Presidente da República avisa que ninguém beneficia de instabilidade nos próximos tempos. Quanto às reuniões com Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos e André Ventura, correram bem, até porque foram curtas
Quando saiu do Palácio de Belém para ir até ao Museu dos Coches não quis adiantar grande coisa. Um par de horas depois, mais disponível, o Presidente da República lá deixou escapar uma ou outra coisa sobre as audiências desta terça-feira.
A partir do Palácio da Ajuda, onde esteve num evento da Fundação Luso-Americanaara o Desenvolvimento, Marcelo Rebelo de Sousa falou em exclusivo com a CNN Portugal sobre as conversas que teve com os líderes da Aliança Democrática (AD), PS e Chega.
Focando a sua visão na estabilidade que todos vão pedindo por estes dias, o chefe de Estado lembrou que os três partidos têm visões diferentes do que deve ser uma governação do país.
Ainda assim, reiterou, Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos e André Ventura foram ao Palácio de Belém defender a estabilidade governativa, depois de o país ter tido eleições legislativas em 2022, 2024 e 2025.
A avaliação que o Presidente da República faz das audiências é “boa”, o que também explica que os encontros tenham sido “curtos, muito curtos”.
“Esperava que fossem longos. Quando são curtos significa que correram bem”, reiterou, falando dos três encontros pormenorizadamente.
Com Luís Montenegro, presidente do PSD e primeiro-ministro que transita para um mais que provável novo governo, foi possível perceber a sensibilidade política que está do lado de quem venceu as eleições de domingo.
Já com Pedro Nuno Santos houve uma audiência “simbólica”. O secretário-geral do PS foi despedir-se de Marcelo Rebelo de Sousa, sabendo-se que está de saída já no sábado passando a liderança dos socialistas para o presidente, Carlos César.
Também por isso, mas não só, ficou confirmada a marcação de nova reunião com os líderes de PSD e PS para depois de serem conhecidos os resultados dos círculos da emigração. Será pouco depois disso que se confirmará a formação de novo governo da AD.
De resto, também o Chega voltará a ser recebido no dia 28 de maio, até porque existe grande possibilidade de o partido ver confirmado nesse dia que vai passar a liderar a oposição - neste momento está empatado com 58 deputados com o PS, mas tudo aponta para uma vitória nos círculos da emigração, o que desempatará a favor de André Ventura.
Juntando as três audiências, Marcelo Rebelo de Sousa ficou com “boas impressões”, mesmo que todos tenham “posições diferentes, porque os resultados foram diferentes”.
“Mas com um ponto comum: procurar estabilidade. Cada qual à sua maneira, com perspetivas diferentes”, reiterou, lembrando que faltam ainda sete partidos, incluindo o CDS, que faz parte do Governo cessante e fará parte do próximo, e o estreante JPP.
Quanto à moção de censura já anunciada pela CDU, o Presidente da República vê com bons olhos o anúncio, que surge como “clarificação” da posição ainda antes do encontro com Paulo Raimundo.
“Podemos esperar que na semana que vem tenhamos os dados possíveis para o processo seguir o ritmo previsto, que é um ritmo que permita, até 10 de junho, sendo possível, haver governo e debate do programa do governo”, concluiu, colocando dúvidas no calendário por causa dos feriados do próximo mês.
"Todos são interessados em não ter crises", rematou, não comentando eventuais acordos partidários.