Partidos italianos divididos a uma semana da eleição presidencial

Agência Lusa , DCT
17 jan 2022, 17:39
Italianos na Piazza del Popolo durante uma manifestação política

A eleição do novo Presidente requer números elevados que nenhum bloco tem por si só, pelo que os partidos deverão aproximar posições ou negociar nomes de candidatos.

Os partidos italianos continuam divididos quanto ao candidato a escolher como novo Presidente da República, a uma semana do escrutínio, com as negociações bloqueadas pela proposta da direita de Silvio Berlusconi, nome rejeitado por centro e esquerda.

Na próxima segunda-feira, 24 de janeiro, o parlamento italiano será convocado em sessão conjunta – 630 deputados, 320 senadores e 58 delegados regionais – para escolher o chefe de Estado de Itália para os próximos sete anos, antes de terminar o mandato do atual titular do cargo, Sergio Mattarella, a 3 de fevereiro.

A eleição do novo Presidente requer números elevados que nenhum bloco tem por si só – maioria de dois terços do hemiciclo ou maioria absoluta (metade mais um) a partir da quarta votação -, pelo que os partidos deverão aproximar posições ou negociar nomes de candidatos.

Contudo, a uma semana do início do escrutínio para o mais elevado cargo do Estado, árbitro da sempre agitada política italiana, os grupos e blocos políticos continuam entrincheirados nas suas posições.

Berlusconi é o candidato pela ala direita

Berlusconi é o candidato escolhido pela ala direita composta pelo seu partido, Força Itália (FI), os partidos de extrema-direita Liga e Irmãos de Itália, de Matteo Salvini e Giorgia Meloni, respetivamente, e outras pequenas formações conservadores ou democratas-cristãs.

Mas o magnata também não confia muito nos seus aliados e pediu aos parlamentares de cada partido da sua coligação que, ao votarem, em segredo, escrevam de um determinado modo o seu nome no boletim, para ele saber quantos traidores há nas suas fileiras, segundo a imprensa.

Berlusconi está também a telefonar aos deputados e senadores do Grupo Misto a pedir-lhes que votem nele, com a ajuda do deputado e historiador Vittorio Sgarbi, como indicou o próprio.

No entanto, a proposta do nome do político e empresário tem dificultado qualquer aproximação de posições entre a direita e a esquerda, devido ao seu polémico historial, cheio de escândalos, excessos e condenações.

Partidos continuam divididos

Para a principal força de centro-esquerda, o Partido Democrata (PD), a proposta do ex-Cavaliere como chefe de Estado é “inconcebível”, declarou esta segunda-feira a sua porta-voz, Simona Malpezzi, que quer apostar num nome “respeitável e imparcial” eleito por “todos”.

O nome do ex-primeiro-ministro foi também rejeitado pelo maior grupo do atual parlamento o Movimento Cinco Estrelas (M5S), e o seu líder, Giuseppe Conte, pediu à direita que “não bloqueie” as negociações impondo um candidato como Berlusconi, “uma opção inaceitável e indefensável”.

O M5S reúne-se esta segunda-feira à noite para analisar hipóteses antes da eleição do novo Presidente italiano.

No meio de ambos os blocos, situa-se o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, chefe da centrista Itália Viva, que assegurou, numa entrevista ao jornal Corriere della Sera, que fala “com todos” e que Berlusconi não tem os votos necessários.

Outra dúvida é se o parlamento proporá como chefe de Estado o atual primeiro-ministro, Mario Draghi, cujo mandato à frente do executivo termina em 2023 - o que, a acontecer, implicaria uma mudança no Governo em plena aplicação do Plano de Recuperação, ou resultaria mesmo em eleições legislativas antecipadas.

Especialmente importante é o número de parlamentares que, neste momento, estão infetados com covid-19 – pelo menos nove senadores -, já que, segundo a lei, não podem sair de casa para participar na votação, protegida, além disso, por um férreo protocolo contra a doença.

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