"No coração da guerra": As conversas secretas com os generais de Putin que puseram fim ao cerco de Mariupol
Fábrica de aço de Azovstal, na Ucrânia. Foto: Stanislav Ivanov/Global Images Ukraine via Getty Images

"No coração da guerra": As conversas secretas com os generais de Putin que puseram fim ao cerco de Mariupol

Reportagem CNN
Sebastian Shukla, Alex Marquardt e Kosta Hak

O presidente russo Vladimir Putin estava sentado à frente do seu ministro da defesa no Kremlin, em abril passado, curvado na cadeira e agarrando a mesa. Discutiam o cerco russo à fábrica de ferro e aço de Azovstal, na cidade estratégica de Mariupol, no sudeste da Ucrânia.
 
Para os ucranianos, Azovstal tinha-se tornado um símbolo sombrio, mas poderoso, da resistência, abrigando cerca de 2.600 soldados e civis, enquanto as instalações da fábrica-fortaleza eram bombardeadas pelos russos durante semanas seguidas. Para Moscovo, as enormes instalações eram uma frustração, a última resistência obstinada numa cidade que, se não fosse este lugar, estaria controlada pelas suas forças semanas antes.
 
"Bloqueiem a zona industrial, para que nem mesmo uma mosca possa escapar", cuspiu Putin, a sua ordem transmitida na televisão estatal.
 
Mas enquanto o presidente russo ordenava apertar a corda em torno do incómodo complexo fabril, um pequeno grupo estava prestes a iniciar negociações secretas para pôr fim ao cerco. Estas envolveram dois dos generais mais graduados de Putin e um legislador ucraniano que em tempos serviu como paraquedista soviético. A CNN revela agora, exclusivamente, os detalhes mais íntimos sobre a forma como o acordo foi alcançado, e quem esteve envolvido nestas delicadas conversações.
 
Oleksandr Kovalov, membro do parlamento ucraniano da região de Donetsk e veterano da guerra soviético-afegã, disse à CNN que tinha mediado as fases iniciais das negociações. Dois generais de alta patente dos serviços de informação militares russos, amplamente conhecidos como GRU, representaram o outro lado: o Tenente-General Vladimir Alexseyev, segundo no comando do GRU, e o Major-General Alexander Zorin, ambos nascidos na Ucrânia.
 
Alexseyev tem estado ligado a uma série de despudorados incidentes internacionais nos últimos anos. Esteve entre os quatro oficiais do GRU sancionados pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos em 2016 por uma vasta atividade cibernética maliciosa dirigida a minar os processos democráticos da América, incluindo interferência eleitoral. O Reino Unido e a União Europeia sancionaram-no em 2019 pelo envenenamento de Sergei Skripal, antigo oficial dos serviços secretos russos em Inglaterra, com um agente nervoso mortífero.
 
Zorin, por seu lado, serviu como enviado de Putin à Síria, desempenhando um papel ativo nas conversações entre o regime do Presidente Bashar al-Assad e as fações de oposição e rebeldes do país.
 
O seu envolvimento chama a atenção para a importância que Putin atribuiu à resolução do impasse de Azovstal e à tomada de Mariupol, assegurando a sua há muito ansiada ponte terrestre entre a Crimeia e a Rússia - um dos maiores prémios da invasão russa.
 
Ilustra também uma narrativa muito repetida, mas difícil de provar mesmo no topo do comando de Moscovo da guerra da Ucrânia - que o presidente russo tomou o controlo do conflito brutal da principal agência de informação interna do país, o Serviço de Segurança Federal, ou FSB, e colocou-o nas mãos dos espiões militares, o GRU.
 
"Desde o Verão passado, os generais dos serviços secretos militares foram assumindo um papel mais proeminente à medida que Putin ia percebendo que já não se tratava de uma 'operação especial', mas de uma guerra convencional", diz à CNN Andrei Soldatov, um jornalista de investigação russo e perito em serviços secretos agora exilado em Londres. "Infelizmente, isto significa que Putin está a preparar o país para uma guerra longa e convencional."
 
Durante anos, a Ucrânia fazia parte dos encargos da FSB; a entrega do controlo da guerra ao GRU marcou uma mudança sísmica na forma como Putin via o serviço.
 
Num ensaio do Centro de Análise de Política Europeia, Soldatov e a sua colega Irina Borogan escreveram que Putin não ficou impressionado com o facto de os planos altamente secretos do FSB para a invasão terem sido obtidos pelos serviços secretos ocidentais. O presidente russo também ficou aparentemente descontente com "a completa ausência de revoltas populares por parte de falantes de russo" que lhe tinha sido prometida.

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Refúgio subterrâneo

Depois de invadirem a Ucrânia a 24 de fevereiro, as forças russas tomaram a cidade de Mariupol em dias, mas depois passaram meses a tentar dominá-la completamente. Rapidamente, Azovstal tornou-se o epicentro da luta.
 
Uma monstruosa teia de túneis, condutas e chaminés empoleirados no Mar de Azov, a fábrica alastra-se por dez quilómetros quadrados e chegou a empregar mais de 10.000 pessoas. Agora, está em ruínas.
 
As forças russas bombardearam as instalações dia e noite durante semanas. O último bastião dos ucranianos foi ficando cada vez mais desesperado à medida que o abastecimento de comida e água diminuía, e centenas de vítimas ficaram sem cuidados médicos adequados. Agrupados no subsolo em condições terríveis, muitos soldados e civis começaram a duvidar que alguma vez fossem escapar com vida à fábrica.
 
Foi nessa altura que Kovalov entrou.


 

O escritório de Kovalov em Kiev fica num edifício administrativo sem descrição, a minutos do Rada ucraniano, ou do parlamento. Uma grande bandeira da sua organização filantrópica para veteranos está pendurada na parede, o seu slogan retirado das Forças Aéreas Soviéticas: "Ninguém a não ser nós". Encostado à parede, um lobo de peluche chamado "Droog" ("amigo" em ucraniano) mantém-se de pé com um rugido congelado.O legislador representa um círculo eleitoral da região de Donetsk, no leste do país, onde fez campanha para revogar uma lei estatal que consagra o ucraniano como língua oficial - uma questão importante para muitos falantes de russo na região.
 
As lealdades de Kovalov foram objeto de escrutínio no passado. Em 2014, foi acusado de ajudar na fuga de membros de uma agora extinta divisão especial das forças policiais, conhecida como Berkut, depois de terem protagonizado uma violenta repressão contra manifestantes pró-democracia na Euromaidan. Ele negou o seu apoio à Berkut e disse à CNN que ajudou na sua fuga para evitar mais derramamento de sangue em Kiev.
 
Esse tem sido o objetivo central do seu trabalho desde que a guerra começou.
 
À medida que o ataque russo a Mariupol e Azovstal se arrastava, Kovalov contou que se lembra de pensar que alguém tinha de tentar parar aquela loucura. "Nem todas as pessoas querem a guerra. Muitos percebem que isto é mau e todos, ao seu nível, tentam encontrar uma brecha para uma pequena reconciliação."
 
Kovalov disse que aproveitou um contacto do FSB em Moscovo - Valentin Kryzhanovsky - na esperança de quebrar o cerco brutal. Kryzhanovsky, um antigo agente dos Serviços Secretos Ucranianos (SBU) que desertou para a Rússia em 2014 e se juntou ao FSB, é conhecido como um traidor na Ucrânia.
 
Os dois homens falaram sobre os civis encurralados em Azovstal. "Há mulheres, crianças, vamos pensar em algo", Kovalov lembra-se de dizer.
 
Segundo o parlamentar, muitos outros tinham tentado, sem muita sorte, negociar o acesso à fabrica de Azovstal. "Havia 11 missões mal sucedidas antes da minha, e ninguém acreditava sequer que fosse possível chegar lá", disse. A CNN não pôde confirmar de forma independente este relato.
 
Ele disse que deixou claros quais eram os seus para o gabinete do Major-General Kyrylo Budanov, chefe dos serviços secretos militares da Ucrânia. Apesar de Budanov ter dúvidas quanto às suas hipóteses, Kovalov disse que lhe tinha dado a sua bênção.
 

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As negociações intensificam-se em Mariupol

A 25 de Abril, Kovalov fez a sua primeira viagem ao sul da Ucrânia ocupada pela Rússia desde o início da guerra, armado com senhas secretas e dispositivos de comunicação encriptados que Budanov lhe tinha dado, diz ele, para facilitar a passagem através de postos de controlo em território ucraniano controlado pela Rússia e a ligação com os comandantes do batalhão Azov.
 
Ficou chocado com a devastação que testemunhou neste breve passeio pela cidade - o seu primeiro de três - e documentou o cenário em vídeos e fotografias, que foram partilhados com a CNN. A CNN examinou os seus metadados, ou informações de arquivo, que se alinhavam com a hora e data das viagens de Kovalov. Um clipe filmado a partir de um carro, que mostra edifícios altos enegrecidos e lojas destruídas, foi geolocalizado para a Avenida Metalurhiv em Mariupol, utilizando outras imagens da rua disponíveis.

 

"Fomos bombardeados, alvejaram-nos com mísseis. Estávamos numa cidade completamente destruída. Uma cidade que foi praticamente arrasada da face da terra. Estávamos exatamente no coração da guerra", conta.

Para chegar até à fábrica, foi necessário implementar um cessar-fogo.
 
A 27 de Abril, Kovalov foi retratado numa fotografia que se assemelhava a uma cena de um filme de espionagem. A imagem captou Kovalov com Kryzhanovsky e o Tenente-General Andrey Sychevoy, do 8º Exército de Armas Combinadas da Distrital Militar do Sul da Rússia, sentados no meio da estrada à volta de uma pequena mesa.
 
Kovalov disse ter estado sentado todo o dia com o general, cuja alcunha é "Don". Sychevoy foi responsável por liderar o ataque a Mariupol, e consta que substituiu o Coronel Alexander Zhuravlyov após a fase inicial e vacilante da guerra; foi também sancionado pela UE pelas suas ações militares na Ucrânia.
 
A foto da reunião faz parecer que tudo estava calmo, disse Kovalov: "na verdade, estava tudo a explodir. Fizemos tudo para que ficasse calmo em Azovstal".
 
Os civis eram uma prioridade, os seus apelos desesperados e o agravamento da das condições de saúde tinham captado a atenção do mundo.
 
Kovalov desempenhou o seu papel na sua eventual libertação, dizendo à CNN que ajudou a convencer "o outro lado de que salvar, antes de mais, as crianças, as mulheres e os feridos, seria um ato de sanidade, um ato de humanismo".
 
No início de maio, as Nações Unidas e o Comité Internacional da Cruz Vermelha retiraram centenas de civis de Azovstal e de outras zonas da cidade portuária numa série de operações, que o Secretário-Geral da ONU António Guterres descreveu como "complexas". A 7 de Maio, a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vershchuk disse que "todas as mulheres, crianças e idosos" tinham sido retirados em segurança da fábrica de aço.
 
Mas os soldados permaneceram e os ataques russos à fábrica recomeçaram.

Oleksandr Kovalov, à esquerda, encontra-se com o Tenente-General Andrey Sychevoy, no meio, e o seu contacto no FSB, Valentin Kryzhanovsky, à direita, numa rua deserta em Mariupol no dia 27 de abril. Foto: cortesia de Oleksandr Kovalov


 
Kovalov regressou a Mariupol e à mesa de negociações no dia 9 de maio, celebrado como "Dia da Vitória" na Rússia. Desta vez, as negociações de ambos os lados começaram com melhores perspetivas, disse ele.
 
Por esta altura, Budanov tinha insistido para que os seus representantes estivessem presentes nas reuniões e destacou o adjunto de topo Dmitrii Usov. Os russos decidiram que também precisavam de subir a parada.Kovalov diz que não ficou surpreendido por ver os generais russos Alexseyev e Zorin na mesa de negociações. "Este processo foi contado como uma operação especial", fora da guerra, diz Kovalov. Estas conversações precisavam de um toque especial.
 
Christo Grozev, do grupo de investigação online Bellingcat, que tem acompanhado as actividades dos serviços de segurança russos e as suas operações no estrangeiro durante anos, disse que a presença de Alexseyev faz sentido. "Alexseyev é o homem da guerra da Ucrânia para o GRU. Ele está encarregue de tudo o que diz respeito à guerra", conta à CNN.
 
A CNN partilhou duas fotografias das reuniões com Grozev, e ele confirmou que as imagens parecem ser de Alexseyev e Zorin.
 
De acordo com Kovalov, Alexseyev faria pausas regulares nas negociações de 9 de maio para telefonar para Moscovo. Ele tinha uma "ligação direta por satélite" com o Ministério da Defesa russo, pensou Kovalov.
 
"Alexseyev está muito no topo da cadeia de comando", diz Grozev. "Penso que ele pode reportar diretamente a (Nikolai) Patrushev", o chefe do Conselho de Segurança da Rússia. Patrushev, por sua vez, reporta diretamente a Putin.
 
A CNN pediu ao Ministério da Defesa da Rússia um comentário sobre as negociações.

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“Um momento de confiança"

À medida que as negociações avançavam, foi organizada uma terceira visita a Mariupol e desenrolou-se uma das cenas mais notáveis desta guerra - um encontro entre generais russos que dirigiam a batalha sangrenta e os oficiais ucranianos que Moscovo retratou como "neonazis".
 
Na manhã de 16 de maio, Kovalov gravou um vídeo enquanto se aproximava de uma das entradas de Azovstal. Zorin e Alexseyev aparecem na caminhada até à fábrica devastada. Tubos de metal deformados e destroços estão espalhados pelo chão num dia de sol que noutras circunstâncias seria perfeito.

Kovalov fez parte de algumas negociações, incluindo um encontro entre as delegações russa e ucraniana levado a cabo numa das entradas de Azovstal. Foto: cortesia de Oleksandr Kovalov


 
Nos vídeos e imagens, a delegação russa é recebida por um grupo de pelo menos seis soldados ucranianos, incluindo o Tenente-Coronel Denys Prokopenko, chefe do Batalhão Azov, que Moscovo tem acusado regularmente de fazer parte da extrema-direita da Ucrânia, ou “movimento nazi”.
 
"Estes são os momentos que nos preocupavam mais", diz Kovalov. "Um momento de confiança. Fizemos tudo para que os dois lados se juntassem, olhassem nos olhos um do outro, os russos prometeram que haveria uma saída civilizada para os nossos soldados."
 
Kovalov disse que quando as negociações começaram a sério, os termos eram simples: os combatentes ucranianos deixariam de lutar, abandonariam a fábrica e seriam levados sob custódia russa.
 
"Aqui estavam as condições para um cessar-fogo mútuo, uma rendição civilizada de Azovstal, condições civilizadas para os nossos prisioneiros de guerra, e uma troca", diz ele.
 
O acordo foi implementado sem qualquer problema, diz Kovalov. Mais tarde nesse dia, os mais gravemente feridos foram removidos da fábrica em macas.
 
Nessa noite, o vice-ministro da defesa da Ucrânia anunciou que a retirada dos soldados ucranianos de Azovstal tinha começado. Hanna Maliar disse que 53 soldados feridos tinham sido levados para um hospital russo, e 200 tinham sido transferidos para um centro de detenção em Olenivka, na autoproclamada República Popular de Donetsk (RPD).

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Sair de Azovstal para as mãos dos russos

No dia seguinte, 17 de maio, por volta do meio-dia, um fluxo aparentemente interminável de soldados começou a sua procissão para o cativeiro - esqueléticos e pálidos, muitos em muletas ou macas, outros a coxear e alguns gravemente mutilados.

Kovalov disse que foi profundamente desagradável ver as tropas ucranianas nestas condições, mas isso também demonstrava a necessidade do acordo. "Eles exigiram ajuda, e nós fizemos tudo para lhes conseguirmos essa ajuda. Ao ver como deixaram Azovstal, percebi que os nossos esforços não tinham sido em vão."
 
Os vídeos mostraram os soldados, tanto homens como mulheres, a largarem as suas espingardas nas costas das camionetas de recolha e a tornarem-se imediatamente prisioneiros. Depois, foram enviados para o local acordado, Olenivka. Outros locais foram inicialmente abordados, de acordo com Kovalov, tais como a central nuclear de Zaporizhzhia, controlada pela Rússia, perto de Enerhodar, mas não havia lá espaço suficiente.
 
Kovalov conseguiu ter acesso aos soldados a 18 de maio na RPD. Aí, ele filmou as condições em que viviam, e os médicos que estavam à disposição para o tratamento deles. Esta foi a última vez que ele os viu.
 
Dois meses mais tarde, a 29 de julho, uma misteriosa explosão no centro de detenção de Olenivka deixou mais de 50 prisioneiros de guerra mortos, incluindo combatentes que se tinham rendido em Azovstal. A Rússia e a Ucrânia trocaram culpas pelo ataque mortal, tendo Moscovo acusado Kiev de utilizar um lançador de mísseis fornecido pelos EUA, conhecido como HIMARS (High Mobility Artillery Rocket System) para matar as suas próprias tropas, num ataque destinado a impedir os soldados de partilharem informações.
 
A Ucrânia negou veementemente as alegações, tendo o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky dito que tinha acontecido "um crime de guerra deliberado pelos russos". Uma investigação da CNN descobriu que a versão russa dos acontecimentos era muito provavelmente uma fabricação, e que não havia quase nenhuma hipótese de um foguete HIMARS ter causado os danos no armazém onde os prisioneiros se encontravam detidos.

Atualmente, cerca de 2.000 combatentes de Azovstal continuam presos em locais da RPD, mas a maioria está na Rússia, de acordo com Kovalov. Ele diz que ainda está a trabalhar para os levar para casa, talvez através de uma das trocas de prisioneiros que acontecem regularmente.
 
"Eles exigem ajuda, pedem-na através dos seus familiares. Estamos a planear e a fazer tudo para chegar até eles", diz ele.
 
Enquanto Kovalov disse que rapidamente entregou grande parte das negociações sobre Azovstal aos funcionários dos serviços secretos ucranianos, ele foi reconhecido pelo seu trabalho pelo governo.
 
Numa carta dirigida ao chefe do parlamento ucraniano, partilhada com a CNN por Kovalov, o chefe dos serviços secretos militares Budanov escreveu: "Kovalov prestou um apoio importante e inestimável à Direcção Principal dos Serviços Secretos do Ministério da Defesa da Ucrânia".
 
O legislador arriscou "pôr em perigo a sua própria vida e saúde, foi o único que acompanhou os defensores de Mariupol e Azovstal aos seus locais de detenção (...) o que em si mesmo é um grande ato", disse Budanov.

 

O gabinete de Budanov recusou-se a comentar os registos sobre o envolvimento de Kovalov, mas a Direcção Principal dos Serviços Secretos ucranianos, a GUR, confirmou que Dmitrii Usov participou nas conversações.
 
De volta ao seu gabinete, na véspera do aniversário da invasão russa da Ucrânia, Kovalov minimiza o seu envolvimento.
 
"Este é um sucesso para todos, não apenas meu. O mais importante nestas negociações é salvar a vida dos nossos combatentes, dos nossos heróis, como disse o nosso presidente: usar todas as oportunidades para salvar o nosso povo."
 
Esse sucesso tem nuances. Mariupol está sob controlo russo e a maioria dos combatentes de Azovstal continua prisioneiro de guerra, embora Kovalov diga que estão previstas novas conversações para tentar assegurar a sua libertação.
 
Ainda assim, Kovalov espera que a história de Azovstal, que se tornou indelével na memória nacional ucraniana pelo seu horror e escala, mostre que oportunidades de negociações entre as partes beligerantes – mesmo que estreitas – são possíveis.
 
"As pontes de comunicação funcionam, nem tudo está perdido nesta vida, ainda se pode ser um ser humano. Mesmo em guerra", acrescenta.
 
Ingrid Formanek, da CNN, e Victoria Butenko, em Kiev, contribuíram para este relatório

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