Universitários do Porto querem testar semana de quatro dias no Ensino Superior

ECO - Parceiro CNN Portugal , Joana Nabais Ferreira
26 fev 2023, 11:00
Porto (imagem Getty)

A Federação Académica do Porto apresentou um projeto-piloto, que já foi recebido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

À semelhança do que está a aconteceu no mundo laboral, a Federação Académica do Porto, estrutura representante dos estudantes da Academia do Porto, quer testar e debater a semana de quatro dias no Ensino Superior. A proposta para um projeto-piloto já foi entregue ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

“A proposta desenvolvida não pretende que as Instituições de Ensino Superior (IES) funcionem apenas durante quatro dias por semana. Pretende uma reorganização da jornada de aulas”, começa por dizer Ana Gabriela Cabilhas, presidente da Federação Académica do Porto. “A sociedade tem evoluído de forma tão disruptiva que o país quer testar a semana de quatro dias de trabalho. Peço que o Ensino Superior integre, pelo menos, a reflexão. Se nunca testarmos, nunca saberemos se resulta”, continua.

Entre os principais motivos que justificam o piloto está a elevada carga horária — 21 horas de aulas semanais, contrastando com as médias de 16 a 18 horas da França, Bélgica e Países Baixos, as 14 a 15 horas do Reino Unido e Irlanda e as 10 horas da Suécia — bem como os níveis de burnout no Ensino Superior. Portugal está entre os países europeus com maior prevalência de perturbações do foro psicológico ou psiquiátrico, e a população estudantil não é exceção.

“A redução da carga horária pode apresentar externalidades positivas no bem-estar físico e na saúde mental dos estudantes. A carga horária excessiva, a pressão relativamente à média final, a incerteza sobre o futuro profissional ou a dificuldade em conciliar a componente letiva com a participação em atividades extracurriculares e a prática frequente de exercício físico são algumas das variáveis apontadas pelos estudantes que motivam o aumento dos níveis de ansiedade e exaustão”, defende Ana Gabriela Cabilhas.

A libertação de um dia útil permitiria, assim, aumentar o tempo disponível para atividades de desenvolvimento transversal, de caráter formal ou informal, e para a participação em atividades desportivas, culturais, associativas ou de voluntariado, na IES ou na cidade de estudo.

“A valorização formal da aprendizagem não formal é essencial para que mais estudantes compreendam a importância de desenvolverem outras competências fora da componente letiva e a dedicação que esta exige. O desenvolvimento pessoal e interpessoal dos estudantes é fundamental para a inserção na vida ativa”, defende a Federação Académica do Porto.

A proposta, cujo modelo de adesão seria através de candidatura voluntária, sugere um semestre de implementação em modo piloto e destina-se aos 2.º, 3.º ou 4.º anos de licenciatura e mestrado integrado. Além da introdução de um dia livre comum na IES, para os ciclos de estudos abrangidos pelo projeto-piloto, bem como da redução efetiva da carga horária em contexto de sala de aula e adequação do número de ECTS ao volume de trabalho real de cada unidade curricular, estão também entre os principais requisitos ações de formação para o corpo docente, dedicadas à implementação dos métodos e metodologias mobilizadas para o projeto.

Os resultados do piloto seriam avaliados, posteriormente, em cada IES por estudantes, docentes e centro de investigação.

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