Montenegro disse que PAN está próximo do PS. Inês de Sousa Real diz que votar nos socialistas ou no PSD é igual
Gonçalo Ribeiro Telles, a primeira Aliança Democrática, os dois governos de Cavaco Silva ou uma "chacina" na Torre Bela. O debate entre o presidente do PSD e a porta-voz do PAN, que foi transmitido pela SIC, foi muito mais sobre o passado do que sobre o futuro.
E esse desígnio começou a escrever-se logo no início, com Inês de Sousa Real a acusar o PSD de se ter juntado a um partido que defende a violência doméstica contra as mulheres, depois de polémicas declarações do atual presidente do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, no programa "Você na TV", em 2017.
A deputada afirmou, como já tinha dito anteriormente, que o parceiro de coligação de Luís Montenegro "acha legítimo bater numa mulher". E estava dada a pedra de toque, mesmo que Luís Montenegro tenha assumido que não se revia nas declarações de Gonçalo da Câmara Pereira.
É que, a partir daí, e não raras vezes, a porta-voz do PAN disse várias vezes que o presidente do PSD estava a tentar menorizá-la enquanto mulher. Isto perante tentativas de Montenegro de desviar essa conversa, mas com Inês de Sousa Real a insistir.
Montenegro sublinhou que há uma desigualdade entre mulheres e homens. O presidente do PSD lembrou dados que indicam um prejuízo da igualdade entre os dois sexos, defendendo propostas da AD que garantem essa igualdade, nomeadamente o acesso gratuito à creche e ao pré-escolar.
Notou também o flagelo da violência doméstica, lembrando as 17 vítimas do ano passado. "Temos de ser implacáveis e seremos implacáveis", afirma.
Estava marcado o tom que não mais saiu de cena. Foi assim com esta questão, como com as corridas de touros. O PAN entende que os parceiros do PSD defendem a tortura animal nas arenas, mas também acenou com a bandeira daquilo a que chamou "chacina" de animais, referindo-se à polémica caçada da Torre Bela, onde, em 2020, centenas de animais foram mortos.
Montenegro foi repetindo que a adversária falava de "coisas que não existem", que descontextualizava acontecimentos do passado, falando mesmo numa "ladainha que não corresponde à verdade".
E foi aí que o presidente do PSD também quis recorrer ao passado. Foi lá bem atrás, à década de 1980, para dizer que a história dos dois partidos, mesmo em termos de ecologia e bem-estar animal, não é comparável.
Montenegro disse que desde 1974 que o PSD tem preocupação ambientalista, passando para os 10 anos de governo de Cavaco Silva, onde, reclamou, foi aprovada a Lei de Bases do Ambiente.
"Temos muito trabalho do ponto de vista da garantia de preservação da biodiversidade", acrescentou.
Ainda que mais recente, a discussão continuou e terminou no passado. O PAN voltou a dizer que foi o partido da oposição que mais propostas fez aprovar na última legislatura. O presidente do PSD diz que isso acontece porque há uma clara aproximação ao PS, mas Inês de Sousa Real contra-atacou: votar PS ou PSD é a mesma coisa, defendeu.