​Lesados rejeitam que seja o Novo Banco a decidir reembolso do papel comercial

Redação , DC
27 jan 2015, 15:33
Novo Banco [Reuters]

Associação escreveu uma carta ao governador do Banco de Portugal a criticar a decisão e a anunciar uma manifestação

A Associação Os Indignados e Enganados do Papel Comercial dirigiu esta segunda-feira uma carta aberta ao governador do Banco de Portugal, na qual rejeita que seja o Novo Banco a decidir o seu reembolso e anuncia uma manifestação para breve.

«Considerando que o Banco de Portugal nomeia a administração, supervisiona e controla o Novo Banco, não aceitamos que diga que o Novo Banco é que decide sobre o nosso reembolso, e este diga o seu oposto. Muito menos é aceitável transmitir a ideia de que tanto o Novo Banco, como o BdP têm interesses opostos», lê-se na carta aberta dirigida ao governador do banco central, Carlos Costa.

A associação refere ainda que, tendo em conta «a dinâmica comercial que o Novo Banco está a ganhar» e a «quantidade de interessados na sua compra», fica claro que «a tentação de limitar os custos do Novo Banco é grande».

«Também queremos que o Banco seja vendido depressa e bem, mas isso não pode sobrepor-se ao valor mais alto da regulação, dos compromissos assumidos e dos valores básicos da justiça. É preciso mais celeridade e mais transparência na resolução do problema do reembolso do papel comercial. Nós não somos um produto tóxico», acrescenta-se.

A Associação Os Indignados e Enganados do Papel Comercial adianta ainda que «muito brevemente» vai organizar uma manifestação «à porta da sede do Banco de Portugal para tornar visível o desespero e as histórias reais que estão por trás da frieza dos números».

A 03 de agosto passado, o Banco de Portugal tomou o controlo do Banco Espírito Santo após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

Entretanto, arrancou a 17 de novembro no parlamento uma comissão de inquérito para «apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES [Grupo Espírito Santo], designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades».

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