A melhor escola pública nacional, com base nos dados do Ministério da Educação analisados de acordo com os critérios da agência Lusa, subiu uns lugares e aparece este ano em 33.º lugar. Sem surpresa, volta a ser a Norte do país que se situam as escolas com melhores classificações nos exames nacionais
As escolas públicas com melhores resultados médios nos exames nacionais situam-se maioritariamente no Norte do país e, este ano, a melhor escola pública até está mais bem situada do que no ano passado, mas volta a surgir abaixo dos 30 primeiros. É um dos principais resultados que se podem retirar da tabela elaborada pela Lusa, com base nos dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI). Numa lista que ordena os 525 estabelecimentos de ensino público e privado com mais de 100 provas realizadas no ano passado, os colégios privados voltam a ocupar os primeiros lugares tendo em conta a média obtida nos exames nacionais do secundário e a primeira escola pública surge agora em 33.º lugar.
As melhores escolas com as melhores médias nos exames
O Grande Colégio Universal, no Porto, lidera este ano a tabela realizada pela Lusa, que contabiliza apenas as 525 escolas que no verão do ano passado realizaram pelo menos 100 exames do ensino secundário.
Os alunos do Colégio Universal fizeram 191 provas e a média foi de 16,51 valores, não muito distante da média interna atribuída pelos professores do colégio ao trabalho realizado pelos seus alunos ao longo do ano (17,04 valores).
As 10 escolas com melhores classificações médias voltam a ser nomes já conhecidos que, noutros anos, chegaram a ocupar o primeiro lugar das tabelas como o Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto, que agora aparece em 2.º lugar com 16,42 valores, o Colégio Efanor, em Matosinhos (3.º lugar com 16,36 valores), ou D. Diogo de Sousa, em Braga (4.º lugar com 15,91 valores).
Em 5.º lugar aparece a primeira escola da zona de Lisboa, o Colégio de S. Tomás, seguido do Salesianos de Lisboa - Colégio Oficinas de São José e o Colégio Campo de Flores, em Almada.
Veja aqui a tabela das 10 melhores escolas:
A melhor pública
Num universo de 448 escolas públicas e 76 privadas, é preciso descer até ao 33.º lugar para encontrar a primeira pública com melhor média nacional: a Escola Básica e Secundária Dr. Ferreira da Silva, em Oliveira de Azeméis.
A média dos 125 exames dos alunos da escola do distrito de Aveiro foi de 13,85 valores e representa uma melhoria dos estabelecimentos públicos em relação ao ano anterior, quando a primeira escola surgiu apenas em 39.º lugar com uma média ligeiramente mais baixa (13,23).
A lista das 10 públicas com melhores resultados nos exames também são “repetentes” nestas andanças e muitas já ocuparam várias vezes o primeiro lugar: A Escola Tomaz Pelayo, em Santo Tirso, surge agora em 2.º lugar, seguindo-se a Secundária D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, a Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim e a Escola Artística António Arroio, também em Lisboa.
Veja aqui a tabela das 10 melhores escolas públicas:
Olhando apenas para as 30 públicas com melhores resultados médios nos exames, a maioria situa-se no Norte.
As escolas do fim da tabela
Por oposição, no final da tabela geral, com as médias nacionais mais baixas, surgem nove escolas públicas e uma privada, todas situadas na área metropolitana de Lisboa e todas com médias nacionais negativas.
Veja aqui a tabela das 10 piores escolas:
Estas são habitualmente escolas que recebem mais alunos de famílias carenciadas, uma condição que continua a ditar o insucesso escolar: Os dados do Ministério da Educação mostram que os alunos sem Apoio Social Escolar (ASE) tiveram melhores notas a todas as disciplinas quando comparados com os colegas beneficiários de ASE.
A Escola Secundária da Baixa da Banheira, em Vale da Amoreira, na Moita, surge este ano no fim da tabela e os dados do Infoescolas revelam que a taxa de alunos que chumba ou abandona a escola é mais do dobro da média nacional.
Os dados disponibilizados pela tutela permitem ainda perceber que as raparigas continuam a ter melhores desempenhos do que os rapazes.
Consulte na tabela abaixo em que posição da tabela geral ficou a escola do seu filho:
O impacto da pobreza no sucesso escolar
As condições socioeconómicas continuam a condicionar o desempenho dos alunos, mas não são determinantes e cerca de metade das escolas públicas conseguiu contrariar a ligação entre pobreza e insucesso escolar.
Em média, e ao longo da escolaridade obrigatória, são poucos os alunos que ficam para trás e não conseguem concluir os estudos no tempo esperado, mas os dados mostram que as dificuldades são sobretudo sentidas pelos estudantes mais carenciados.
Ainda assim, há escolas que conseguem minimizar o impacto das condições socioeconómicas no desempenho académico e onde os alunos beneficiários de Ação Social Escolar (ASE) conseguem mesmo contrariar as expectativas para o seu sucesso.
Essa é uma das conclusões da análise feita pela Lusa ao indicador de equidade que acompanha os alunos com ASE e compara o seu sucesso escolar com a média nacional dos alunos com um perfil semelhante à entrada de cada ciclo de estudos.
No ano letivo 2022/2023, a que se referem os dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação, 1.228 estabelecimentos de ensino alcançaram níveis positivos equidade, o que representa 56,48% do total de mais de duas mil escolas públicas analisadas.
Do 1.º ciclo ao ensino secundário, é entre o 5.º e 6.º anos de escolaridade que mais escolas foram capazes de minimizar o impacto do contexto socioeconómico nos resultados dos estudantes mais carenciados.
Naquele ano de 2022/2023, 96% dos alunos concluíram o 2.º ciclo no tempo esperado. Olhando apenas para os alunos com ASE, a taxa de conclusão desce para os 92%, mas seis em cada 10 escolas conseguiram que os seus alunos carenciados tivessem mais sucesso do que a média nacional.
Por outro lado, a tarefa parece ser mais difícil quando os jovens chegam ao ensino secundário, sendo também este o nível de ensino em que os alunos carenciados mais se distanciam dos restantes colegas: 70% conseguiu concluir o secundário em três anos, abaixo da média nacional de 77%.
Ao longo do ensino obrigatório, é nesta última fase que menos escolas alcançaram níveis positivos de equidade (50,33%), mas há estabelecimentos que se destacam pela positiva e é precisamente ao ensino secundário que pertence aquela onde os alunos com ASE tiveram mais sucesso em comparação com a média nacional.
Na Escola Secundária de Monção, só um dos 19 alunos com ASE que entraram para o 10.º ano em 2020/2021 é que não terminou o secundário em três anos.
Olhando para os estudantes com um perfil semelhante à entrada, a taxa de conclusão no tempo esperado de 95% deixa a escola daquela vila raiana 25 pontos percentuais à frente da média nacional de 70%. Se os alunos acompanhassem essa média, seis teriam ficado para trás.
Pela negativa, destaca-se a Escola Secundária Eça de Queirós, em Lisboa, onde apenas seis dos 20 beneficiários de ASE terminaram o secundário em três anos, ou seja, 30%, muito abaixo da média nacional de 70%. No caso desta escola, o expectável seria que 14 alunos tivessem sucesso.
Por distritos, mantém-se a tendência dos anos anteriores e se, por um lado, as escolas de Lisboa e Setúbal têm mais dificuldade em contrariar a ligação entre pobreza e insucesso escolar, as escolas de Viana do Castelo e Braga conseguem ultrapassar as desvantagens à partida.
Mais 20's a Norte e raparigas com mais sucesso
Em todas as escolas públicas houve, pelo menos, um aluno a receber a nota máxima em alguma disciplina, mas é no norte que mais alunos conseguem chegar ao 20 e são sobretudo as raparigas e estudantes menos carenciados.
No ano letivo de 2023/2024, os professores atribuíram 39.558 notas máximas nas várias disciplinas, segundo uma análise da Lusa às classificações internas dos alunos do 11.º e 12.º anos dos cursos científico-humanísticos.
Na listagem da Lusa, todas as escolas atribuíram a classificação máxima a alguma disciplina a, pelo menos, um aluno, mas as 19 escolas com mais “20” localizam-se no norte do país e há cinco onde essa nota se repetiu mais de 500 vezes na pauta.
À semelhança do ano anterior, Escola Secundária Alves Martins, em Viseu, volta a liderar o ‘ranking’ com 624 “20” atribuídos aos alunos, seguindo-se as secundárias de Amarante (545), de Penafiel (545), a Alberto Sampaio (506) e a Carlos Amarante (504), ambas em Braga.
Nas cinco escolas, a média das classificações internas dos alunos rondou os 15 valores, numa escala de zero a 20, entre dois e quatro valores abaixo dos resultados nos exames.
A nível nacional, as raparigas conseguem ter melhores desempenhos com 22.869 “20” atribuídos, que representam 58% do total, enquanto nas pautas surgem 16.689 notas máximas atribuídas a rapazes.
Por outro lado, os números mostram que chegar àquela nota continua a ser mais difícil para os alunos carenciados, já que apenas 20% dos alunos com, pelo menos, um “20” são beneficiários de Apoio Social Escolar (ASE).
Olhando para as disciplinas, as melhores notas são a Educação Física, em que, no ano passado, os professores atribuíram 7.988 “20” aos alunos, seguindo-se Aplicações Informáticas (5.333) e Inglês (4.421).
Entre as principais disciplinas sujeitas a exame, é a Matemática A que mais alunos conseguem chegar à nota máxima (2.595), muito acima do número de “20” atribuídos a Português (907), Física e Química (333), História A (282) ou Biologia e Geologia (256).
O cenário não é muito diferente no ensino privado, onde se contabilizaram 6.818 notas máximas atribuídas (52% a raparigas e 48% a rapazes), das quais 1.374 a Educação Física e 518 a Matemática A.
Num universo de 98 escolas analisadas, em 88 houve, pelo menos, dez “20” atribuídos, com destaque para o Externato Ribadouro (609), no Porto, o Colégio D. Diogo de Sousa (417), em Braga, o Colégio Nossa Senhora do Rosário (368), no Porto, o Colégio Oficinas de São José dos Salesianos de Lisboa (299) e o Colégio Paulo VI de Gondomar (288).
Nesses colégios, a média das classificações internas dos alunos variou entre os 16,4 e 17,5 valores, com resultados mais próximos dos obtidos nos exames nacionais, que ficaram entre 2,8 e 0,6 valores abaixo das notas dadas pelos professores.
De acordo com um relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência divulgado em fevereiro, as notas têm vindo a subir e parece haver cada vez mais alunos de excelência, tanto no ensino público como no privado.
O relatório mostrava que metade dos quase 500 estabelecimentos públicos tem alunos com classificações internas médias entre os 19 e os 20 valores a, pelo menos, uma disciplina.
Entre os colégios, essa percentagem dispara: Em 100 estabelecimentos de ensino privados analisados, 86 atribuíram classificações internas médias entre os 19 e os 20 valores a, pelo menos, uma disciplina.