Do "laboratório" ao "parque infantil", debate entre Ruis deixa a nu diferenças claras entre livres e liberais

7 fev, 19:30
Rui Tavares vs Rui Rocha

Sem números concretos em cima da mesa, mas com uma “divergência muito grande” entre todos os temas, apenas uma coisa une os líderes do Livre e da Iniciativa Liberal: o nome dos líderes.

Até podem partilhar um eleitorado semelhante - jovens e formados - mas as diferenças entre o Livre e a Iniciativa Liberal eram já conhecidas, mas ficaram ainda mais notórias depois do debate desta quarta-feira: dos impostos, à semana de quatro dias de trabalho, da saúde à habitação, não houve um ponto de concordância entre Rui Tavares e Rui Rocha, ou, citando ambos, o cientista que faz “investigador que faz testes em laboratório” e o “miúdo no parque infantil”.

Os impostos foram o primeiro tema em cima da mesa e a discórdia começou de imediato. E foi aqui que o próprio Rui Rocha se apressou a dizer que há uma “divergência muito grande” entre os dois partidos.

Mas se Rui Rocha já afinou um número a apresentar nos debates para justificar o custo do choque fiscal que propõe - 5 mil milhões de euros -, Rui Tavares não arriscou a atirar um número, ficou-se pelas “dezenas ou centenas de milhões de euros e não milhares de milhões de euros” dos outros partidos. Ainda com a economia como tema de fundo, Rui Tavares acusou a IL de ter “uma visão arco-íris” e de não querer ter um Estado ativo e de no seu programa eleitoral dizer que “o Estado investidor e estratega não existe, são os privados que o fazem”. Rui Rocha devolveu e trouxe o Partido Socialista à baila: “A visão do PS e do Rui Tavares é manter tudo na mesma”.

O Partido Socialista apenas voltou a ser tema no final do debate, quando Rui Tavares assegurou que o “Livre não está disponível para dar a mão ao PS” e que as “maiorias absolutas são indesejáveis” e que o objetivo é uma “maioria corrente”, com temas de “ambiente, educação, questões de futuro”.

No que toca à saúde, o Rui Tavares deixou a porta aberta aos privados, mas alertou para a facilidade com que essa porta pode deixar entrar uma “concorrência desleal” no setor. No programa eleitoral, o Livre não defende a renovação das PPP, defende o financiamento adequado e abre a porta à prestação de cuidados de saúde privados no apoio à saúde pública, mas diz que é  fácil os privados fazerem “concorrência desleal” com o público. E volta a defender o SNS, que “está a lutar com uma venda nos olhos e as mãos atrás das costas”. “Não nos revemos nem na situação do PS, que corre tudo bem, nem na outra que diz para destruir a casa. Há soluções para as coisas, como reparar a casa”, exemplifica.

Veja quem ganhou o debate aqui

Já Rui Rocha puxa da cartola do radicalismo e diz que são os privados que podem fazer a diferença ao estado atual do setor da saúde. O presidente da IL defendeu que os privados têm ainda mais para dar “alterando ainda mais radicalmente o sistema”, e voltou a dar o exemplo do tempo de espera para ortopedia no Garcia de Orta, um argumento já usado noutro debate. Rui Rocha defendeu também que o utente deve poder escolher se quer ser assistido no público ou no privado, ideia rejeitada por Rui Tavares

.“Sabemos que um rico e um pobre entra com um cara diferente num restaurante. Num restaurante é lamentável, num hospital é inaceitável. Quero que todos os portugueses entrem de cara levantada no hospital, que sabem que não saem de lá falidos”, exemplificou o porta-voz do Livre. 

Apesar de os dois partidos serem defensores da semana de quatro dias, os moldes em como este sistema deve funcionar é mais uma linha (grande) que separa a Iniciativa Liberal do Livre, com Rui Rocha a acusar Rui Tavares de querer aplicar o modelo com “imposições legais”. E apesar de os dois partidos defenderam mudanças na habitação, mais uma vez, divergem em como tal deve acontecer. Ainda assim, houve tempo para Rui Rocha citar André Ventura ao descrever o IMI como o “imposto mais estúpido do mundo”.

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