“Não há grande evidência de que debates vice-presidenciais tenham importância”. Debate entre Tim Walz e JD Vance tem imigração em cima da mesa

Agência Lusa , TR
30 set, 11:28
Tim Walz JD Vance candidatos vice-presidente EUA (AP)

Republicano tentará fazer o que Donald Trump não conseguiu no seu embate com Kamala Harris, de atacar a candidata sem perder a compostura

O debate desta semana entre os candidatos a vice-presidente nos EUA, Tim Walz e J.D. Vance, deverá centrar-se na imigração, economia e aborto, com democratas e republicanos praticamente empatados nas sondagens, salientam analistas políticos. 

Thomas Holyoke, professor da Universidade Estadual da Califórnia em Fresno, antecipou à agência Lusa que os temas em destaque no debate de Nova Iorque na terça-feira (madrugada de terça para quarta-feira em Portugal Continental), serão a economia e a imigração e que o republicano J.D. Vance tentará fazer o que Donald Trump não conseguiu no seu embate com Kamala Harris, atacando a candidata sem perder a compostura.

Do outro lado, “Walz poderá tentar atingir Vance por causa da história dos migrantes do Haiti a comerem animais de estimação em Springfield, visto que Vance continua a defendê-la apesar de ser ridícula”, apontou Holyoke. 

O professor referia-se a uma acusação falsa feita por Donald Trump e repetida por J.D. Vance de que a comunidade de migrantes oriundos do Haiti que se estabeleceu em Springfield, Ohio, estaria a roubar e a comer cães e gatos. A história causou controvérsia e levou mesmo a ameaças de bomba na cidade. 

Segundo prevê Thomas Holyoke, Tim Walz poderá tentar substanciar algumas das políticas económicas da plataforma democrata a que Kamala Harris aludiu no primeiro debate. 

“Não há grande evidência de que debates vice-presidenciais tenham importância”, afirmou Thomas Holyoke: “Tim Walz não tem recebido muita atenção e Vance só repete o que Donald Trump diz, por isso não há grande atração neste debate”. 

Também o professor Joel K. Goldstein, um dos maiores especialistas na vice-presidência norte-americana, salientou que os debates entre candidatos a número dois “não fazem grande diferença”. 

No entanto, chamou a atenção para o facto de este ser o último debate que está agendado, já que Donald Trump afastou a possibilidade de voltar a ter um frente a frente com Kamala Harris. 

“É difícil prever como isto vai correr. Vance tem sido muito agressivo a atacar os democratas e suponho que seguirá essa abordagem”, explicou o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Saint Louis. 

“Walz tende a ter um estilo diferente e estou certo de que argumentará contra as políticas da dupla Trump-Vance”, continuou. Mas Vance deverá fazê-lo com mais controvérsia, o que agradará sobretudo às bases. 

Além de economia e imigração, Goldstein também considera que os direitos reprodutivos vão ser um tema importante na discussão e que serão demonstradas “diferenças profundas” em matéria de política internacional.

A curiosidade, segundo os analistas, será ver como debatem dois políticos que não estão tão habituados ao palco principal como outros candidatos. 

“Vance é basicamente um neófito político”, salientou Goldstein, referindo que o republicano só concorreu e ganhou uma eleição, para o Senado pelo Ohio em 2022. 

“Walz tem muito mais experiência política, mas nenhum deles alguma vez debateu a este nível”. 

O debate vice-presidencial acontece a cinco semanas das eleições e numa altura em que as sondagens mostram diferenças mínimas entre Harris e Trump. Embora a candidata democrata mantenha uma vantagem a nível nacional, os números nos estados críticos são tão próximos que é difícil prever quem tem maiores hipóteses de vencer o colégio eleitoral. 

E.U.A.

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