Mais de 70% dos empregos perdidos em 2020 eram ocupados por jovens com menos de 30 anos

CNN Portugal , BCE
6 dez 2022, 07:40
Jovens

REVISTA DE IMPRENSA. Além dos contratos a termo que não garantem estabilidade, muitos destes jovens ganham o salário mínimo, mesmo que tenham qualificação de ensino superior

Mais de 70% dos postos de trabalho que se perderam no início da pandemia eram ocupados por jovens trabalhadores com menos de 30 anos. A notícia é avançada pelo jornal Público, que cita dados do Livro Branco – Mais e Melhores Empregos Para os Jovens, um trabalho conjunto da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Observatório do Emprego Jovem (OEJ) e a Fundação José Neves (FJN), apresentado esta terça-feira.

Dos 95.500 postos de trabalho que desapareceram em 2020, 68.200 pertenciam a trabalhadores com menos de 30 anos, muitos deles precários, apesar das qualificações de ensino superior. Do total de jovens trabalhadores que perderam o emprego no primeiro ano da pandemia, 49.200 tinham entre 15 e os 24 anos, enquanto 19 mil estavam tinham entre 25 e 29. Quer isto dizer que estas duas faixas etárias representam 71,4% do emprego perdido em 2020.

O documento salienta que "Portugal tem evidenciado níveis de desemprego jovem superiores à média da União Europeia". Este indicador chegou a diminuir de 34,4% para 17,9% antes da pandemia, mas voltou a aumentar rapidamente logo após 2020, atingindo os 23,4% em 2021. Para tal, muito contribuem o difícil acesso ao mercado de trabalho e o abuso dos contratos a termo.

Não é, por isso, surpresa que os setores mais afetados pela pandemia tenham sido a hotelaria e a restauração, que são precisamente os que têm mais contratos a termo e que empregam muitos jovens trabalhadores, refere o documento. Nesta perspetiva, acrescenta-se, é certo que os apoios do Governo como o layoff simplificado "incentivaram a não despedir, mas não asseguraram a renovação dos contratos temporários".

"O emprego temporário limita oportunidades e torna os jovens mais vulneráveis. ​O peso destes vínculos entre os trabalhadores mais jovens é particularmente alarmante, em particular quando comparado com os restantes países europeus”, adverte o documento.

Além dos contratos a termo que não garantem estabilidade, muitos destes jovens ganham o salário mínimo, a realidade de 33,9% dos jovens até aos 25 anos e 25,8% dos jovens entre os 25 e 29 anos. Nos trabalhadores com 30 anos ou mais, são 23,7%.

Ora, esta “baixa qualidade do emprego tem levado muitos jovens a emigrar e a expansão do trabalho remoto é uma ameaça acrescida”, referem os autores, que salientam a discrepância entre os salários auferidos pelos jovens trabalhadores portugueses e os jovens de outros países da União Europeia (UE). Um português com menos de 30 anos ganha por mês 55% da média da UE, 33% da média salarial na Suíça, e 47% da Alemanha, que são precisamente alguns dos principais destinos de emigração de portugueses.

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