Joy tem 92 anos e nunca tinha visto uma montanha ao vivo. Então o neto levou-a a todos os parques nacionais dos EUA

CNN Portugal , FMC
5 set 2022, 16:06
Avó e neto percorrem parques nacionais nos EUA (Instagram)

Escalaram montanhas, dormiram sob a luz das estrelas e desceram rios: avó e neto abraçaram uma aventura de uma vida e mostram como nunca é tarde para seguir os sonhos

Brad Ryan e a sua avó Joy Ryan estão prestes a terminar uma missão conjunta, única e extraordinária: visitar 63 parques nacionais dos Estados Unidos.

Um laço inquebrável entre avó e neto, que foi fortalecido por esta experiência, tem inspirado o mundo, que, comovido, tem ajudado a que o sonho seja realizado.  

Em entrevista ao The Washington Post, Brad conta que ao longo da sua infância a relação entre os dois era "idílica" e que foi a avó que o fez apaixonar-se pela natureza, pelos animais, tendo sido, em parte, responsável pela sua escolha profissional de ser veterinário. Contudo, tiveram um período de 10 anos afastados. Foi, apenas, há alguns anos que os dois reconstruíram a relação e que agora está mais próxima do que nunca, depois de juntos assistirem às mais belas paisagens, escalarem montanhas, dormirem sob a luz das estrelas, descerem rios, estarem a centímetros de animais selvagens e abraçarem uma aventura que, para muitos, seria impensável para uma mulher de 92 anos.  

 

Tudo começou em 2015, quando Joy confessou ao neto que nunca tinha visto uma montanha ao vivo, o que deixou Brad abismado, principalmente por saber o amor que a avó nutria pela natureza. 

"Eu queria poder oferecer uma oportunidade à minha avó de ver aquela primeira montanha", conta Brad.   

Da primeira viagem a uma jornada de mais de 80.000 quilómetros 

A primeira montanha foi então vista no "Great Smoky Montains National Park", localizado na fronteira ente a Carolina do Norte e o Tennessee. Brad desafiou a avó e Joy, então com 85 anos, nem hesitou na resposta: "A que horas é que me apanhas?"

Assim que chegaram ao parque não só o neto conseguiu cumprir o desejo de proporcionar à avó o primeiro vislumbre de uma montanha, como juntos conseguiram caminhar no terreno incerto, apesar de todas as adversidades pelo monte acima.  

"Até enquanto chovia, ela estava a sorrir", lembra Brad.  

O momento inexplicável vivido, mais do que cumprir um sonho antigo de uma senhora com idade avançada, foi, também, a salvação de um jovem que lutava pela sua saúde mental. A resiliência da avó, a concretização de um sonho que tantos diriam já não ser possível, a relação criada entre os dois, inspirou-o e deu-lhe a força que carecia.  

 

"Eu estava a tentar fazer alguma coisa para a ajudar, mas foi ela que acabou por me salvar no processo", confidencia.  

A partir daí estabeleceram um objetivo, e sempre que foi possível nos últimos sete anos, viajaram juntos para novos parques, para novas montanhas, por novos caminhos, paisagens e experiências. De uma confissão inocente, desencadeou-se uma jornada de mais de 80.000 quilómetros que originou um laço ainda mais profundo.  

"Acho que não há nada nenhuma pedra que esteja por virar em termos de partilha de histórias de vida", realça Brad. E avó reforça a ideia: "Eu trocaria tudo por ele. É o meu melhor amigo." 

Uma lição de vida e uma reviravolta de 180º 

O plano de percorrerem os 63 parques só foi possível pela ajuda de muitos que se sentiram inspirados e comovidos com o desígnio dos dois. Inicialmente, Brad criou uma página de angariações de fundos e o dinheiro conseguido permitiu que 21 parques fossem completados da lista.  

Em 2019, Brad decidiu partilhar os diversos feitos e peripécias nas redes sociais e a história disseminou-se, o que motivou que várias empresas e agências de viagens se chegassem à frente como patrocinadores. Os patrocínios aliados com as inúmeras pessoas que continuam a doar dinheiro e outras que, de forma altruísta, oferecem as suas casas para pernoitar têm sido cruciais para manter viva a missão.  

Estão agora perto do fim, faltando-lhe apenas um parque para finalizar a jornada de uma vida. De forma inacreditável, já estiveram em 62 parques, e Joy, apesar da idade não se priva de colocar uma mochila às costas, descer pelos rios e seguir o neto nos mais inacreditáveis desafios.  

"Estou sempre pronta para tentar alguma coisa diferente", afirma Joy. "Ele é muito cauteloso. Agarra sempre o meu braço, é o menino mais querido. Ele faz o meu coração cantar. Eu desejo que mais avós tenham netos como ele."  

No próximo ano, o destino final está determinado, o "National Park of Amercican Samoa." E ambos concordam que será um fim agridoce.  

"Será um dia feliz e um dia triste", comenta Joy.  

Contudo, a história não termina aqui e Brad planeia levar a avó a conhecer ainda mais, quem sabe até o mundo inteiro e ser parte mudar o rumo que Joy seguia. Viúva há mais de 20 anos, até ao início de toda esta odisseia, vivia sozinha na cidade em cresceu em Ohio e seguia uma vida pacata e de pouca adrenalina. Agora, a vida é outra e com tantos desafios superados, diz que nem se lembra da idade que tem quando o neto lhe propõe algo mais radical.  

"Como neto, ver a sua história de vida desenrolar-se de forma completamente diferente do que teria acontecido de outra forma, dá-me paz", diz. "Ela finalmente começou a viver a vida de aventura que sempre esperou, e mereceu". 

E.U.A.

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