Licenciados que entraram no mercado de trabalho em 2020 ganham menos do que os que entraram em 2006

9 jun 2023, 12:50
Preços, dinheiro, euro, inflação, economia. Foto: Marijan Murat/picture alliance via Getty Images

Estudo do Banco de Portugal mostra que o diferencial entre o salário de entrada dos jovens com ensino superior e o dos restantes níveis de ensino no mercado de trabalho se reduziu entre 2006 e 2020

Os jovens com ensino superior que entraram no mercado de trabalho em 2020 ganhavam menos do que aqueles que entraram, nas mesmas condições, em 2006. Isso mesmo mostra um estudo do Banco de Portugal.

O estudo, que analisou os reportes anuais de 559 833 empresas ao Ministério do Trabalho e dos dados de 4 389 129 trabalhadores, mostra “uma redução muito acentuada do salário médio de entrada” dos trabalhadores com ensino superior, entre 2010 e 2014, seguida de uma recuperação. “No período mais recente, o salário médio real de entrada ainda é inferior ao observado entre 2006 e 2010, mas o perfil ascendente dos salários nos anos que se seguiram foi mais acentuado. Tal poderá estar associado a um ajustamento gradual da procura de trabalho ao aumento significativo da oferta de trabalhadores com escolaridade mais elevada”, pode ler-se no estudo.

A diferença salarial entre jovens que entraram no mercado de trabalho com um grau académico superior e os que têm ensino secundário ou menos também reduziu.

A distribuição dos salários neste período foi afetada por três recessões económicas (2008-2009, 2011-2013 e 2020) com impacto diferente no mercado de trabalho. No período de 2011-2013, o emprego diminuiu 8,2%, enquanto a taxa de desemprego atingiu o máximo histórico de 17,1% em 2013. Já a natureza conjuntural da crise pandémica de 2020 e as medidas de apoio mitigaram os efeitos no emprego e nos salários. O regime de layoff simplificado implicou a redução de salários para alguns trabalhadores nas empresas abrangidas, mas permitiu a manutenção do emprego.

As conclusões, adianta o BdP, são o resultado de um aumento significativo de jovens no mercado de trabalho com este nível de ensino: A percentagem de jovens que entraram no mercado de trabalho com ensino superior passou de 29%, em 2006, para 33%, em 2020. Mas está também relacionada com a entrada em vigor do Processo de Bolonha, em 2006, que reduziu para três anos a duração das licenciaturas e introduziu um segundo ciclo de estudos que, no total, tem uma duração igual à da licenciatura pré-Bolonha. De acordo com o BdP, isto contribuiu para a redução do diferencial salarial no momento de entrada entre os trabalhadores com licenciatura e os trabalhadores com ensino secundário, assim como para um diferencial salarial positivo entre os trabalhadores com mestrado e os trabalhadores com licenciatura.

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