Rui Pedro: «No Leixões voltei a ser feliz a jogar futebol»

4 nov 2020, 09:57

Entrevista ao avançado dos matosinhenses, ex-jogador do FC Porto - Parte IV

O que resta do avançado que em dezembro de 2016, com 18 anos, decidiu no período de compensação um FC Porto-Sp. Braga? Tudo? Como está Rui Pedro, quatro anos de entrar nas manchetes dos jornais e abrir todos os programas desportivos?

O Maisfutebol encontra um homem de 22 anos muito calmo, disposto a contrariar a fama de bad boy que diz ser injusta. Esta é a primeira vez, desde 2012, que não tem ligação contratual ao FC Porto. Uma vida nova, uma liberdade a pedir responsabilidade.

No passado domingo também saltou do banco e deu a vitória ao Leixões, sobre o Benfica B, já depois do minuto 90. Leva três golos (esse, mais um ao Varzim e outro ao Santa Marta) nos últimos quatro jogos e está decidido a ajudar os bebés do Mar a subir de divisão.


PARTE I: «O Sérgio Conceição não esteve com coisas, disse que não contava comigo»

PARTE II: «Dava cachaços ao João Félix no quarto da Casa do Dragão»

PARTE III: «Gosto e preciso de ser mimado pelos treinadores»

Maisfutebol – Entrou e decidiu o jogo contra o Benfica. Voltou a ser feliz no futebol?
Rui Pedro – Sinto-me bem. Decidi vir para o Leixões muito por aquilo que se passou na época passada. Estávamos muito bem e a II Liga teve de ser cancelada por culpa da pandemia. Senti-me muito bem cá, muito acarinhado e voltei a ser feliz a jogar futebol, o que já não acontecia há algum tempo. Por tudo isso quis voltar ao Leixões. Estou a marcar golos e isso é o mais importante. Por muito boa que seja a exibição de um avançado, se não fizer golos… não dá nas vistas como devia.

O que sentiu ao voltar a decidir um jogo tão importante? O Leixões precisava muito dos pontos.
Foi um golo importante. Saltei do banco e ajudei o Leixões. Precisávamos muito deste jogo. Estávamos a trabalhar bem e faltava um bocadinho de sorte. Eu sei que a sorte não vem de repente, mas merecíamos a vitória já há algum tempo.

O Leixões tem plantel para andar lá em cima e lutar pela subida à I Liga?
Sinceramente, temos um plantel muito, muito forte se olharmos à qualidade individual. Temos jogadores excelentes, muito bons. Coletivamente… estamos a trabalhar para ser mais fortes, mas estão a faltar algumas coisas, é verdade. A II Liga é muito competitiva, faltam muitos jogos e, de repente, o primeiro perde com o último e tudo muda. Temos de pensar como grupo, não podemos olhar para o nosso umbigo. Se eu fizer golos e o Leixões não subir ou não estiver bem, ninguém olha para mim. O bem do Leixões é o nosso bem. Temos todos de pensar assim e pensar no agora. Noutros tempos pensava no que poderia vir antes de fazer o que tinha de fazer no presente. Se calhar foi muito por aí que a minha carreira ainda não avançou como eu espero.

Beto, Paulo Machado, Nené. Como é que esses jogadores mais mediáticos se têm portado no Leixões?  
O Paulo Machado é uma comédia, é um gajo altamente. Trabalha sempre bem, é uma pessoa top. E o Beto é igual. Chegou, pediu para o tratarmos como sendo só mais um, mas é difícil. Olhamos para a carreira do Beto e é complicado. Ele e o Paulo são pessoas incríveis. O Nené não fala tanto, mas é um tipo espetacular e tem-me ajudado muito. Os movimentos, a relação com a bola, a forma como devo finalizar. Tenho aprendido muito com o Nené. É bom lembrar que ele fez 25 golos numa época pelo Nacional da Madeira. Ele até me disse que na altura não teve os mesmos convites que teria agora. Da forma como está o futebol agora, ele teria dado um salto ainda maior.

O Leixões começou com o Tiago Fernandes e agora está com o João Eusébio. Estão confortáveis com as mudanças de ideias e de treinador?
Sinto-me bem com o João, é um bom treinador e interage muito com o grupo. Tem-nos ajudado muito a entrar em campo e a perceber o que cada um deve fazer. A atitude e a raça estiveram sempre lá, são muito vincadas no Leixões. Quem joga no Leixões tem de deixar o sangue em campo e temos todos de perceber isso. Mesmo eu, que já cá estava no ano passado. Gosto do mister João Eusébio e desde que ele chegou eu tenho quatro jogos e três golos. O Nené e o Jota também têm marcado. Temos uma boa equipa e um caminho bom pela frente.


Gostava de aproveitar esta entrevista para agradecer ao outro mister. O Tiago Fernandes foi fantástico comigo, a forma como nos relacionámos foi fantástica, ele é uma pessoa cinco estrelas e só lhe posso desejar tudo de bom.

Como está o Leixões, o clube, nesta altura?
O Leixões tem tudo para estar na I Liga. Basta pensar nos adeptos e na história que tem. Infelizmente, por culpa da pandemia, não tenho andado muito pela cidade de Matosinhos. Eu sou de Vila Nova de Gaia e a minha vida tem sido treino-casa, casa-treino. Mas o Leixões é um clube de I Liga. Temos de pensar com calma, colocar os pés na terra e saber bem o que temos de fazer.  

Relacionados

Mais Lidas

Patrocinados