Um pacote de férias de inverno que afirmava ser um método de poupar aos britânicos mais de 200 libras (230,81 euros) nas suas despesas domésticas, que estão cada vez mais elevadas, como a renda, comida e combustível esgotou em 24 horas esta semana.
A EasyJet Holidays, que faz parte da companhia aérea britânica de baixo custo EasyJet (ESYJY), lançou o seu pacote de férias de 28 dias - “Escape the UK” para Hurghada, no Egipto, - na segunda-feira, tentando vendê-lo aos consumidores que trabalham remotamente. A empresa informou na terça-feira que tinham esgotado as viagens, mas não referiu quantos viajantes tinham reservado lugar.
As férias com tudo incluído, que começam no início de janeiro, custam 650 libras (750,44 euros) por pessoa, e incluem voos de ida e volta, bagagem registada, alojamento em hotel cinco estrelas, todas as refeições, snacks, bebidas à discrição, WiFi e transferências de aeroportos.
De acordo com os cálculos da empresa, que, segundo a mesma, se basearam em dados do Office for National Statistics e o website de propriedades Rightmove, a despesa média de 28 dias para uma pessoa que aluga casa no Reino Unido é de 877 libras (1012,96 de euros). Este valor inclui pagamentos de renda, faturas de serviços públicos, internet, alimentação, viagens e subscrições de serviços de streaming.
Foram incluídos no cálculo os custos médios de aluguer em vez dos custos de hipoteca, porque estes podem ser “mais facilmente comparados à estadia num hotel”, referiu um porta-voz da empresa à CNN Business.
“Sem contas de combustível, custos de gasolina ou contas de mercearia a pagar, as férias ficam 227 libras (262,19€) mais baratas por pessoa do que ficar no Reino Unido”, afirmou a EasyJet Holidays no seu comunicado de imprensa.
De acordo com os dados mais recentes do ONS analisados pela CNN, o agregado familiar médio gastava 1,926 libras (2224,77 euros) por mês, entre abril de 2020 e março de 2021.
Quando dividido por 2,3 - o número médio de pessoas por agregado familiar - os custos mensais ascendem a 837 libras (967,17 euros) por pessoa, quase 190 libras (219,45 euros) mais caros do que o pacote de férias da EasyJet.
O custo de aluguer, de alimentação e energia disparou apenas desde março de 2021, afundando milhões de famílias na pior crise de custo de vida de há décadas. No mês passado, a inflação dos preços ao consumidor voltou ao seu nível de julho de 10,1%, a sua taxa mais alta em 40 anos.
Os dados da Rightmove mostraram que os preços nacionais de aluguer - excluindo os de Londres - aumentaram 11% no último trimestre do ano anterior.
Os britânicos também estão a lutar para manter as luzes acesas, uma vez que as suas contas de energia dispararam. A fatura média anual de energia para residências aumentou 96% desde outubro passado, atingindo 2.500 libras (2886,56 euros) este mês.
A EasyJet Holidays afirmou ter incluído no seu cálculo o custo médio por pessoa das faturas de gás e eletricidade este inverno, que, segundo a empresa, ficou a 68 libras (78,52 euros) durante um período de 28 dias.
Será que havia mesmo uma poupança?
Mas os britânicos que se inscreveram neste pacote de férias não pouparão necessariamente dinheiro, explicou Sarah Coles, analista financeira pessoal da Hargreaves Lansdown, à CNN Business.
“Os custos de habitação são, muitas vezes, o lucro mais regular para muita gente e infelizmente as empresas de hipotecas ou senhorios não vão deixar que as pessoas saltem um pagamento nesse mês só porque decidiram ir de férias”, afirmou.
Coles acrescentou que as contas de energia doméstica incluem uma taxa permanente, que deve ser paga mesmo que não seja utilizada energia. Também não é possível simplesmente ficar sem pagar internet, alguns serviços de televisão e impostos locais durante um mês, disse ela.
“Na realidade os aspetos práticos desta campanha não funcionam”, afirmou.
