Empresas acusam Governo: há países que já vão no “no terceiro pacote de ajudas” e "Portugal ainda está a desenhar o primeiro”

Agência Lusa , FMC
7 set 2022, 18:40
Executivos e impacto das alterações climáticas nas empresas

O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal defendeu esta quarta-feira que as empresas precisam de medidas para minorar os custos de energia, manter o emprego e de caráter fiscal, alertando para o “enorme esforço de tesouraria” que têm feito.

Em declarações à Lusa, em antecipação das medidas que o Governo deverá anunciar em breve para as empresas, António Saraiva apelou desde logo a iniciativas “que minorem este enorme esforço de tesouraria que as empresas estão a suportar com os consumos energéticos”.

O presidente da CIP reconheceu, no entanto, que isto deverá acontecer “no quadro do que a União [Europeia] venha a definir”, indicando que tal pode acontecer “eventualmente com fundos próprios como aconteceu com a covid-19, com a UE lançar a um fundo para que os países com menos possibilidades, como o nosso, atendendo à estrutura das nossas contas públicas, possam recorrer a esses fundos e disponibilizar financiamento as empresas para este alívio da fatura energética”.

Além disso, apelou, é preciso iniciativas “que evitem a dispensa de mão-de-obra porque as empresas não suportarão muito mais tempo esta redução que estão a ter de procura e estes enormes custos de produção”. Para António Saraiva em cima da mesa poderia estar “um ‘lay-off’ ajustado à necessidade das empresas e ou colocar as pessoas em formação profissional para que se evite a redução dos efetivos”.

Por fim, o presidente da CIP reclamou uma redução da carga fiscal, apontando “medidas de caráter fiscal que no quadro do Orçamento do Estado e tendo o realismo da sustentabilidade das contas públicas, mas também este enorme excedente do Estado português”, salientou, referindo que enquanto há países que já vão “no terceiro pacote de ajudas”, como a Alemanha, “Portugal ainda está a desenhar o primeiro”.

Para António Saraiva, o Governo poderia atuar em questões como tributações autónomas, IRC, ou diferimento de prejuízos.

O pacote de apoios às famílias que o Conselho de Ministros extraordinário aprovou na segunda-feira para mitigar o impacto do aumento do custo de vida no rendimento tem o valor global de 2.400 milhões de euros.

O custo total do plano este ano foi anunciado pelo primeiro-ministro, António Costa, em conferência de imprensa, após o Conselho de Ministros extraordinário, em Lisboa.

O primeiro-ministro indicou que os 2.400 milhões de euros adicionais somam-se aos 1.600 milhões de euros em apoios mobilizados até setembro.

"Ao todo, o plano do Governo para fazer face aos impactos da guerra e da subida dos preços já atinge 4.000 milhões de euros", disse António Costa, dando nota de que os apoios específicos para as empresas serão avaliados e decididos "com muita brevidade", após a conclusão do Conselho de Energia da União Europeia, que terá lugar ainda esta semana.

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