Rui Pedro: «Gosto e preciso de ser mimado pelos treinadores»

4 nov 2020, 09:53

Entrevista ao antigo avançado do FC Porto, agora no Leixões - Parte III

Entre 2012 e 2020, Rui Pedro foi jogador do FC Porto. Começou no Sporting Paivense, chegou aos dragões nos iniciados e chegou a ser decisivo na equipa principal. Com a chegada de Sérgio Conceição e a saída de Nuno Espírito Santos, as oportunidades desapareceram e os empréstimos a clubes de menor dimensão foram a solução lógica.

Depois de passar por Boavista, Varzim, Granada B e Leixões, Rui Pedro rescindiu o contrato que o unia há oito temporadas ao FC Porto e voltou ao Estádio do Mar. Marcou três golos nos últimos quatro golos e garante, ao Maisfutebol, que o avançado que tanto prometia ainda existe.

PARTE I: «O Sérgio Conceição não esteve com coisas, disse que não contava comigo»


PARTE II: «Dava cachaços ao João Félix no quarto da Casa do Dragão»

PARTE IV: «No Leixões voltei a ser feliz a jogar futebol»

Maisfutebol - Esteve vários anos na formação do FC Porto, comecemos por aí. Que momentos mais o marcaram nesse percurso?
Rui Pedro - Aproveitei ao máximo essa fase. Foi incrível. Fiz lá o meu melhor amigo, por exemplo.

É o Rui Pires?
Sim, sim.

Ele disse-nos o mesmo em relação a si. Bate certo.
O Rui é o amigo mais especial, por muitas coisas. Fiz outros grandes amigos, mas andei com o Rui desde os sub15 à equipa B. Criámos uma relação muito próxima, mesmo em termos familiares.

Como é que o FC Porto o descobriu?
Eu jogava nos iniciados do Paivense e fui jogar contra o Feirense. Paivense-Feirense, em Castelo de Paiva. Um empresário estava lá a observar outro jogador, que por acaso também foi para o FC Porto. Estávamos a perder 2-0, eu entrei e marquei três golos. Na semana seguinte, esse empresário apareceu em minha casa e falou comigo. ‘Tu és isto, podes vir a ser isto…’ Acabei por ir treinar ao Sp. Braga, ao Benfica e depois ao FC Porto. Gostei de estar no Benfica, mas o coração falou mais alto e acabei por ir para o Porto.

Com que treinador mais gostou de trabalhar no FC Porto?
Claro que vou dizer Nuno [Espírito Santo] porque foi ele quem me lançou (risos). Aprendi com todos, essa é a realidade. O António Folha é um homem fantástico. O Mário Silva é muito bom treinador e se calhar não lhe demos tanto valor como ele merecia. Estávamos no Padroense – o clube tinha uma parceria com o FC Porto – e a equipa oscilava muito. Grande treinador, como está a provar. O Luís Castro, claro. Por tudo. Pela pessoa que é, pelo treinador que é, pela forma como interage e treina como os jogadores. Para mim é muito importante um treinador que saiba interagir com os jogadores.

Porquê? Por que razão valoriza tanto isso?
Vou ser muito sincero. Eu gosto e preciso de ser mimado pelos treinadores. Ser descartado é muito difícil. Se um treinador te dá «duras» é porque se preocupa e gosta de ti. Também gostei muito do Vitor Severino e do João Brandão. E, claro, o Nuno foi dez estrelas comigo. Não estava nada à espera da forma como ele me lançou. Foi tudo tão repentino, tão maravilhoso, que nem consegui viver e sentir as coisas. A forma como o Nuno me chamava, me olhava, são coisas que me marcam. Desejo-lhe tudo de bom.

A saída do Nuno do FC Porto foi má para si?
Se calhar, se calhar. Não sei. Não vale a pena pensar muito nisso, não gosto dos «ses».

Nunca teve a possibilidade de fazer uma pré-época e lutar por um lugar no plantel?
Só fiz a pré-época com o mister Conceição antes de ser emprestado ao Boavista. Não é fácil não ter lugar no nosso clube do coração. Quando estamos ligados a um clube durante muito tempo, custa muito sair e desligar. Queremos ver os jogos, saber como estão as coisas… é difícil voltar ao clube depois de um empréstimo. Aconteceu com o Gonçalo Paciência e não muito mais. Só fiz essa pré-época. Depois era sempre o mesmo: começava com a equipa B e saía por empréstimo.

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