"Não me peçam para fazer de conta que não ouvimos o que ouvimos", disse o secretário-geral socialista
O secretário-geral do PS desafiou esta quarta-feira o presidente do PSD a assumir quem escolhe e com quem anda na Aliança Democrática (AD), numa alusão a intervenções de Pedro Passos Coelho, Paulo Núncio e Gonçalo da Câmara Pereira.
Pedro Nuno Santos falava no encerramento do comício do PS em Santarém, que encheu a Casa do Campino, numa parte do seu discurso em que explicava a razão de ser forçado a falar no comportamento político do seu principal adversário, em vez de naquele momento se centrar apenas na defesa das propostas do PS.
“Cada um tem de assumir, porque não fomos nós que convidámos [o ex-primeiro-ministro] Pedro Passos Coelho para estar num comício. Depois dizem, ah não, é Pedro Passos Coelho; ah não, é Nuno Melo do CDS, ah não, é Paulo Núncio do CDS; ah não, é Gonçalo da Câmara Pereira. Desculpem, mas cada um escolhe quem quer e com quem anda, isso diz muito do que quer para o país”, afirmou, recebendo uma prolongada salva de palmas.
De acordo com Pedro Nuno Santos, o antigo secretário de Estado do CDS Paulo Núncio, que se pronunciou sobre um novo referendo em matéria aborto, “não é um qualquer, mas o quarto da AD na lista por Lisboa”.
“Não me peçam para fazer de conta que não ouvimos o que ouvimos. Não ouvimos somente que eles queriam o referendo, ouvimos mais. [Paulo Núncio] gabou-se que, quando esteve no Governo, entre 2011 e 2015, criou obstáculos à IVG, que tinha sido aprovada em referendo pelo povo português. Íamos ficar calados? Travámos uma luta para que as mulheres não fossem perseguidas e não vamos dar um passo atrás”, acentuou.
Antes, tal como tinha declarado esta tarde, em Leiria, o líder socialista voltou a pegar na expressão “se tiver” utilizada por Luís Montenegro a propósito de política de pensões. O presidente do PSD disse que, se tiver de cortar pensões, então demite-se.
“Santa paciência, diz se tiver porquê? Vai ter de cortar pensões porquê? Diz que vai embora e que corta outro por ele”, concluiu, recebendo palmas da plateia.
Depois, Pedro Nuno Santos referiu que pensou antes de decidir se fazia esta referência a Luís Montenegro, já que os comentadores, em geral, consideram que ele está a fazer uma campanha negativa.
“Já tentaram cortar pensões de forma permanente e nós vamos ficar calados? Nunca, nunca”, repetiu.