecido, e nunca o fez. É apenas desinformação falsa!", escreveu o antigo chefe de Estado norte-americano na sua rede social, a Truth Social.

Na declaração aos jornalistas, Glen VanHerck justificou o facto de o mais recente balão chinês que sobrevoou o território norte-americano não ter sido abatido assim que foi detetado. "Concluí que este balão não representava uma ameaça militar física para a América do Norte, isto está sob o meu mandato no NORAD. E, portanto, não podia tomar medidas imediatas porque não estava a praticar um ato hostil ou a demonstrar uma intenção hostil."

Entretanto, esta terça-feira, a CNN Internacional teve acesso a um relatório da Força Aérea dos Estados Unidos, datado de abril de 2022, que prova que Washington D.C. sabia da existência destes balões antes deste último incidente.

O documento, intitulado “Balão de Elevada Altitude da República Popular da China”, reporta que um balão-espião chinês “circum-navegou o globo” em 2019, tendo passado pelo espaço aéreo dos estados do Hawai e Florida a uma altitude de quase 20 quilómetros. O relatório é, no entanto, omisso quanto ao momento em que os Estados Unidos tomaram conhecimento deste facto.

Neste relatório consta, também, que um balão-espião foi “lançado e comandado” pela China em 2019, e que Pequim já lançou “múltiplos balões de elevada altitude que conseguem operar entre os 20 e os 100 quilómetros de altitude e durante vários meses consecutivos”.

As recentes revelações levantaram questões entre antigos funcionários da administração Trump, que questionam como foi possível que a China tenha conseguido lançar balões que sobrevoaram o território norte-americano sem que as autoridades do país tenham tido conhecimento do sucedido.

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