Representante da coligação admite vitória do Chega no conjunto dos dois círculos da emgiração. Na Europa a explicação passa pela Suíça
O cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) afirmou que o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez uma “campanha suja” em favor do Chega.
José Cesário, que deve ser eleito pelo círculo Fora da Europa, indicou à CNN Portugal que devem ser AD e Chega a eleger nesse círculo da emigração, mas deixou uma clara nota sobre a campanha do partido de André Ventura.
O representante da AD explica que a vitória do Chega na Europa se deve, essencialmente, aos resultados na Suíça. “Esse voto é um voto de revolta, dos nossos emigrantes na Suíça. Revolta, no meu entender, perfeitamente legítima, perfeitamente compreendida por mim, face ao modo como têm sido ignorados nos últimos anos. É um voto de protesto e o poder político tem de o ler”, acrescenta.
José Cesário sublinha que o mesmo não acontece Fora da Europa por causa de uma “sensibilidade diferente”, mesmo perante uma “campanha desleal, no Brasil, por parte da máquina do partido do ex-presidente Bolsonaro”.
“Mesmo assim, está muito longe de ter tido os efeitos que pretendiam ter e que estavam convencidos que tinham”, vincou, falando num “eleitorado que tem sofrido muito”.
“No círculo Fora da Europa ninguém teve os desafios que nós tivemos. Eu candidatei-me contra o presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva e contra o ex-presidente do Brasil, que teve 50 milhões de votos, Jair Messias Bolsonaro. Isto nunca aconteceu na história da democracia portuguesa”, reiterou.
José Cesário reclamou, assim, uma vitória contra Augusto Santos Silva, mas sublinhou por várias vezes que também contra a “campanha suja da máquina Bolsonarista”.
Apesar disso, garante o representante da AD, os eleitores reconheceram que a alternativa era mesmo a coligação liderada pelo PSD, que deverá conseguir eleger mais um deputado que em 2022.
José Cesário lembrou o “impacto enorme” nas estruturas de redes sociais de Jair Bolsonaro, onde foi feito um “apelo sistemático” ao voto no Chega, nomeadamente com notícias falsas como André Ventura ser o Presidente de Portugal ou que iria prender o presidente brasileiro Lula da Silva.
“O Chega conseguiu o seu objetivo, eleger um deputado à custa do PS”, concluiu.
Com efeito, várias contas ligadas a Jair Bolsonaro publicaram uma série de partilhas relacionadas com o Chega. Uma delas, de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, fazia quase publicações diárias mesmo antes das eleições.
🇵🇹 Quem tem cidadania portuguesa já deve ter recebido sua carta para votar. Mesmo morando fora de Portugal os cidadãos portugueses votam para deputado.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) March 9, 2024
Quem é Bolsonaro vota no @PartidoCHEGA 🇵🇹 pic.twitter.com/uwfupmZduG