"Teoricamente é possível acusar também o ministro”, diz advogado do trabalhador que morreu no acidente de carro onde seguia Cabrita

3 dez 2021, 16:47
A6: dois dos três agentes da segurança pessoal de Cabrita já foram ouvidos

O advogado da família da vítima do acidente provocado pelo carro onde seguia Eduardo Cabrita falou aos jornalistas após consultar o depacho

José Joaquim Barros, advogado da família de Nuno Santos, falou esta tarde à saída do DIAP de Évora, após consulta ao processo, que foi conhecida esta manhã. O advogado disse que a “procuradora fez uma leitura correta dos factos” e que a velocidade apurada em perícia é adequada.

“Há uma única declaração que posso fazer neste momento”, começou por dizer o advogado da vítima do atropelamento, que aconteceu a 18 de junho de 2021. “Parece-me que a senhora procuradora fez uma leitura correta dos factos. Neste momento não deveria entrar noutros detalhes, mas a leitura é fundamentalmente correta”.

 

Quando questionado sobre a acusação feita, que recai apenas no motorista, o advogado diz que “é evidente que teoricamente é possível acusar também o ministro da Administração Interna, como a pessoa cuja responsabilidade é superior naquela deslocação. Em todo o caso, não é fácil face ao quadro jurídico português. Aquilo que é importante neste caso é a responsabilidade do Estado. O senhor ministro ia na viatura, obviamente que as viaturas iam em serviço do Estado. Ainda não analisei concretamente tod as as questões, mas teremos de pensar, talvez, na responsabilidade civil que é, por princípio de adesão, formulada aqui neste processo crime”.

Sobre as declarações de Eduardo Cabrita feitas até hoje, José Joaquim Barros diz que “todas as declarações do ministro são infelizes”, sobretudo quando negou a sinalização na estrada. No entanto, o advogado não deixa de salientar o papel do ministro, referido-se à declaração que Eduardo Cabrita deu esta manhã: “Ele é o passageiro que determina que haja uma viatura do lado direito a fazer-lhe segurança, por isso é que ia do lado esquerdo.

Relativamente ao despacho, José Joaquim Barros disse aos jornalistas que não viu declarações de Eduardo Cabrita, mas que viu “praticamente de todos os outros indivíduos que vinham nas três viaturas, obviamente dos trabalhadores no local, da Brisa e da Aquajardim, mas não vi nos autos declarações” do ministro.

Sobre o excesso de velocidade a que ia a viatura em que se encontrava Eduardo Cabrita, o advogado da família disse que o carro “não ia em serviço de urgência” e que “não conheço a justificação para o excesso de velocidade”.

Marco Pontes, motorista que conduzia o carro do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, foi acusado de homicídio por negligência e ainda por duas contraordenações. A viatura seguia a 163 km/hora quando se deu o atropelamento que vitimou Nuno Santos, de 43 anos.

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