Costa não negociará com Rio depois das eleições: “Esse é um cenário que nunca se colocará”

27 dez 2021, 14:30

Costa afasta negociações Rui Rio para formar governo depois das eleições. E, em entrevista à CNN Portugal, acusa o líder do PSD de falta de experiência: “Isto não é um ‘vamos aqui distribuir entre nós uma espécie de rotativismo bianual no âmbito centrão’.” Mas imagina Rio na cadeira de primeiro-ministro

António Costa afasta a possibilidade de negociar com Rui Rio uma parceria de governo depois das eleições. Se perder as eleições, demite-se da liderança do PS. E não vê cenário em que possa aceitar negociar com Rui Rio. Num excerto da conversa com a jornalista Anabela Neves para a CNN Portugal, que decorreu no gabinete do primeiro-ministro no Palácio de São Bento, António Costa até imagina Rui Rio a sentar-se na sua cadeira de chefe do Executivo. “Se for essa a vontade dos portugueses, assim será”.

(...) Não será de facto, nunca, parceiro de algo com Rui Rio?
Não. Esse é um cenário que nunca se colocará. Aliás, a proposta do doutor Rui Rio, já que me pergunta, é uma proposta de quem não tem experiência da ação governativa, porque o que ele propõe é que haja uma espécie de acordo para um governo provisório de dois anos. Ora, o país não precisa de governos provisórios de dois anos, o país precisa mesmo é de estabilidade durante quatro anos. Precisa de uma solução para quatro anos.

Em 2015, quer o Presidente da República de então – Cavaco Silva –, quer eu próprio, exigimos que os acordos que foram assinados com o Bloco de Esquerda, com o PCP e com o PEV fossem acordos no horizonte da legislatura. Podiam ter corrido mal e não ter chegado ao fim, felizmente correram bem e chegaram até ao fim. Foram aliás das soluções interpartidárias mais estáveis que houve no país até agora. Mais estáveis do que a Aliança Democrática, mais estáveis do que qualquer uma outra e mais duradouras (durou mais ou menos seis anos). Enfim, com altos e baixos, mas durou seis anos.

Agora, ninguém faz acordos para dois anos. Isto não é uma espécie de ‘vamos aqui distribuir entre nós uma espécie de rotativismo bianual no âmbito centrão’. Isso é absolutamente indesejável para a nossa democracia e acho que ninguém deseja isso.

Imagina Rui Rio sentado ali, naquela secretária?
Se for essa a vontade dos portugueses, assim será. Enfim, não sei se ele gosta da secretária ou se quer mudar a secretária [risos]. Mas a vida política é isto, é um contrato a prazo permanente. As pessoas sabem que quando estão numa função política saem de manhã de casa nessa função e podem regressar a casa já sem qualquer tipo de função. Isso é perfeitamente normal.

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