«Dava cachaços ao João Félix no quarto da Casa do Dragão»

4 nov 2020, 09:48

Entrevista ao avançado do Leixões, ex-FC Porto - Parte II

Nos muito anos de ligação ao FC Porto, Rui Pedro cruzou-se com centenas de colegas. Um deles chama-se João Félix. Foram colegas de quarto na Casa do Dragão e Rui não podia ser mais elogioso para o antigo camarada.

Na entrevista ao Maisfutebol, Rui Pedro fala de Félix e também das dificuldades que sentiu no empréstimo ao Boavista. Aos 22 anos, o atacante renasce ao serviço do histórico Leixões.

PARTE I: «O Sérgio Conceição não esteve com coisas, disse que não contava comigo»

PARTE III: «Gosto e preciso de ser mimado pelos treinadores»

PARTE IV: «No Leixões voltei a ser feliz a jogar futebol»

Maisfutebol – Nos empréstimos que teve ao Boavista, ao Varzim e ao Granada B teve um bom acompanhamento por parte do FC Porto?
Rui Pedro – Não posso dizer que me acompanhavam muito. Ligavam-me de vez em quando. Depois de sair do FC Porto, a minha cabeça continuava lá. Não me consegui desligar totalmente do Porto. Fui para um clube rival [Boavista], que eu não sabia que era rival, e senti lá isso na pele. Apesar de ter personalidade, fiquei abalado com muitas coisas. Era um miúdo ainda.

Por ser emprestado pelo FC Porto, o Rui ficou com um estigma no Boavista?
Sim, sim. Por ser do FC Porto e portista.

Chegou ao Boavista com expetativas altas?
Claro, poucos meses antes estava a jogar no FC Porto. No primeiro jogo que fiz a titular marquei ao Estoril, mas no jogo a seguir jogámos contra o FC Porto e não pude ser utilizado, por estar emprestado. Ainda fui titular em Tondela e fiz um jogo abaixo das expetativas. Depois o Yusupha fez uma exibição ótima e o treinador [Jorge Simão] não o podia tirar da equipa, não fazia sentido nenhum. Eu fui para o banco e as coisas foram por aí.

A seguir foi cedido ao Varzim. Gostou de estar na Póvoa?
Muito, muito. O grupo era espetacular e o treinador [Fernando Valente e, depois, César Peixoto] ajudou-me sempre. Joguei com regularidade, era o que eu precisava naquela altura.

O empréstimo à equipa B do Granada foi surpreendente. Consegue explicar essa opção?
O Granada apareceu e demonstrou muito interesse por mim. Eu só queria jogar e arrisquei tudo. Gostei de lá estar, mas… não foi se calhar a opção correta. Eu fui numa de jogar. Disseram-me que eu teria oportunidades e que seria bom para o meu crescimento. Arrisquei.

Em 2017, ainda antes do empréstimo ao Boavista, foi vice-campeão europeu de sub17.
Perdemos contra a Inglaterra na final, tínhamos uma equipa muito forte. Fizemos o que esperavam de nós. Ainda marquei dois golos, o mister Hélio Sousa era incrível. Tenho muitas saudades da seleção, confesso. É o auge para qualquer jogador. É assim que eu penso. Representar o nosso país é a coisa mais importante que pode haver. Fui internacional até aos sub20.

Essa equipa tinha mais dois avançados muito bons: Rafael Leão e Jota.
Sim, eram todos muito bons. O Dalot, o Diogo Queirós, o Diogo Costa, uma seleção muito forte mesmo. A final esteve quase a cair para nós, foi pena.

Quem era o seu ídolo de infância?
O Radamel Falcao. Mais tarde, o Lewandowski e o João Félix (risos). Jogou comigo, era um miúdo, dava-lhe cachaços no quarto da Casa do Dragão e agora está aí, em grande. O Benzema, o Firmino. Mas o Lewandowski está acima de todos.

O João Félix já se destacava na formação do FC Porto?
Vou ser sincero. Eu via já nele o que o Félix é agora. Muito potencial. Miúdo, magrinho, mas a tratar muito bem a bola. Nós tínhamos o departamento PJE – Potencial Jogador de Elite – e os melhores de cada equipa iam lá treinar. Com os misters Pepijn Lijnders e Telmo Sousa. O Félix treinava connosco e era diferente, mesmo muito bom. Ele era um ano mais novo do que eu. Fisicamente não era o que é hoje, mas tecnicamente era fenomenal.

Como foi a experiência de viver na Casa do Dragão?
Fantástico, fantástico. Passei lá alguns dos melhores momentos da minha vida. As pessoas que lá trabalham são de uma humildade incrível. A cozinheira, a Fatinha, era uma mãe para todos nós. Saí da minha família e lá fui tratado como um filho adotado. Agora está lá o meu irmão.

Como se chama o seu irmão?
Tiago Sousa, também é avançado.

Relacionados

Patrocinados