Espasmos esofágicos raramente são fatais, mas podem ser incapacitantes, interferindo no quotidiano do indivíduo e causando "transtornos de natureza psicológica"
André Ventura sofreu na noite de terça-feira um espasmo esofágico, que, tal como o nome indica, consiste num espasmo ocorrido no esófago, que provoca uma "dor torácica aguda", como explica a médica internista e intensivista Ana Isabel Pedroso.
"Aliás, se repararmos nas imagens, André Ventura coloca a mão no peito, mas não é bem na zona do coração, é um bocadinho mais acima", refere Ana Isabel Pedroso, em entrevista à CNN Portugal.
Uma sensação de objeto preso na garganta
O principal sintoma de um espasmo esofágico é precisamente uma dor no peito, por trás do esterno, o que dificulta o ato de engolir líquidos ou sólidos, provocando uma sensação de um objeto preso na garganta.
O consumo de líquidos muito quentes, muito frios ou com gás pode agravar os sintomas, tal como comer depressa.
De acordo com a CUF, estes espasmos resultam de uma perturbação do movimento peristáltico (a contração e relaxamento dos músculos que formam a parede do esófago) e que provoca um mau funcionamento dos nervos. Ou seja, na prática, o esófago abre-se e fecha-se de uma forma anormal.
Quais as causas?
Não se sabe ao certo o que causa um espasmo esofágico. Segundo a CUF, tanto pode ser resultado de refluxo gástrico como de uma alteração neuromuscular, embora estas causas sejam somente teorias, sem validação científica.
Os espasmos esofágicos raramente são fatais, mas podem ser incapacitantes, interferindo no quotidiano do indivíduo e causando "transtornos de natureza psicológica", segundo a CUF.
São várias as formas de diagnóstico de um espasmo esofágico, podendo ser determinado desde logo pela realização de radiografias, uma gamagrafia esofágica (uma prova de imagem que mostra os movimentos dos alimentos) e medições da pressão do esófago (a chamada manometria). Pode ser necessário também proceder a uma endoscopia.
Há tratamento?
Embora os espasmos esofágicos sejam difíceis de tratar (afinal, desconhece-se as suas causas), os sintomas podem ser aliviados com medicação, podendo ser necessário recorrer a analgésicos para alívio das dores. Há casos em que é necessário insuflar-se um balão dentro do esófago ou introduzir sondas para aumentar o esófago.
Se estas terapêuticas se revelarem ineficazes, recorre-se à cirurgia, "sendo realizada uma secção na camada muscular do esófago ao longo de todo o seu comprimento, de modo a reduzir a ocorrência de espasmos", explica-se no site oficial da CUF.
Por norma, explica a médica Ana Isabel Pedroso, "estes doentes ficam sempre hospitalizados". "Não é por ser a pessoa que é, mas sim porque é necessário mesmo fazer uma monitorização, uma reavaliação e análises", diz.