A psicóloga Tânia Graça e o deputado social-democrata Alexandre Poço estiveram à conversa sobre o assunto no 6.º Congresso dos Psicólogos Portugueses
A educação sexual nas escolas devia ser dada por "alguém especializado", como um psicólogo. A ideia foi defendida pela psicóloga Tânia Graça, especializada em sexologia, durante o 6.º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses, que decorreu em Lisboa. A especialista defende mesmo que, dentro do tema vasto que é a educação sexual e a sexualidade, há temas de "que nem todos estão aptos para falar". E exemplifica: "Eu, que sou especializada em sexologia, há temas que não domino totalmente. A sexualidade no pós-parto, por exemplo, tem tantas especificidades que devia ser alguém mais especializado a falar do assunto."
O deputado social-democrata Alexandre Poço concorda e vai ainda mais longe: “A mesma pessoa dar educação sexual, prevenção rodoviária, sustentabilidade ou alterações climáticas não faz sentido.” Por isso, defende o deputado, a disciplina de Cidadania não devia ser dada por um único professor, como agora acontece, mas por vários. “Pedir a uma mesma pessoa que tenha o mesmo domínio técnico sobre todas estas matérias não faz sentido. (…) Corremos o risco de transformar a disciplina num conjunto de banalidades, generalidades… e outras dificuldades”, diz Alexandre Poço, que já fez parte da Comissão de Educação, na Assembleia da República.
Mas o grande problema da Educação Sexual nas escolas, começaram por dizer os dois oradores, é a falta de cumprimento da lei. Um relatório de 2019 do Ministério da Educação revela que apenas 36% das escolas dedica a carga horária estabelecida na legislação para a Educação Sexual e em um terço das escolas nem sequer existe. Alexandre Poço acredita que o problema se deve, em grande parte, à falta de professores. Tânia Graça concorda, mas acrescenta que o assunto ainda é tabu na sociedade.
A especialista sublinha a importância de o assunto não ficar apenas a cargo das famílias, até porque, “se os pais não tiveram acesso, não vão ter competências para ensinar” os filhos nesta matéria.
É preciso, por isso, defende Tânia Graça, desfazer mitos, ressalvando que os conteúdos que são ministrados nas escolas é adequado a cada faixa etária e que “está mais do que provado” que os jovens que têm acesso à informação “tendem a iniciar a vida sexual mais tarde e de uma forma mais preparada e consciente”.