Trabalhadores da Telefónica Espanha recusam aderir à semana de trabalho de quatro dias

CNN Portugal , MJC
11 jul 2022, 11:26
Telefónica (AP)

Apesar da atratividade do plano, devido ao tempo livre que um dia de trabalho a menos acarreta, ele implicava uma redução do salário e colidiu com a realidade económica do país, com a subida dos preços e a consequente perda de poder de compra dos trabalhadores

Os trabalhadores da Telefónica Espanha rejeitaram quase por unanimidade a proposta de aderirem voluntariamente à jornada de trabalho de quatro dias por semana, o que implicava uma redução no salário.

Quando faltam apenas quatro dias para o fim do prazo para se aderir ao plano, apenas 1% dos cerca de 18 mil trabalhadores da empresa se inscreveu, apurou o El Mundo.

A principal causa deste desinteresse por parte dos trabalhadores é que, no contexto de crise e incerteza económica, a oferta da empresa não foi considerada atrativa devido à redução salarial. Apesar de esta ser compensada pela empresa com um bónus, implicaria sempre um corte nas contribuições sociais.

Com a chamado Jornada Semanal Flexível Bonificada, os funcionários trabalham 32 horas por semana, oito horas por dia, de segunda a quinta-feira, em vez das 37,5 horas que atualmente trabalham cinco dias por semana. O corte de horas é acompanhado de uma redução proporcional do salário, mas a empresa desconta 20% desse desconto, ou seja, paga cerca de uma hora.

A medida é pioneira em Espanha numa grande empresa. A Telefónica lançou pela primeira vez um teste piloto em outubro do ano passado, no qual se inscreveram cerca de 150 trabalhadores. Mais tarde, em junho deste ano, dirigentes e sindicatos chegaram a um acordo para estender essa proposta a toda a força de trabalho, e abriram um período de 9 de junho a 15 de julho, para os trabalhadores que quisessem aderir voluntariamente ao plano. Para os que aderirem, a jornada de quatro dias passará a vigorar a partir de 1 de setembro e terminará em 31 de dezembro deste ano.

Apesar da atratividade do plano, devido ao tempo livre que um dia de trabalho a menos acarreta, ele colidiu com a realidade económica do país, explica o El Pais, coincidindo com a subida dos preços e a consequente perda de poder de compra dos trabalhadores, o que dissuadiu os potenciais interessados. Ficar sem parte do salário (16% no total) seria atualmente um luxo para a maioria dos funcionários.

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