Há vida no mundo dos mortos: Zinga-Zinga, Princesa, Pintas e Marreco, os habitantes dos cemitérios de Lisboa
Gatos nos cemitérios, Cemitério dos Prazeres, Lisboa, 22 de março. Foto: Sofia Marvão

Há vida no mundo dos mortos: Zinga-Zinga, Princesa, Pintas e Marreco, os habitantes dos cemitérios de Lisboa

Texto
Carolina Baltazar

Fotografia
Sofia Marvão

Entre o silêncio dos jazigos e o peso do luto, há quem faça dos cemitérios de Lisboa a sua casa. São criaturas astutas, domesticadas apenas o bastante para receberem a comida e carinho dos cuidadores sem nunca esquecerem a natureza selvagem que lhes permite a sobrevivência no exterior.

Com doze anos, Josefina dormiu no Cemitério dos Prazeres. Na altura não era ainda D. Josefina, a estimada matriarca daquele espaço, mas uma menina que brincava entre mausoléus e criptas desde os cinco anos. O padrinho era coveiro, a madrinha limpava jazigos, e habituou-se desde cedo à companhia de aristocratas e artistas mortos: desde os duques de Palmela a Mário Cesariny, passando por Amália Rodrigues antes de a fadista ter ascendido ao Panteão Nacional. Nomes ilustres que souberam perdurar no mundo dos vivos através do culto da memória, materializado em flores de pedra, estátuas e crucifixos.

Conhecia bem os jazigos e quem os habitava, mas certo dia encontrou um particularmente simpático. Tinha uma alcatifa estendida à entrada, a convidar ao interior, e travesseiros bem macios em que jamais alguém se encostaria. Que mal faria? A pequena Josefina encostou-se e dormiu uma sesta. Foi acordada pela escuridão a bater nas janelas e um silêncio retumbante que não deixava margem para dúvidas - era de noite e estava só. Levantou-se e foi andando por uma rua sem fim de ampulhetas, tochas invertidas e sinais de vidas interrompidas que, no escuro, pareciam ainda mais sombrios.

De repente, a seus pés, algo que nunca tinha visto antes: centenas de pontos luminosos a flutuar placidamente. “Isto são as alminhas que andam por aqui, isto são as alminhas”, pensava Josefina, correndo sem fôlego até alcançar o sino que havia à entrada. Quando o guarda acorreu, a menina tropeçava nas palavras a explicar estas estranhas assombrações e a pedir para ser levada para casa. Em resposta, recebeu gargalhadas. Eram apenas pirilampos! – nada havia que temer. Foi a última vez que Josefina sentiu medo no cemitério.

Quando D. Josefina tinha 12 anos, acordou de uma sesta prolongada num recanto do cemitério já era noite. Foto: DR

“Ponha o gorro, D. Fina!” Quem passa pelos portões do Cemitério dos Prazeres, de entrada ou de saída, não resiste a espreitar para a salinha onde está a D. Fina - como a chamam carinhosamente - e perguntar se está tudo bem, se anda melhor de saúde, e insistir para que ponha o gorro roxo que acaba sempre nas mãos e não na cabeça. Todos a conhecem e estimam, mas sobretudo respeitam. “Têm pena, também, se calhar”, desabafa a D. Fina, num fio de voz.

Herdou a profissão da madrinha e dedicou 80 anos da sua vida ao sepulcrário: chegou a cuidar de mais de 100 jazigos e sabe histórias que jura levar para a sua própria sepultura. “Trabalhava muito, menina, mas também ganhava muito bem”, confidencia no seu jeito peculiar de contar histórias, com o rosto expressivo e um carisma quase adolescente nas sobrancelhas arregaladas ou nos risos que lhe nascem na barriga e dobram o corpo. Mas não gastava o dinheiro: guardava-o, guardava-o, e depois esbanjava-o nos gatos do cemitério.

Ainda em menina, antes de começar a ganhar o seu próprio dinheiro, “chegava ao pé das senhoras ricas e pedia: por favor, dê-me um tostãozinho”. É para um chupa, dizia, antes de saltitar até ao Mercado de Campo de Ourique ali a dois passos e comprar carapaus para os gatos. “Foi logo nessa altura que comecei a gastar dinheiro com eles”, conta. Mais velha, preparava refeições em casa e trazia “frango e panelas de esparguete” que depois lhes dava “ali atrás, no armazém”, para desagrado de alguns chefes e visitantes.

Criticavam os montes de comida que apareciam diariamente no chão e a população de gatos cada vez mais numerosa - na altura, sem campanhas de esterilização para prevenir as sucessivas ninhadas. “Mas eu queria lá saber. E ai daquele que fizesse mal aos gatinhos!”

O cemitério divide-se em duas colónias, uma perto da entrada e outra “ali ao fundo” - aponta com o dedo indicador para um manto a perder de vista de ciprestes e mármore branco. Devem ser cerca de 32 gatos, a maioria deles com uma antecessora comum. Há também casos de donos indignos do nome que vêm depositar os animais ao cemitério, sabendo que ali têm comida e uma guardiã incansável. Mas grande parte é filha de uma única gata, que D. Josefina viu nascer e que todos conheciam pela pose distintiva: a boca ligeiramente aberta e a cabeça a ondular para um lado e para outro como que ao ritmo de uma música que só ela ouvia. Era a Breakdance para alguns; D. Fina preferiu chamá-la de Zinga-Zinga. “Era aleijadinha, mas foi danada para fazer filhos!” Lança o gorro roxo para trás numa gargalhada.

No Talhão dos Artistas, no Cemitério dos Prazeres, estão sepultados alguns dos maiores nomes da cultura portuguesa
Entres os crucifixos, túmulos e jazigos, os habitantes felinos do cemitério encontram o seu descanso "terreno"

Já nasceram e desapareceram muitos gatos nas oito décadas que D. Fina passou no cemitério, mas a perda da Zinga-Zinga foi um golpe duro. Já sofria de anemia por trabalhar muito e comer pouco, “mas foi aí que comecei a piorar, não foi?” Vira-se para Fernanda, a filha, que ouve a conversa à distância e anui lentamente. “A mãe ficou muito preocupada porque não sabia em que condições é que a tinham levado, para onde tinha ido.”

Zinga-Zinga, uma gata idosa de vida e árvore genealógica bem preenchidas, caiu de uma árvore em outubro do ano passado e precisou de ser operada. Como tinha problemas neurológicos e idade avançada, já bem para lá dos 20 anos, acabou por não ser devolvida ao Cemitério dos Prazeres e iniciou uma nova vida num “asilo”. Já se adaptou à vida de reformada e até fez um novo amigo, o Silvestre, “mas sabe lá a menina o que foi para mim”, diz D. Fina, num murmúrio. “Aquela gata adorava-me”. E era provavelmente a sua preferida entre a centena que já passou por aquele cemitério, deixa-se implícito no ar.

Apesar de velhota e doente, Breakdance/Zinga-Zinga era “danada, danada mesmo” e continuou a procriar até ao último momento. Teve três bebés já no asilo, que foram devolvidos ao Cemitério dos Prazeres sem a mãe. É pena, comenta o coveiro Pedro Sousa (e o seu grande aliado aqui no cemitério, segreda-nos D. Fina). “Podia ser aleijadinha, mas era a gata que melhor tratava das crias”. Se os bebés vieram castrados ou não, isso ninguém sabe: “ainda temos de confirmar, para chamarmos a Casa dos Animais se for necessário”.

Com três novos gatos, e a possibilidade de se reproduzirem se não estiverem esterilizados, multiplicam-se também as despesas. Não da Câmara de Lisboa; nem sequer dos funcionários do cemitério. Há quem passe e leve as mãos ao rosto numa exclamação de “oh, que queridos!” e dê espontaneamente uma nota ou um saco de ração. São ajudas muito ocasionais e que não servem para alimentar mais de trinta bocas de dentes aguçados, habituadas a latas de patê da melhor qualidade.

Sai tudo do bolso de D. Fina, portanto. Nunca vai ao cinema, nunca vai ao teatro, nunca passeia. Tem filhos, netos e bisnetos, mas prefere guardar o dinheiro para as criaturas que só a têm a si. “Deus queira que ela dure muitos anos, mas um dia que ela não possa…” Pedro teme terminar a frase. “Até poderíamos ficar com um ou dois gatinhos, que também eu gosto deles. Se cada um contribuir com 50 cêntimos, conseguimos mantê-los. Agora assim…” Interrompe-se novamente, com o olhar baço enquanto pondera um futuro que, embora a boa disposição de D. Josefina faça parecer distante, será um dia inadiável.

D. Fina tira o gorro e brinca com o tecido entre os dedos. “Estou sempre a levar na cabeça, porque não como muito para poupar dinheiro. Dizem-me: Fina, um dia morres e não sabemos o que vai ser destes pobrezinhos. E sabe o que lhes respondo?” Inclina-se para a frente com uma mão a cobrir um dos lados da boca, porque partilhar o segredo demasiado alto pode trazer azar. “Vai-me sair o Totoloto.”

Princesa, Pintas e Marreco nasceram no Cemitério dos Olivais. E lá ficaram para sempre

Entre a paisagem do Cemitério dos Olivais, distingue-se uma figura escura ao longe. Uma gata preta boceja e espreguiça-se contra o mármore da campa onde dormitava, para logo se voltar a deitar quase teatralmente, de um só ímpeto, com a barriga exposta. Um convite de carinho e brincadeira ao visitante que não conseguirá resistir a deter-se por instantes e acocorar-se ali, num local de homenagem e luto, a afagar aquela pelugem negra como se tivesse sido esse o propósito da sua visita. Esqueçam as intempéries, a transitoriedade cruel da vida, parece dizer: deixem-se demorar aqui, nesta pequena eternidade.

Princesa, Pantera, Pretinha. É chamada por vários nomes, dependendo dos tratadores e da disposição do momento. Nome oficial não tem - em papel, é uma gata selvagem que fez do Cemitério dos Olivais lar e que depende de cuidadores e de associações de animais para se alimentar e receber cuidados veterinários sempre que necessário. Tem um chip que a identifica como um dos gatos silvestres ao cuidado da Casa dos Animais de Lisboa; a ponta da orelha esquerda foi parcialmente cortada para a assinalar como esterilizada. Não tem dono, isso é certo, mas a verdade é que também não é inteiramente silvestre.

Mantém-se nos limites do cemitério e alimenta-se da ração que recebe numa tigela (apesar de ocasionalmente caçar uma lagartixa ou um pássaro de poiso baixo). Conhece os cuidadores e roça-se nas suas pernas em gratidão pela comida e pelo carinho. Não conhece os visitantes, mas também os cheira e presenteia com uma turra simpática antes de se voltar a abrigar num banco, numa campa deserta, num qualquer buraco discreto que quase dá a impressão de portal para outro mundo.

"É demasiado amigável, talvez. Um dia ainda a levam", suspira Sónia Gomes, uma das colaboradoras do Cemitério dos Olivais, despejando um pouco de ração numa tigela e agitando-a para que os gatos, onde quer que estejam, ouçam o som familiar da comida seca. A Princesinha, como a chamam hoje, aparece com a gata irmã para a refeição da tarde. Não, não vai a lado nenhum: esta é a sua casa. Nasceu no Cemitério dos Olivais, e muito provavelmente ali morrerá.

Os cemitérios de Lisboa que albergam gatos fazem parte das mais de 1.400 colónias registadas pela Casa dos Animais de Lisboa

A mãe da Princesa chegou ao Cemitério há cerca de seis anos, grávida e em busca de um sítio tranquilo onde dar à luz. Como qualquer felino, mantém uma aura de secretismo - não se sabe de onde veio nem como era o pai, mas sabe-se que encontrou conforto naquele espaço amplo, a céu aberto, só taciturno para os humanos. Para gatos, é um pequeno paraíso. As pessoas escasseiam e, quando aparecem, vêm sozinhas ou em pequenos números - dirigem-se a destino definido, prestam homenagem, vão embora. Mas a recém-mamã, instintivamente programada para a proteção incondicional, até desses ocasionais visitantes desconfiava.

Encontrou a solução nas oferendas naturais do cemitério. Nos momentos de maior movimento, pegava nos filhotes pelo cachaço e só os largava entre os ramos de uma árvore, meio camuflados pelas folhas. Era onde dormitava a Princesa, uma versão minúscula e de pelo tão negro-corvo como a progenitora, enroscada entre os irmãos. Veio do ninho da mãe até aos braços dos humanos numa queda silenciosa - não se sabe como ou quanto tempo ali esteve, mas certo dia foi encontrada prostrada entre as raízes da árvore sem miar, mexer, ou abrir os olhos. “Foi o meu colega que a viu, e já estava preparado para a deitar no lixo”, conta Sónia Gomes. E foi então que se ouviu um miado débil.

Alguns gatos da ninhada ultrapassaram as fronteiras do cemitério e seguiram caminho, já crescidos, mas a Princesa e dois irmãos fizeram destas ruas lúgubres um lar eterno. A Pintas - com o nome devidamente justificado pelas manchas pretas pinceladas no pelo branco - é desconfiada e só se aproxima de quem sabe tratá-la bem, como Sónia a encher a taça da comida todos os dias à mesma hora. O outro, o único macho, é observador e mantém uma distância prudente dos humanos imprevisíveis - distância essa que tem toda a razão de existir. “Alguém lhe bateu no lombo e ele ficou um bocado corcunda. É por isso que o chamamos de Marreco”.

O cemitério dos Olivais tem três gatos, mas outros chegam a ter várias dezenas. Alto de São João, Ajuda, Benfica, Carnide, Olivais, Prazeres: os cemitérios de Lisboa que albergam gatos fazem parte das mais de 1.400 colónias registadas pela Casa dos Animais de Lisboa (CAL) e têm apoio assegurado na esterilização, desparasitação e rastreio de doenças infeciosas. É colocar uma guloseima no interior de uma gaiola, esperar que os gatos entrem de focinho farejante e já a lamber os beiços, e fechar a porta da armadilha.

Segue-se um internamento de três dias para as fêmeas, para o tratamento com antibióticos, e um dia para os machos, sujeitos a uma intervenção pouco intrusiva que dispensa um cuidado pós-operatório prolongado. “Quando estão a dormir, aplicamos a pipeta e também colocamos o chip. Aproveitamos estarem anestesiados para fazermos as maldades todas”, ri Ana Machado, coordenadora do programa de Captura, Esterilização e Devolução (CED).

Os gatos vêm e vão, de passagem assinalada pelo chip e pela marca nas orelhas. Já a alimentação é uma responsabilidade (e despesa) diária incumbida aos funcionários e colaboradores do cemitério. As Juntas de Freguesia e as associações locais contribuem se e quando podem, com o que podem - mas muitas vezes são as próprias cuidadoras a comprar a ração com o dinheiro do bolso e até a administrar a medicação disponibilizada pela CAL, se algum gato adoecer. Cuidadoras? “Geralmente são mais mulheres, sim. Talvez por terem mais paciência, serem mais sensíveis”, adivinha Sofia Baptista, a Chefe de Divisão da organização, com um sorriso enviesado. “E li que agora, quando são mais mulheres do que homens, já se usa o determinante as em vez de os”.

Porque escolhem os gatos os cemitérios?

Os cães deliciam-se com a companhia humana e rebolam, arfam, pulam para cima do dono à procura de atenção incessante. Os sinais de afeição nos gatos são mais subtis, em forma de ronronares e piscares de olhos que, apesar da subtileza, têm o mesmo significado: estão satisfeitos com a presença da criatura de outra espécie que os aborda. Não é que sejam menos carinhosos, defendem especialistas e estudos sucessivos - são apenas criaturas tranquilas. E procuram essa mesma tranquilidade nos espaços onde moram.

Os cemitérios são uma enorme casa sem teto, plantados na cidade de Lisboa mas sem o ruído da circulação rodoviária e perigos citadinos. Se surpreendidos por uma cerimónia fúnebre ou visitas mais numerosas, lá vão os gatos pelos corredores labirínticos de campas lisas ou jazigos espaçosos, estreitando-se entre as grades e escondendo-se no interior. “E, com a garantia de alimentação, também são as cuidadoras que fidelizam os animais”, acrescenta Sofia Baptista. Sónia Gomes concorda: “Só querem estar no seu cantinho, a descansar. É uma vida de gato”.

Nem todos apostam numa explicação tão simples. Desde os tempos do Antigo Egito que algumas civilizações - incluindo a egípcia, persa e finlandesa - veem no gato uma criatura sagrada, de sensibilidade divina e sexto sentido infinitamente apurado. Na Idade Média, eram considerados fiéis aliados das “bruxas” na conspiração de esquemas malévolos, com os seus hábitos notívagos e olhos intensos que não perdiam o brilho mesmo na escuridão. No século XXI, muito depois de terem sido domesticados, perpetua-se o mito do gato como agente intermediário do oculto e feitiçaria com relatos de animais que parecem pressentir a morte.

“Aqui na cidade tratam os gatos de forma diferente”. Adelaide de Almeida, colaboradora do cemitério dos Olivais, franze o nariz e olha de soslaio para as duas cabeças pequeninas que se debruçam sobre o comedouro. O Marreco vinha juntar-se às irmãs, mas deixou-se ficar sentado numa campa ao ver que a cuidadora tinha visitas. “Na aldeia, conta-se outro tipo de histórias”.

Adelaide não quer elaborar. Contaram-lhe lendas sobre o lado imprevisível dos gatos, e outras testemunhou com os próprios olhos, mas não quer alongar-se neste tema. Porque são histórias “horríveis, medonhas”, porque não tem bem a certeza se a maioria delas são verdadeiras ou lendas rurais. Porque já se afeiçoou aos gatos e encara-os com um misto de carinho e cautela: “são muito queridos, muito ternurentos, mas nunca se pode confiar totalmente num gato”.

Há um lado positivo a esta associação com a bruxaria - como a crença de que os gatos, seres que caminham entre nós com uma pata em cada mundo, absorvem as energias negativas e ajudam a purificar o ambiente. “Se o fazem ou não, isso não está cientificamente provado”, refere Sofia Baptista, da Casa dos Animais de Lisboa, recuperando algum realismo. “Mas acredito que até deixem as pessoas mais tranquilas em cemitérios por serem uma companhia simpática: fazem o ronrom, deixam dar festinhas…” Ana Machado continua o raciocínio: “As pessoas vão tristes e chorosas, e depois veem os gatinhos e sentem alguma paz no meio da desgraça”.

A Princesa espreguiça-se após a refeição e prepara-se para uma sessão de manutenção do pelo, começando pelas patas da frente. A Pintas termina pouco depois e junta-se à irmã na rotina partilhada. Com o escurecer da tarde e dos caminhos de campas, jazigos e gavetas mortuárias, o cemitério parece desconvidar os humanos que ainda lá resistem. Adelaide segura nas grades do portão e prepara-se para declarar o dia por encerrado, sob o olhar atento do Marreco ao longe. Durante o dia, os gatos partilham o espaço que os viu nascer com visitantes, cuidadores e coveiros. À noite, é um reino exclusivo aos três.

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