O conflito no Médio Oriente revela-se como uma tragédia humana global de grandes proporções, com um número crescente de vidas perdidas e um sofrimento imenso. Este cenário de devastação acarreta não só um custo humano incalculável, mas também um impacto profundo na economia mundial.
Antes mesmo do início do conflito entre Hamas e Israel, a economia global já enfrentava um ambiente de grande imprevisibilidade e nervosismo. A situação era marcada por uma instabilidade elevada, que se refletia na volatilidade dos mercados e na incerteza económica. A crise militar na Ucrânia e os cortes voluntários na produção de petróleo, impostos pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, têm sido fatores críticos na instabilidade da inflação.
A eclosão do conflito Hamas-Israel, em outubro de 2023, agravou ainda mais o quadro económico. Na altura, a agência de notícias financeiras norte-americana Bloomberg delineou três cenários possíveis.
Segundo o primeiro cenário, se o conflito se mantivesse restrito ao território palestiniano, o impacto económico seria relativamente reduzido. No entanto, a Bloomberg também referia que o reconhecido apoio do Irão a grupos islâmicos opostos a Israel poderia dar origem ao envolvimento do Irão no conflito e isso poderia desencadear uma escalada significativa. Tal situação poderia levar a uma redução no fornecimento global de petróleo, com uma possível elevação de 3 a 4 dólares no preço do barril de petróleo.
De acordo com o segundo cenário, se o conflito expandisse para o Líbano e a Síria, onde o Irão também tem influência significativa através de grupos como o Hezbollah, o choque económico seria ainda mais severo. Neste cenário, a Bloomberg estimava um aumento de 8 dólares no preço do barril de petróleo.
O terceiro cenário traçado é o mais grave. Considera a possibilidade de um confronto direto entre Irão e Israel, que poderia precipitar uma recessão global. A ameaça nuclear, a relação estratégica entre Irão e Rússia e a possibilidade de o Estreito de Hormuz ficar inavegável são fatores alarmantes que poderiam desestabilizar todo o Médio Oriente de forma imprevisível e com consequências potencialmente catastróficas para a economia global. Nesse caso, a Bloomberg previa um aumento de 64 dólares no preço do barril de petróleo. O PIB mundial perderia o equivalente a uma de 100 partes. Seria uma catástrofe económica e social.
Independentemente do cenário concreto, a instabilidade no Médio Oriente representa um fator muito significativo de incerteza económica e financeira. Num quadro assim, a volatilidade dos mercados tende a aumentar à medida que a crise vai avançando no tempo e por “metástases” geográficas. A probabilidade de reacendimento do surto inflacionário vai aumentando. Se vier a acontecer, será trágico para a economia mundial.