Putin adverte que russofobia é “primeiro passo para um genocídio” na Ucrânia

Agência Lusa , PF
9 dez 2021, 22:08
Vladimir Putin, presidente da Rússia

Declarações surgem numa altura em que o Ocidente acusa Moscovo de ter colocado milhares de soldados perto da fronteira com o país vizinho

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou esta quinta-feira que a russofobia entre a população no leste da Ucrânia, área atualmente no centro de novas tensões entre Moscovo, Kiev e o Ocidente, é um “primeiro passo para o genocídio”. 

“Devo falar da russofobia como um primeiro passo para o genocídio. Isso é o que está a acontecer atualmente em Donbass. Podemos ver, nós sabemos disso”, respondeu Putin ao jornalista russo-ucraniano Kirill Vyshinsky, que lhe perguntou se iria introduzir as noções de “genocídio” e “incitamento ao genocídio” na lei russa.

"A russofobia”, retorquiu o presidente russo, “claro que parece o genocídio de que falou”.

Vyshinsky, preso em 2018 e 2019 na Ucrânia, disse que “os falantes de russo e membros do povo russo” no Donbass vivem em “condições de vida insuportáveis”, comparando a situação aos crimes do Holocausto.

As declarações de Putin, feitas no final de uma reunião com o Conselho Presidencial de Direitos Humanos, surgem numa altura em que o leste da Ucrânia está mais uma vez no centro de grandes tensões internacionais, com o Ocidente a acusar Moscovo de ter reunido dezenas de milhares de soldados com vista a um possível ataque ao país vizinho.

Situado no sudeste da Ucrânia, o Donbass engloba a bacia do rio Donets e integra uma região histórica, geográfica e cultural do extremo leste do país, onde o conflito começou algumas semanas após a anexação da península da Crimeia pela Rússia.

Em 2015, Putin já havia afirmado que a recusa das autoridades ucranianas em entregar gás às regiões separatistas do leste fazia pensar num “genocídio”. 

Quatro anos depois, argumentou que a tomada desses territórios por Kiev poderia levar a uma situação semelhante ao genocídio de Srebrenica em 1995 na Bósnia.

Ao longo dos sete últimos anos, a região da Crimeia foi dilacerada por uma guerra entre Kiev e separatistas pró-Rússia, conflito que deixou mais de 13.000 mortos.

A solução política do conflito, prevista pelos acordos de Minsk de 2015, está num impasse. 

A Rússia é considerada o principal apoio militar e financeiro dos rebeldes, apesar de rejeitar as acusações.

As autoridades e a imprensa estatal da Rússia acusam regularmente Kiev de alimentar o conflito, seguindo uma política discriminatória contra as populações de língua russa, que o Governo ucraniano também rejeita. 

Terça-feira, num encontro por videoconferência com Putin, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ameaçou a Rússia com “fortes sanções económicas” no caso de um ataque a Kiev.

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