As margens são mínimas e os dois candidatos lutam por conseguir assegurar o máximo de votos no colégio eleitoral
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Aconteça o que acontecer, história vai ser feita. Os Estados Unidos da América vão parar para eleger o seu líder num dos atos eleitorais mais renhidos da história do país. Mais de 65 milhões de americanos já expressaram a sua intenção com votação antecipada. O resultado poderá ter impacto no comércio, na economia e até na paz, um pouco por todo o mundo.
Se a candidata democrata vencer, Kamala Harris será a primeira mulher a ocupar o cargo na história dos Estados Unidos. Já o candidato republicano Donald Trump tornar-se-ia no segundo presidente da história a conseguir a reeleição depois de ter sido derrotado numa primeira tentativa.
Quais são os Estados decisivos a que devo prestar atenção?
Numa eleição que se prevê renhida, todos os votos do colégio eleitoral importam, no entanto, tudo aponta para que o desfecho desta campanha seja jogado em apenas sete Estados, conhecidos como swing states.
São eles Arizona (11), Carolina do Norte (16), Geórgia (16), Michigan (15), Nevada (6), Pensilvânia (19) e Wisconsin (10). A Pensilvânia, que é o que vale mais votos no Colégio Eleitoral, é o alvo principal de ambos os candidatos e é um dos que deve observar com maior atenção.
Os restantes Estados estão relativamente seguros para os dois partidos.
A que horas fecham as urnas dos principais Estados?
As primeiras sondagens à boca da urna vão aparecer por volta das 22 horas de Portugal. Estes primeiros dados podem trazer pistas importantes para perceber algumas tendências que podem vir a intensificar-se à medida que novos dados vão surgindo. Porém, recorde-se que os Estados Unidos têm vários fusos horários e algumas zonas eleitorais só fecham algumas horas depois.
Kentucky e Indiana são os primeiros Estados a encerrar as votações e os últimos são o Alasca e o Havai, que terão as suas primeiras projeções por voltas das quatro horas da manhã de Lisboa.
Mas todos os olhos estarão postos nos swing states e o primeiro a encerrar é na Geórgia, por volta da meia-noite de Lisboa. Meia hora depois fecham as urnas da Carolina do Norte e, de seguida, na Pensilvânia, à 01:00. Entre a 01:00 e as 02:00 encerram as urnas no Michigan, no Wisconsin e no Arizona às 02:00 e no Nevada às 03:00.
Que pistas podem antecipar o vencedor?
É precisamente na Geórgia e na Carolina do Norte onde deve procurar por pistas sobre para onde a eleição poderá pender. Por norma, os resultados destes Estados são rápidos a chegar, embora isso não se traduza necessariamente no fecho célere da contagem de votos.
Para ter uma ideia mais precisa do que se poderá passar terá de olhar mais a fundo e tentar compreender como é que o mapa eleitoral poderá ter mudado nas zonas rurais e suburbanas conquistadas pelos democratas em 2020.
Na Carolina do Norte, o desempenho de Harris nos condados urbanos de Wake e Mecklenburg indicará quanto Trump precisará compensar nas áreas rurais onde tem mais apoio. Já na Pensilvânia, Harris aposta numa alta participação em Filadélfia e busca ampliar a vantagem democrata nos condados suburbanos ao redor da cidade, que representam 43% dos votos do Estado.
Vou saber quem é o vencedor na noite eleitoral?
É um cenário pouco provável, a avaliar pelas sondagens. Algumas das principais fontes apontam para margens muito pequenas nos Estados mais decisivos, o que pode significar que apenas alguns milhares de votos podem fazer a diferença e indicar um vencedor. Por isso, espera-se que a contagem de votos em algumas destas localidades possa vir a demorar vários dias.
Outro fator que pode atrasar a divulgação de resultados é a possibilidade de os partidos colocarem em causa determinados resultados em tribunal. Alguns Estados têm regras que permitem uma recontagem automática dos votos quando a margem de vitória é muito pequena, o que também pode atrasar o processo de anúncio de um vencedor.
Em 2020, Joe Biden foi declarado vencedor quatro dias depois das urnas fecharem. Ainda assim, os resultados da Carolina do Norte, onde Donald Trump venceu, só foram anunciados dez dias depois da eleição e na Geórgia, onde ganhou Joe Biden, o resultado só foi conhecido 16 dias depois.
Pode haver um empate?
Sim. Embora o empate não seja um resultado provável, é algo que pode acontecer.
Um cenário plausível nestas eleições passa por uma vitória de Harris em Wisconsin, Michigan, Arizona e Nevada e um único voto eleitoral no Nebraska, todos os quais Joe Biden ganhou em 2020, mas se a candidata perder a Pensilvânia e a Geórgia haverá um empate, 269-269.
O website 270 to Win também apresenta mais cenários de eleições empatadas.
Ao contrário de todos os outros Estados, o Maine e o Nebraska atribuem dois eleitores ao vencedor estadual e um ao vencedor de cada distrito congressional. Esses votos eleitorais individuais e competitivos no Maine e no Nebraska tornam-se extremamente importantes em possíveis cenários de empate.
O que acontece se houver empate?
Se houver um empate 269-269, ou se um terceiro partido ou um candidato independente ganhar votos eleitorais e impedir que um candidato atinja uma maioria de 270 no Colégio Eleitoral, o passo seguinte é o mesmo. Chama-se a isso uma “eleição contingente”.
De acordo com a 12.ª Emenda, promulgada na sequência da eleição divisória de 1800, se nenhum candidato obtiver a maioria dos votos do Colégio Eleitoral, o novo Congresso, que tomaria posse a 3 de janeiro, escolhe o presidente. O Senado escolheria o vice-presidente.
Um número pequeno de eleitores pode decidir as eleições
Em 2020, oito Estados foram decididos por menos de cinco pontos percentuais - em 2016 foram 12. A margem mais apertada registou-se na Geórgia, onde Biden venceu por menos de um quarto de ponto percentual, ou seja, menos de 12 mil votos.
Em números reais, as margens apertadas nesses Estados equivalem a um número muito pequeno de eleitores num país de mais de 330 milhões de pessoas, mas são necessárias para que qualquer um dos candidatos atinja uma contagem de 270 no Colégio Eleitoral.
Alguns desses Estados foram decididos por dezenas de milhares de votos. Biden ganhou para os democratas em cinco Estados em 2020 - Arizona, Geórgia, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin - onde Hillary Clinton perdeu, muitas vezes por margens muito pequenas, em 2016.