Trump diz que “não há muito a dizer” sobre Taiwan antes de reunir com Xi Jinping

Agência Lusa , AM
29 out, 06:26
Donald Trump e Xi Jinping

Encontro vai decorrer à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na cidade sul-coreana de Gyeongju

O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que não sabe se vai discutir a situação de Taiwan com o homólogo chinês, Xi Jinping, desvalorizando o tema na véspera do primeiro encontro entre ambos desde 2019.

“Não tenho a certeza se vamos falar sobre Taiwan. Talvez ele pergunte, mas não há muito para dizer. Taiwan é Taiwan”, disse Trump aos jornalistas, a bordo do Air Force One, durante o voo entre o Japão e a Coreia do Sul.

O encontro vai decorrer à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na cidade sul-coreana de Gyeongju.

Desde o regresso à Casa Branca, no início do ano, Trump adotou uma postura ambígua face ao futuro da ilha, que considera ter “roubado” à indústria norte-americana a produção de semicondutores. O dirigente norte-americano sublinhou, contudo, que a sua administração está a devolver essa capacidade produtiva aos EUA.

Taiwan, onde está sediada a TSMC – maior fabricante mundial de ‘chips’ –, é considerada por Pequim parte inalienável do território chinês. A questão costuma integrar a agenda dos encontros de alto nível entre responsáveis chineses e norte-americanos.

Nos últimos dias, analistas sugeriram que Xi poderá tentar obter concessões em relação a Taiwan, aproveitando a vontade de Trump em alcançar um acordo para conter a guerra comercial. No entanto, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, garantiu que Washington não vai abandonar Taipé.

Trump tem evitado comprometer-se com uma eventual defesa militar da ilha em caso de invasão chinesa, ao contrário do seu antecessor, Joe Biden, que reiterou esse compromisso em várias ocasiões.

O atual Presidente impôs tarifas de 20% sobre produtos taiwaneses e, segundo a imprensa norte-americana, terá impedido o chefe de Estado de Taiwan, William Lai, de fazer escala nos EUA em agosto passado.

Taipé deteta aumento da atividade militar chinesa na véspera de reunião

Vinte e cinco aeronaves militares chinesas sobrevoaram as imediações de Taiwan nas últimas 24 horas, a terceira maior incursão diária este mês, na véspera do encontro entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo chinês, Xi Jinping.

No relatório diário, o Ministério da Defesa Nacional de Taiwan informou que os aviões chineses, incluindo caças e bombardeiros, operaram entre as 06:00 de terça-feira (22:00 de segunda-feira, em Lisboa) e as 06:00 de hoje (22:00 de terça-feira, em Lisboa), sem entrar no espaço aéreo da ilha.

Segundo o ministério, 23 das 25 aeronaves cruzaram a linha média do estreito de Taiwan e entraram nas zonas norte e sudoeste da autoproclamada Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) da ilha.

"As Forças Armadas da República da China [nome oficial de Taiwan] acompanharam a situação e mobilizaram aviões de patrulha, navios da Marinha e sistemas de mísseis costeiros em resposta às atividades detetadas", indicou o comunicado.

Os movimentos ocorrem na véspera da reunião bilateral agendada para quinta-feira, em Gyeongju, Coreia do Sul, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na qual os líderes norte-americano e chinês deverão abordar, entre outros temas, a situação no estreito de Taiwan e a guerra comercial.

Mas o Presidente norte-americano deu a entender hoje que poderá não discutir o tema com Xi Jinping. “Não tenho a certeza se vamos falar sobre Taiwan. Talvez ele me pergunte, mas não há muito para dizer. Taiwan é Taiwan”, afirmou a bordo do avião presidencial Air Force One, a caminho da Coreia do Sul.

Segundo analistas, Pequim poderá tentar obter concessões sobre Taiwan, aproveitando a pressa de Trump em alcançar um acordo comercial, embora o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, tenha procurado tranquilizar Taipé.

De acordo com a agência de notícias CNA, o diretor do Conselho de Segurança Nacional de Taiwan, Tsai Ming-yen, garantiu hoje que, caso o tema entre formalmente na agenda da cimeira, os assessores norte-americanos prepararão previamente os “pontos-chave” da posição dos EUA para que Trump a exprima “de forma adequada”.

Tsai sublinhou ainda que a comunicação entre Taipé e Washington “tem sido fluida” e que os EUA informarão Taiwan, através dos canais diplomáticos apropriados, sobre o desenrolar da reunião.

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