Polémica nos preços da eletricidade: João Galamba sabia que Nuno Ribeiro da Silva ia revelar aumentos

CNN Portugal , BCE
3 ago 2022, 07:32
Eletricidade

REVISTA DE IMPRENSA. O presidente da Endesa falou com o secretário de Estado do Ambiente e da Ação Climática antes da polémica entrevista, onde revelou ao governante que ia dar uma entrevista onde abordaria os aumentos inevitáveis

O anúncio de um eventual aumento dos preços de cerca de 40% já este mês por parte do presidente da Endesa parece ter surpreendido o Governo, que rejeitou as declarações de Nuno Ribeiro da Silva, classificando-as como "alarmistas". As declarações do responsável da elétrica levaram mesmo António Costa a mudar regras no Estado em resposta ao que designou como "ameaça especulativa" da Endesa sobre os aumentos na fatura da luz.

Porém, de acordo com o jornal i, o secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, já sabia de antemão que Nuno Ribeiro da Silva daria uma entrevista na qual abordaria precisamente a subida do preço da eletricidade. Confrontado com esta questão pelo i, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática remete apenas para o recuo por parte da elétrica, que entretanto já veio esclarecer que vai manter os preços contratuais até dezembro.

Num despacho assinado pelo primeiro-ministro, enviado esta terça-feira às redações, o Governo determina que os pagamentos da prestação de fornecimento de energia da Endesa aos serviços da administração do Estado terão de ser validadas pelo secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba. Ao final do dia. 

Só desde o início do ano, foram publicados 69 contratos de fornecimento de energia com a Endesa por parte de entidades públicas, de acordo com os dados do portal Base. Estes contratos incluem escolas, universidades e hospitais, passando também por empresas públicas e autarquias. Ao todo, ultrapassam os 97 milhões de euros, a que acresce o IVA.

Os últimos contratos publicados datam de segunda-feira, dia anterior à entrevista de Nuno Ribeiro da Silva à Antena 1 e ao Jornal de Notícias, nomeadamente um ajuste direto feito pela Companhia Carris de Ferro de Lisboa, no valor de 1.109.910 euros, e uma compra da Ensiprof (Ensino e Formação Profissional) por concurso público, no valor de 63.719,49 euros. 

Nas autarquias, a de Loulé assinou um contrato com a elétrica por três anos, no valor de 9,2 milhões de euros, enquanto a de Sintra assinou um contrato de seis meses, no valor que ronda os sete milhões de euros. 

Também a Autoridade Tributária assinou contrato com a Endesa até ao final do ano, no valor de 3,5 milhões de euros, tal como o Instituto da Segurança Social, que acordou com a elétrica os seus serviços pelo mesmo período, mas no valor de 3,8 milhões de euros. 

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