Paulo Fonseca: «Shevchenko deu à Ucrânia a influência italiana»

22 mar 2019, 10:52

Entrevista EXCLUSIVA ao treinador do Shakhtar Donetsk - Parte II

A Seleção Nacional inicia a defesa do título europeu contra a Ucrânia, no Estádio da Luz. Paulo Fonseca conhece melhor do que ninguém a seleção treinada por Andriy Shevchenko e através do Maisfutebol traça-lhe o perfil. 

No Shakhtar desde 2016, o treinador de 46 anos acompanha regularmente os jogos do adversário de Portugal e deixa já um aviso: com Shevchenko, a Ucrânia ganhou alma italiana. 

No elenco ucraniano estão vários atletas do Shakhtar, com Júnior Moraes - o melhor marcador da liga - a ser o reforço mais recente. Um avançado que já fez 21 golos ao serviço de Paulo Fonseca esta temporada.


Maisfutebol – Portugal arranca a qualificação para o Euro2020 contra a Ucrânia e o Paulo Fonseca conhece esta seleção na perfeição. Que retrato nos pode pintar sobre a equipa de Shevchenko?
Paulo Fonseca –
Antes de mais queria dizer que tenho vários jogadores meus na seleção e eles passam os dias a dizer que vão derrotar Portugal (risos). O Shevchenko tem mudado algumas coisas, tem introduzido vários jovens na equipa e é uma equipa com enorme futuro. A forma de pensar o jogo, na Ucrânia, ainda tem muitas raízes do tempo do Lobanovsky. Equipas muito defensivas, rápidas a saírem para o ataque. O Shevchenko tem mudado um pouco a mentalidade. Hoje a Ucrânia é uma equipa que faz mais circulação, mais posse, uma equipa muito mais equilibrada a todos os níveis. Mesmo em ataque planeado.

MF – Há muita gente nova na seleção.
PF –
Sim, por decisão do Shevchenko. Ele tem renovado as escolhas e o rumo parece-me positivo. Vi os últimos jogos e a seleção ucraniana está diferente para melhor.

MF – Todos conhecemos o Shevchenko como ponta-de-lança. Milan, Chelsea… mas o que nos pode dizer dele enquanto treinador?
PF –
Tem sido muito agradável a nossa relação. Temos trocado ideias. Gosto da pessoa e do treinador. Gosto da forma como pensa o jogo e o treino. Ele deu à Ucrânia uma clara influência italiana na sua forma de olhar para o jogo. Esteve oito anos no Milan e tem dois adjuntos italianos muito bons, o Mauro Tassotti e o Andrea Maldera. Temos no Shevchenko um treinador promissor. Não sei quais são os planos dele, não sei se tem a ambição de trabalhar em clubes, mas o trabalho que está a fazer na Ucrânia está a ser fantástico. A Ucrânia pode vir a ter uma seleção muito interessante.

Esta é a Ucrânia que Shevchenko está a construir

MF – Consideraria Portugal favorito, ainda assim?
PF –
Sim, a Seleção Nacional tem jogadores de mais qualidade técnica, tem um palmarés mais rico e jogadores nas melhores ligas do mundo. E defende o título europeu.

MF – De que forma os ucranianos olham para a seleção de Portugal?
PF –
Sinceramente, falam sobre tudo do Cristiano Ronaldo. Todas as análises começam por aí, por ele. Ainda por cima o Cristiano vai regressar agora, por isso o nome dele é obrigatório. É um fenómeno impressionante.

MF – A Ucrânia chega a Portugal com um estreante de peso: o Júnior Moraes.
PF –
É meu jogador no Shakhtar e o atual melhor marcador da liga ucraniana. Já fez mais de 20 golos esta época e foi a contratação mais sonante da equipa, pois jogava no Dínamo Kiev, o nosso maior rival. Não sei se vai já ser titular ou não, mas será um avançado muito útil para o Shevchenko, tem movimentos muito bons no relvado.

[artigo publicado originalmente às 23h58 do dia 21 de março]

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