Donald Trump oficialmente intimado a depor sobre invasão ao Capitólio

CNN Portugal , (atualizado com Lusa às 21:00)
21 out 2022, 19:01
Apoiantes de Trump ignoram o distanciamento e protestam junto ao Congresso

De acordo com uma fonte próxima do caso, o antigo chefe de Estado norte-americano estará a analisar a resposta à intimação, juntamente com a sua equipa jurídica, pelo que ainda não é certo se vai cumprir com a ordem

Donald Trump foi oficialmente intimado a depor sobre a invasão ao Capitólio, que decorreu a 6 de janeiro de 2021, avança a imprensa internacional, que cita a Comissão da Câmara dos Deputados dos EUA. O painel de nove membros que está a investigar o ataque emitiu uma carta aos advogados do ex-chefe de Estado, exigindo o seu testemunho sob juramento até 14 de novembro.

Os deputados dizem que Donald Trump é a "principal causa" de um esforço coordenado e de várias partes para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020, que deram a vitória a Joe Biden. “Reconhecemos que uma intimação a um ex-presidente é uma ação significativa e histórica”, escreveram o presidente da comissão, Bennie Thompson, e a vice-presidente, Liz Cheney, na carta dirigida a Trump.

A comissão disse ter enviado esta sexta-feira uma intimação a Donald Trump numa tentativa de tentar obrigar a que o antigo chefe de Estado norte-americano preste depoimentos sob juramento e forneça todos os documentos na sua posse. Nesta intimação, a comissão ordena que Trump entregue os documentos até 4 de novembro e faça "um ou mais dias de depoimentos a partir de 14 de novembro”. 

Ainda não é claro se Trump vai cumprir a intimação, mas, com esta ação, a comissão que está a investigar o ataque de 6 de janeiro deixa clro que pretende obter informações diretamente de Trump.

“Tal como demonstrado nas nossas audiências, reunimos evidências contundentes, inclusive de dezenas dos seus ex-nomeados e funcionários, de que [Trump] orquestrou e supervisionou um esforço de várias partes para derrubar a eleição presidencial de 2020 e obstruir a transição pacífica de poder", pode ler-se no documento daquela comissão, citado pela CNN Internacional.

De acordo com uma fonte próxima do caso, o antigo chefe de Estado norte-americano estará a analisar a resposta à intimação, juntamente com a sua equipa jurídica, pelo que ainda não foi tomada uma decisão final. Trump pode concordar ou negociar com a comissão, anunciar que vai desafiar a intimação ou ignorá-la. Pode ainda ir para tribunal e tentar impedi-la.

A intimação é a mais recente e significativa evolução na investigação de 15 meses da comissão que investiga o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, colocando os membros do painel em confronto direto com o principal ator do caso após depoimentos de assessores e aliados.

A comissão escreve na carta que reuniu “provas esmagadoras” de que Trump “orquestrou pessoalmente” um plano para reverter a sua derrota nas eleições presidenciais de 2020, inclusive a disseminação de alegações falsas de fraude eleitoral generalizada, “tentando corromper” o Departamento de Justiça e pressionando autoridades estaduais, membros do Congresso e o seu próprio vice-presidente para tentar mudar os resultados.

No entanto, os congressistas dizem que permanecem ainda desconhecidos detalhes importantes sobre o que Trump estava a fazer durante a invasão ao Capitólio.

De acordo com a comissão, a única pessoa que pode preencher as lacunas é o próprio Trump.

O painel – composto por sete democratas e dois republicanos – aprovou a intimação para Trump numa votação surpresa na semana passada. Todos membros votaram a favor.

Mais de 850 pessoas foram acusadas pelo Departamento de Justiça no ataque ao Capitólio, com algumas a serem condenadas a longas sentenças de prisão. Vários líderes e membros dos grupos neofascistas Oath Keepers e Proud Boys foram acusados de sedição.

Trump enfrenta várias investigações estudais e federais sobre as suas ações nas eleições.

A anterior sessão pública da comissão, a 10.ª e apenas algumas semanas antes das eleições intercalares, investigou o “estado de espírito” de Trump, disse o democrata Bennie Thompson.

A comissão está a começar a resumir as suas conclusões de que o republicano Trump, após perder as eleições presidenciais de 2020, tentou impedir que o Congresso certificasse a vitória do democrata Joe Biden. O resultado foi a invasão ao Capitólio por manifestantes pró-Trump.

A comissão pode tomar uma decisão sobre fazer uma referência criminal ao Departamento de Justiça, embora Cheney tenha referido que o trabalho do painel não era tomar decisões de acusação.

Várias pessoas que estavam entre os milhares que invadiram o Capitólio estão agora a concorrer a cargos no Congresso, algumas com o apoio do ex-Presidente republicano.

Na audiência da semana passada, polícias que tentaram deter a multidão em 06 de janeiro de 2021 preencheram a primeira fila da sala de audiências.

E.U.A.

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