Lula da Silva: "Este país pode ser reconstruído, mas tem de ser governado com base na verdade"

Agência Lusa , FMC
9 set 2022, 20:53
Lula da Silva (AP Photo/Edmar Barros)

Ex-presidente do Brasil prometeu respeitar liberdade religiosa em iniciativa com evangélicos, ainda que o Estado "não deva ter religião, não deva ter igreja"

O respeito pela liberdade religiosa e pela separação entre igrejas e Estado foram os temas centrais de uma iniciativa do ex-presidente e candidato às presidencais brasileiras, Lula da Silva, para os evangélicos em São Gonçalo, estado do Rio de Janeiro.

Lula da Silva começou por agradecer aos líderes religiosos presentes no comício e exaltou que "a verdade vencerá", sem citar diretamente as acusações de pastores que apoiam o seu principal adversário, o Presente brasileiro, Jair Bolsonaro, que têm disseminado informações falsas sobre uma alegada intenção de fechar igrejas e perseguir cristãos.

"Vocês sabem que este país já foi muito melhor. Eu sei porque aqui no Rio de Janeiro as famílias adoram reunir-se e comer um churrasquinho. Este país pode ser reconstruído e, para isto, tem de ser governado com base na verdade", defendeu Lula da Silva.

O ex-presidente afirmou que o Estado brasileiro "não deve ter religião, não deve ter igreja", mas sim trabalhar para que a população possa professar a sua fé livremente, uma tentativa de conquistar eleitores evangélicos, que compõem cerca de 30% dos brasileiros e apoiam em maior número o presidente Bolsonaro.

Num discurso longo, Lula da Silva lembrou a sua trajetória de vida, a pobreza que enfrentou até se tornar líder sindical e ícone político da esquerda brasileira.

"Quando a gente é eleito não é eleito para fazer um Governo, mas para cuidar do povo (...) Tive o exemplo da minha mãe, que pensava que se a família tiver paz e harmonia tudo ia correr bem", destacou, falando sobre a família, um tema importante para os eleitores conservadores.

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) acusou novamente Bolsonaro de contar mentiras e defendeu que é preciso reconstruir o país com base no que ele considera ser a verdade.

Temas como combate à fome, educação, emprego e investimentos públicos para fomentar a economia também fizeram parte da mensagem central nesta nova passagem do candidato do PT pelo Rio de Janeiro.

Antes do discurso de Lula da Silva, pastores evangélicos de diversas denominações foram convocados ao palco para defender que a luta espiritual não é feita pelo Governo, mas individualmente.

Em diferentes testemunhos, os religiosos presentes na ação disseram que os cristãos votam em Lula da Silva.

"A história de que apóstolos não apoiam a candidatura de Lula é mentira, é mais uma falácia do Bolsonaro", disse o apóstolo Marcelo Coelho Cunha.

Os pastores, porém, reconheram que a esquerda precisa de mudar a linguagem usada para se comunicar com os evangélicos e demonstrar que valores como a igualdade de género, combate à pobreza e a justiça social estão na Bíblia e no programa do Partido dos Trabalhadores.

O local reuniu um público estimado em mais de duas mil pessoas, a maioria vestida com camisolas vermelhas do PT, num dia quente naquela zona empobrecida de Sao Goncalo, cidade vizinha ao Rio de Janeiro.

Desde o início da manhã, apoiantes do ex-presidente concentravam-se em frente ao centro cultural onde ocorreu o encontro, formando filas para entrar no local fechado, que exigia identificação para a entrada.

Na porta do evento um pequeno grupo de opositores atacava Lula da Silva e os seus seguidores, sem aparente violência.

O clima do comício, mais do que incentivar a exaltação da figura de Lula da Silva ou do PT, mimetizou o ambiente dos cultos, com louvores executados de forma enfática por cantores evangélicos e exaltações a Deus.

No início do ato, os organizadores também cantaram o hino nacional brasileiro.

No final, os apoiantes de Lula da Silva despediram-se com fortes aplausos do candidato que lidera a média das sondagens com cerca de 44% das intenções de voto, face a Bolsonaro, com 32% dos apoios.

A primeira volta das presidenciais brasileiras acontece em 2 de outubro e a segunda volta, se necessária, acontecerá no dia 30 do mesmo mês.

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