Em entrevista à revista The Economist, o ex-estratega presidencial afirma que integra uma equipa responsável por delinear um plano para contornar a Constituição e adianta: “Trump vai ser presidente em 2028 e as pessoas devem simplesmente acostumar-se a isso"
“Trump vai ser presidente em 2028 e as pessoas devem simplesmente acostumar-se a isso.” Quem o garante é Stephen K. Bannon, podcaster pró-Trump que foi estratega-chefe da Casa Branca durante alguns meses no primeiro mandato de Donald Trump e que, em 2019, foi condenado por fraude.
Numa grande entrevista à revista The Economist, na qual aborda o que o movimento Make America Great Again (MAGA) está a tentar criar e se os EUA correm o risco de mergulhar numa guerra civil, Bannon afirma que Donald Trump precisa – e vai conseguir – um terceiro mandato presidencial nas próximas eleições à Casa Branca, sugerindo que existe “um plano” para garantir que isso aconteça, plano esse que está já a ser desenvolvido por uma equipa que o próprio integra.
O objetivo, como já sugerido anteriormente por outros apoiantes da atual administração e pelo próprio presidente Trump, é encontrar uma forma de contornar a 22.ª Emenda da Constituição, que dita que “nenhuma pessoa pode ser eleita para o gabinete da presidência mais do que duas vezes”, independentemente de os mandatos serem ou não consecutivos.
“Na altura apropriada, iremos anunciar qual é o plano”, diz Steve Bannon na mesma entrevista, sem entrar em detalhes. “Mas há um plano”, adianta, até porque Trump é um “instrumento da vontade divina”.
As declarações de Bannon surgem meses depois de Trump ter insinuado publicamente a ideia de se candidatar a um terceiro mandato presidencial em 2028, uma possibilidade que até legisladores republicanos encaram como uma brincadeira provocatória do presidente, e não como um objetivo real.
Não está claro se Bannon entrou ou está em contacto com Trump ou com os seus assessores a propósito desta ideia. Confrontada pelo New York Times, a Casa Branca não respondeu ao pedido de comentário.
Bannon não trabalha na Casa Branca de Trump desde 2017 e é conhecido por ser um provocador, tendo sido condenado em fevereiro por defraudar doadores que queriam contribuir para a construção de um muro na fronteira sul dos EUA com o México.
Apesar de continuar a apoiar o presidente, Bannon nem sempre está em sintonia com ele, tendo recentemente questionado decisões da administração como a campanha militar contra suspeitos de tráfico de droga nas Caraíbas, e criticado o fim da investigação aos ficheiros Jeffrey Epstein, o milionário pedófilo cuja amizade com Trump tem sido desmentida pelo líder norte-americano.
Mesmo assim, o podcaster mantém uma influência considerável junto da extrema-direita populista dos EUA, tendo sido uma das vozes mais poderosas do coro que alimentou e amplificou a ideia de que as presidenciais de 2020 foram roubadas a Trump — uma mentira que culminou no famigerado ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, pouco antes de o democrata Joe Biden tomar posse.