Portugueses compram jóias no valor de 400 milhões num ano

12 jun 2009, 08:30
Jóias

Quebra nas vendas deverá rondar os 20%

O tempo é de crise mas ainda assim os portugueses sentem que vale a pena investirem numa bela jóia, sobretudo no Verão. As peças em ouro são as mais procuradas, especialmente no Norte do país.

Ao todo, o sector da ourivesaria, ligado à relojoaria de qualidade, vendeu quase 500 milhões de euros, em 2007. Desde então, o sector sentiu uma quebra nas vendas que deverá rondar os 20%, o que significa que as vendas andam pelos 400 milhões de euros por ano, afirmou o presidente da Associação Portuguesa de Gemologia, José Baptista, à Agência Financeira
.

Veja aqui a reportagem em vídeo


O responsável garante a pés juntos que esta «brecha não está a pôr empregados na rua» e sublinha que «as lojas até têm aderido bem a peças e modelos novos».

«A crise afecta algumas casas de moda, algumas marcas, mas não de forma tão dramática como as pessoas dizem», frisa à AF
.

«Somos o único país que abre a porta ao lixo»


Depois de dois dedos de conversa, José Baptista, confessa que o único problema do sector passa pela importação. «Fomos assaltados por uma onda de importação. De tal forma, que chegam a vender peças a profissionais portugueses que não são originais. São imitações. São peças que se vendem bem mas que não são reais», denuncia à AF
.

«Somos o único país que abre a porta ao lixo. Os portugueses estão cheios de lixo em casa. Tem peças importadas que não valem nada», atira.

Sector pode gerar 10 vezes mais emprego


Por isso, defende, a mudança só se pode fazer num sentido. «Portugal deve começar a exportar e deixar de importar peças sem qualidade. É essencial produzirmos. Se o fizéssemos o sector poderia gerar 10 vezes mais emprego».

Para já, a Associação prepara-se para criar 6 mil novos empregos no sector, através dos cursos de iniciação à gemologia, que arrancam a 20 de Junho.

«Estamos aqui para formar e criar emprego. Sentimos que as cerca de 5 mil ourivesarias de Norte a Sul do país estão a precisar de técnicos com formação neste campo. Precisamos de sangue novo», frisa, depois de destacar que quem tiver uma equipa mais actualizada, «está melhor».

A meta passa por ensinar o sector a «abraçar» o futuro e a fazer esquecer a crise. «Temos de ser capazes de criar e fazer avanços, porque estamos a ficar dependentes de países que, a este nível, surgiram depois de nós e que nos estão a ultrapassar», como a Itália, a Espanha, a Alemanha e os Estados Unidos.

Estamos a ser «muito maltratados» pelo Governo


Para sairmos da crise, diz, é essencial deixarmos de «falar dela».

«A palavra crise é muito grave, mas também temos de ter em atenção que há uma enorme percentagem de activos (90%), em Portugal, que estão a trabalhar e o país funciona. O que temos de fazer é tentar resolver os problemas dos outros 10%» e, para tal, «não podemos deixar que caia a Nossa Senhora», refere José Baptista, que defende que o Estado deve intervir sempre que há problemas.

«Os nossos melhores ourives querem um emprego e não têm. Equacionam sair de Portugal em busca de oportunidades. Alguém tem de fazer alguma coisa e esse alguém é o Governo», realça.

O responsável diz ainda «o sector está a ser muito maltratado pelo Governo», que permite que qualquer pessoa possa ir à casa da moeda registar-se e começar a vender ouro, sem qualquer tipo de formação. Uma atitude que, na opinião de José Baptista, contribui para «a destruição da ourivesaria portuguesa».

Relacionados

Economia

Mais Economia

Patrocinados