O Psicólogo Responde: A relação das mães ou cuidadoras com os filhos influencia a saúde mental destes?
Mãe, maternidade, família. Ilustração: Adobe Stock

O Psicólogo Responde: A relação das mães ou cuidadoras com os filhos influencia a saúde mental destes?

O Psicólogo Responde é uma rubrica sobre saúde mental para ler todas as semanas. Tem comentários ou sugestões? Escreva para opsicologoresponde@cnnportugal.pt

Sofia Ramalho
Psicóloga, vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses

Hoje é Dia da Mãe! Só por isso escrevo para as Mães ou Cuidadoras, mas serviria também para me dirigir aos Pais ou Cuidadores, ciúmes à parte!

Inspiro-me hoje na música e letra de Joe Cocker “You are so Beautiful” para relembrar todos os momentos de contemplação e admiração dos nossos filhos. Do olhar e do sorriso, aos sons e palavras... até às brincadeiras tontas e às birras. De facto, nenhum de nós, mãe, pai, cuidador, nasceu com manual de instruções. Um manual de instruções jamais substituiria esta dimensão afetiva dos laços incondicionais e recíprocos com os nossos filhos. Todas as mães, pais e cuidadores fazem o que e como sabem e podem, considerando os seus recursos pessoais, internos e externos. E, tantas vezes, são esperada e inesperadamente capazes de se ultrapassar e de ultrapassar a medida do que se julgavam inicialmente capazes. Intuição, experiência que passa de gerações em gerações, descoberta diária, competências aprendidas, leituras e formações sobre temas da parentalidade, grupos de pais e conversas com especialistas são alguns dos exemplos do percurso de aprendizagens, digamos, mais espontâneas, a que mães, pais e cuidadores recorrem.

Mas é também certo que outras aprendizagens intencionalmente focadas no empoderamento das famílias, como o aumento da compreensão sobre os vários aspetos do desenvolvimento das crianças e jovens, das suas características de personalidade e temperamento, da influência que a própria educação recebida e relações estabelecidas com as nossas próprias mães, pais e cuidadores tem no modo como educamos os nossos filhos, ajudam a proteger e a reforçar positivamente os laços de vinculação mães, pais ou cuidadores e filhos. E diminui os fatores de risco. A substituição de estratégias negativas, como a crítica excessiva ou a violência na comunicação e nas relações, por estratégias positivas, como o recurso ao elogio ou a valorização dos comportamentos positivos dos filhos (em vez das chamadas de atenção para os comportamentos negativos) fazem toda a diferença na adesão às regras, na cooperação dos filhos, na capacidade de persistir nos comportamentos positivos e, sobretudo, no aumento da confiança, segurança e desenvolvimento da autoestima dos filhos e das famílias, e no estreitamento de relações positivas.

E, para deixar algumas pistas, voltamos à base e à canção: “Tu és tão bonito para mim. Não consegues ver que és tudo o que eu esperei que fosses, tudo o que eu precisava que fosses. Tu és tão bonito para mim.” (tradução minha)

Sugestões

1. Deixe-se sentir e transmita de forma explícita aos seus filhos esta mensagem. É uma forma excelente de encorajar e elogiar, de os fazer sentirem-se profundamente amados e seguros! E serve todas as idades!

2. Brinque e/ou comunique muito com eles, nem que seja 10 minutos por dia. Se tem mais do que um filho, dedique também um tempo de exclusividade para cada um, em separado (mais 10 minutos).

3. Fale sobre os seus sentimentos com os seus filhos, e deixe espaço para que eles o façam também. Antes de perguntar como correu o dia, fale sobre como correu o seu dia, os momentos bons e os momentos maus, e destaque algo que tenha aprendido com essa experiência. O seu exemplo irá facilitar a expressão e comunicação do seu filho (mais 10 minutos).

4. Use os aspetos da personalidade, as suas emoções, pensamentos e comportamentos do seu filho enquanto aliados. A ideia não é forçar a mudar, mas usá-los apontando as situações em que servem de vantagem, ajudando-os a gerir, a lidar com eles, a ajustar, com sensibilidade.

Sim, a relação mães, pais ou cuidadores, traduzida num equilíbrio entre as exigências, regras e desafios, bem como na qualidade dos vínculos, a partir de experiências genuinamente gratificantes e encorajadoras, pode ter um impacto significativo na saúde mental dos seus filhos ao longo da sua trajetória de vida.

São necessários apenas 30 minutos por dia para mostrar ao seu filho como ele é especial para si! Especial e único, como únicos são os laços que vos unem!

Neste Dia da Mãe, tire um tempo para ouvir e sentir esta canção… E não esqueça de tirar um tempo só para si, para se cuidar! Feliz Dia da Mãe!

 

VEJA TAMBÉM:

Scroll top