O Psicólogo Responde: Emoções na Adolescência - Como ajudar?
Adolescência

O Psicólogo Responde: Emoções na Adolescência - Como ajudar?

O Psicólogo Responde é uma rubrica sobre saúde mental para ler todas as semanas. Tem comentários ou sugestões? Escreva para opsicologoresponde@cnnportugal.pt

Sofia Mendes
Presidente do Conselho de Especialidade da Educação da Ordem dos Psicólogos Portugueses

A adolescência é uma fase marcada por transformações físicas, emocionais e sociais intensas, que podem deixar os adolescentes confusos ou até inseguros sobre como lidar com as suas próprias emoções. É uma etapa de construção da identidade, onde o desejo de autonomia se mistura com a necessidade de apoio e orientação. Muitas vezes, os adolescentes não têm ainda as ferramentas necessárias para compreender e expressar aquilo que sentem, o que pode gerar frustração, isolamento ou comportamentos impulsivos.

Neste contexto, todos — pais, educadores e adultos de referência — podemos desempenhar um papel fundamental no apoio aos adolescentes, criando condições que lhes permitam desenvolver formas saudáveis de reconhecer, gerir e comunicar as suas emoções. Algumas estratégias práticas que podem ajudar incluem:

  • Crie um ambiente seguro e acolhedor: Os adolescentes precisam sentir que têm um espaço seguro em casa e na escola onde podem partilhar abertamente o que sentem, sem medo de críticas ou julgamentos. Mostrar compreensão e evitar reações exageradas ajuda a criar essa segurança emocional, fortalecendo a confiança entre adultos e adolescentes.
     
  • Comunique abertamente sobre emoções: Ajude o adolescente a identificar e nomear as suas emoções utilizando exemplos claros e simples. Pode dizer algo como: "Percebo que estás aborrecido ou talvez frustrado. Queres falar um pouco sobre isso ou preferes esperar um pouco?". Desta forma, está a validar as emoções sem impor uma conversa.
     
  • Evite pressionar ou insistir demasiado: Dar espaço para que o jovem processe os sentimentos à sua maneira e ritmo é fundamental. Insistir em conversas pode levar a resistência, conflito e maior afastamento emocional. Demonstre disponibilidade para conversar, mas sem pressão, indicando que estará disponível sempre que o adolescente desejar.
     
  • Seja um exemplo positivo na gestão emocional: Ao partilhar de forma tranquila e aberta os seus próprios sentimentos e como lida com eles, está implicitamente a ensinar o adolescente a gerir situações desafiantes. Mostrar vulnerabilidade saudável ensina ao adolescente que não há problema em sentir e expressar emoções difíceis.
     
  • Promova técnicas de gestão emocional: Incentive o adolescente a adotar práticas como exercícios de respiração, atividades desportivas ou a escrita num diário. Estas práticas podem ajudar o adolescente a reconhecer melhor os seus sentimentos, a diminuir o stress e melhorar a gestão emocional no dia a dia.
     
  • Reforce os comportamentos positivos: Quando o adolescente consegue comunicar as suas emoções, mesmo de forma inicial ou hesitante, valorize e reconheça explicitamente este esforço. Comentários positivos encorajam-no a continuar a expressar-se no futuro.
     
  • Esteja atento a alterações emocionais significativas: Mudanças súbitas e persistentes no comportamento, como isolamento excessivo, irritabilidade constante, dificuldades no sono ou quebra abrupta no desempenho escolar, podem ser sinais importantes. Se notar estas alterações de forma persistente, procure ajuda de um psicólogo, garantindo uma intervenção atempada e adequada.

Estas dicas visam não apenas facilitar uma comunicação mais saudável com o adolescente, mas também apoiar o seu desenvolvimento emocional, fortalecendo competências essenciais para o seu bem-estar presente e futuro. Ainda assim, é importante lembrar que cada adolescente é único e que estas sugestões não são uma receita infalível. Mais do que seguir passos rígidos, o essencial é manter uma atitude de respeito, presença e escuta ativa, ajustando-se às necessidades de cada jovem.

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