O Psicólogo Responde: Qual o principal sinal de que um idoso está deprimido?
Idosos

O Psicólogo Responde: Qual o principal sinal de que um idoso está deprimido?

Renata Benavente
Psicóloga

“Não ando cá a fazer nada”, “Já não sou útil para ninguém”, “A minha vida já não tem interesse”, “Já vivi o que tinha a viver”. Estes são alguns dos pensamentos comuns em idosos deprimidos, que também são comuns em pessoas de outras idades que sofrem de depressão.  Mas comecemos pelas alterações que estão associadas ao envelhecimento.  O envelhecimento é uma fase natural da vida que acarreta um conjunto de mudanças tais como o desgaste físico e mental. É um processo universal, lento, gradual que varia consoante a pessoa e é influenciado por fatores biológicos, sociais, económicos, culturais, ambientais e históricos. 

O impacto do envelhecimento na pessoa pode ser perspetivado em 2 níveis:  um nível concreto, relacionado com as perdas ao nível físico e cognitivo e, um nível mais complexo e abstrato que está associado à perspetiva e ao significado que cada pessoa atribui ao seu envelhecimento.  

A tendência para o desenvolvimento de quadros depressivos, nesta fase do ciclo de vida, depende de vários fatores e está ligada à redução de perspetivas sociais, ao declínio da saúde, às perdas frequentes e às alterações biológicas. 

Um dos fatores que pode contribuir para o aparecimento de quadros depressivos é o afastamento do contexto laboral, que ocorre habitualmente aos 65 anos, e que implica uma redução dos contactos sociais e das redes de apoio e mudanças nas atividades quotidianas (por exemplo, perda de rotinas, diminuição da atividade intelectual). A reforma representa, por isso, um momento com grande impacto no bem-estar psicológico e social com grande influência no modo como se perspetiva esta fase da vida.  

Para além das alterações cognitivas e físicas o desenvolvimento de quadros depressivos em cidadãos seniores está associado a alguns fatores de risco, tais como:  o sexo (maior propensão em mulheres), doenças somáticas, viver sozinho, situação conjugal (homens casados apresentam menor risco), luto, isolamento social, incapacidade funcional, história prévia de depressão défice cognitivo ligeiro, acontecimentos de vida não expectáveis (e.g. a morte de um filho adulto) e, tabagismo. 

Ao contrário do que poderíamos pensar a prevalência de quadros depressivos é inferior em pessoas idosas, quando comparada com adultos jovens, o que pode dever-se à melhor regulação emocional que se verifica após os 60 anos.  

À semelhança do que se observa noutras fases da vida são sintomas de depressão na pessoa idosa: tristeza, alterações no apetite e nos padrões de sono, dificuldades de concentração, dificuldade em tomar decisões, perda do apego pela vida, ideias de morte ou pensamentos suicidas, sentimentos de inutilidade, fadiga, e, desvalorização. 

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Quais são os sinais de alerta?

  • Estado de humor triste, ansioso ou vazio de forma persistente 
     
  • Perda de interesse em atividades que antes eram agradáveis 
     
  • Dificuldade em concentração, memória ou na tomada de decisões 
     
  • Dificuldade em dormir, acordar cedo demais de manhã ou ter excesso de sono 
     
  • Sentimentos de desespero, culpa, inutilidade ou impotência 
     
  • Comer mais ou menos do que o habitual 
     
  • Pensamentos de morte ou suicídio, ou tentativas de suicídio 

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Sugestões

  • Invista nas relações sociais saudáveis e procure combater o isolamento  
     
  • Crie rotinas saudáveis de alimentação, sono e exercício físico 
     
  • Evite o consumo de álcool ou outras substâncias prejudiciais à saúde 
     
  • Invista em atividades gratificantes (e.g. voluntariado) 
     
  • Melhore o autoconhecimento  
     
  • Procure ajuda especializada junto de um(a) psicólogo(a) 

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