
O Psicólogo Responde é uma rubrica sobre saúde mental para ler todas as semanas. Tem comentários ou sugestões? Escreva para opsicologoresponde@cnnportugal.pt
Portugal é o quarto país da OCDE com mais casos de demência, estimando-se que atualmente existam no nosso país mais de 205 mil pessoas com o diagnóstico, número que subirá para os 322 mil casos até 2037.
A Doença de Alzheimer, como a causa mais frequente de demência, é uma condição que progressivamente afeta a memória, as emoções e o comportamento da pessoa. Lidar com um familiar que vive com Alzheimer pode ser desafiante e afetar a sua saúde física e psicológica. É, por isso, importante ter uma “mala de ferramentas” com algumas estratégias para lidar com o que surge momento a momento.
Mediante a evolução da doença e o seu nível de envolvimento na prestação de cuidados, algumas sugestões poderão fazer-lhe mais ou menos sentido – pegue naquelas que sentir que podem ser úteis!
EM RELAÇÃO A SI PRÓPRIO (FAMILIAR)
Seja paciente e compassivo consigo. O diagnóstico não afeta só a pessoa que o recebe, mas também as pessoas e contextos que a rodeiam. Esta adaptação pode ser um processo longo e é diferente de pessoa para pessoa.
Procure informação e serviços na comunidade que possam ajudá-lo (ex: Associação Alzheimer Portugal). É muito importante procurar saber mais sobre a doença e entender o que acontece no cérebro que afeta a memória, o comportamento e as emoções. Se estiver bem informado, será mais fácil compreender os desafios e gerir expectativas. Existem grupos psicoeducativos (com múltiplos profissionais) que podem ser-lhe úteis.
Peça ajuda. Familiares de pessoas que vivem com Alzheimer podem sentir-se isolados e solitários, por isso procure partilhar as suas emoções e estar conectado, seja com familiares e amigos ou em grupos de suporte e grupos de ajuda mútua. Conhecer outros familiares irá ajudá-lo a reduzir o desgaste emocional.
Estabeleça uma rede de apoio. Se existirem pessoas à sua volta que possam dar algum apoio, tente distribuir tarefas. Pode pedir uma refeição, uma boleia ou uma tarde de companhia para a pessoa que vive com Alzheimer, para que você possa sair sozinho/a ou com alguém para algum alívio temporário.
Cuide de si. Tire algum tempo para descansar, passear pela natureza, ouvir música, meditar, escrever, ler, dançar ou qualquer outra tarefa que identifique como prazerosa para si!
EM RELAÇÃO AO OUTRO (PESSOA COM ALZHEIMER)
Envolva a pessoa nos momentos de tomada de decisão. Discuta sobre o futuro logo que seja oportuno, para que a pessoa possa participar o máximo possível do seu plano de cuidados para o futuro.
Crie rotinas. As rotinas oferecem previsibilidade e diminuem a confusão. Pode ser útil manter alguns horários fixos para que a pessoa sinta alguma estabilidade nos processos.
Mantenha uma comunicação adequada. Não fale pela pessoa – fale para e com ela. Mesmo que estejam mais pessoas na conversa, procure sempre envolvê-la e dar-lhe tempo para responder, sem pressa. Tente manter o contacto visual, comunicar com frases curtas e num tom calmo. Evite corrigir ou entrar em discussão se a pessoa disser algo incorreto. Em alguns casos, um toque delicado pode transmitir segurança.
Adapte as abordagens às preferências da pessoa. Sempre que possível, procure personalizar as tarefas de acordo com os gostos da pessoa para que se sinta mais motivada e retire mais prazer de cada atividade (ex: se a pessoa era costureira, talvez ela se interesse por organizar botões, usar fita métrica para tirar medidas ou fazer enfiamentos).
Adapte o ambiente às necessidades da pessoa. Organize a casa para evitar acidentes e quedas. Procure uma boa iluminação e a retirada de objetos ou obstáculos perigosos, como tapetes. Pode ser necessário usar lembretes para ajudar a pessoa a orientar-se (ex: etiquetas nos armários).
Respeite o espaço individual e a intimidade da pessoa. Mesmo que a pessoa necessite de apoio em tarefas mais básicas (ex: higiene), seja gentil e explique-lhe passo a passo o que irá fazer.
Em suma, lidar com um familiar com Alzheimer pode ser uma jornada pouco linear, mas irá seguramente encontrar durante o caminho oportunidades para se conectar e estabelecer/reforçar laços.
Se sentir que lidar com um familiar com Alzheimer está a comprometer o seu dia-a-dia e a ter um impacto significativo no seu bem-estar físico e psicológico, considere procurar ajuda. Um psicólogo pode ajudar.
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