Usurpadores são vocês: o estado da Nação segundo o PS

17 jul 2024, 15:35
Debate do Estado da Nação

DEBATE DO ESTADO DA NAÇÃO || Pedro Nuno Santos pediu que o Governo tenha "humildade" perante os resultados das últimas eleições europeias: "Tem de reconhecer a sua condição minoritária, negociar seriamente e ter disponibilidade para ceder”

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“A derrota nas europeias e as sondagens deviam exigir de si mais humildade”, referiu Pedro Nuno Santos, cujo partido, embora em empate técnico, mantém uma ligeira vantagem sobre o PSD. 

O líder socialista manteve também que "é praticamente impossível o PS viabilizar um Orçamento que seja uma tradução exclusiva de um programa de Governo”, mas que também "não viabilizaria nenhuma moção de censura - e isso tem significado político”.

Sobre o Orçamento a ser negociado a partir desta sexta-feira, Pedro Nuno insiste: “Se quiser de forma genuína evitar eleições antecipadas, tem de reconhecer a sua condição minoritária, negociar seriamente e ter disponibilidade para ceder”, afirmou. Refira-se que Marcelo já admitiu um cenário de Orçamento em duodécimos, o que seria uma alternativa a haver eleições - que são marcadas pelo Presidente da República.

Os socialistas, na voz do deputado Tiago Barbosa Ribeiro, acusaram também o Governo de ter um padrão de atuação de  “propaganda, desculpas e usurpação”. É possível confirmar o padrão de atuação que aqui trouxe - faz propaganda. Sobre o que faz, faz porque outros deixaram preparado”, aponta, exemplificando a inauguração pelo atual Executivo da variante da EN14, entre a Maia e a Trofa, obra que salientou ter sido consignada pelo então ministro das Infraestruturas e atual líder do PS Pedro Nuno Santos.

Ventura diz estar a par dos sonhos de Montenegro, a IL está a par do pesadelo de 1000€ de cada português (incluindo crianças)

foto Lusa

Já André Ventura negou que alguma vez se tenha colado aos socialistas durante esta legislatura, sublinhando, aliás, que foi o PS e o PSD que se “juntaram para impedir que a imigração fosse controlada em Portugal”. Além disso, referiu, “quem levou Costa às cavalitas para Bruxelas foi Montenegro”, sublinhou. “Quem leva quem às cavalitas?”

Ventura reiterou ainda que Luís Montenegro pensa demasiado em moções de censura e sonha com eleições “num mês qualquer em que acha que vai ganhar”, pedindo-lhe que fale do que realmente interessa. “Ainda este fim de semana tivemos mais uma urgência encerrada sem que ninguém desse explicações.” 

À direita, Montenegro viria a encontrar a oposição mais leve, com Rui Rocha a indicar que não pretende “fazer oposição destrutiva” e que reconhece que foram dados “passos importantes”. Ainda assim, os liberais veem alguns impasses nos últimos pacotes apresentados pelo Governo, nomeadamente no plano para a habitação - que, sublinha, apresenta medidas do lado da procura e não atua do lado da oferta.

Aliás, foi aos socialistas que a Iniciativa Liberal apontou as críticas durante mais tempo. Carlos Guimarães Pinto, nomeadamente, salientou que as mais de 340 empresas públicas e as dezenas de empresas imobiliárias do Estado, juntas, “tiveram um resultado negativo superior a mil milhões de euros”. “Só a Parvalorem, a Metro do Porto, a TAP e a CP têm capitais próprios negativos superiores a 10 mil milhões de euros, isto dá cerca de mil euros de obrigações a cada português, incluindo crianças e reformados”. 

Grande parte da responsabilidade desta questão, continuou Guimarães Pinto, advém da infiltração de “interesses partidários” nestas empresas. “As empresas públicas tornaram-se depósito de antigos políticos ligados ao PS”. 

A tribo das Avenidas Novas vs. o resto do país: o estado da nação segundo a esquerda

foto Lusa

À esquerda, Mariana Mortágua acusou Montenegro de ter um “projeto trumpista” e de querer uma solução para o país semelhante à que Liz Truss quis desenvolver no Reino Unido - e que não aguentou mais do que 44 dias. “Não durou mais do que uma alface", ironizou a líder bloquista. Os sociais-democratas, disse ainda Mariana Mortágua, “confundem a economia com os donos da economia”.

Neste sentido, a bancada do Bloco de Esquerda tomou como alvo as medidas do governo para facilitar a compra da primeira casa por jovens, com José Soeiro a manifestar-se incrédulo com um vídeo em que a ministra Margarida Balseiro Lopes exemplifica a poupança gerada numa casa de 450 mil euros. “A ministra da Juventude dirige-se aos jovens como se fossem uma tribo das Avenidas Novas ou da Quinta do Lago”, afirmou o deputado, acusando o Governo de confundir Portugal com “a bolha do privilégio”.

Já Rui Tavares lamentou que, na sua intervenção inicial, o primeiro-ministro não tenha dirigido “uma palavra” sobre questões como a crise ecológica, a “revolução da inteligência artificial”, o alargamento da União Europeia ou os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza. “Não há uma segunda oportunidade para um bom primeiro discurso do Estado da Nação, nem para um debate quinzenal serviria.”  

Na mesma linha, a deputada única do PAN alertou Montenegro para o crescimento da violência doméstica em Portugal. Tema esse que, afirmou Inês Sousa Real, “não está na preocupação e naquilo que é o programa do Governo da AD”. “Em 100 dias do Governo existiram 75 ocorrências de violência doméstica”. Na resposta, o primeiro-ministro anunciou, inclusive, a criação de um grupo de trabalho transversal sobre violência doméstica.

O objetivo, segundo o primeiro-ministro, é “desenvolver todas as preocupações e decisões no âmbito do apoio à vitima no âmbito da dissuasão da ocorrência destas situações e naturalmente no âmbito de medidas preventivas que passam por exemplo pelo acesso também ao mercado da habitação”.

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